Estamos prestes a comemorar os 50 anos do 25 de Abril e é importante termos presente que alguns dos desígnios de Abril continuam por cumprir, ao longo destes 50 anos temos assistido à promiscuidade entre os negócios e a política e à falta de dignidade na causa pública onde a corrupção continua a imperar.
O País está enxameado de corruptos, não podemos permitir que continue a reinar o clima de impunidade vigente, é hora de combater a corrupção, sem dó, nem piedade!
O nível salarial dos Portugueses permanece baixo, os mais velhos têm sido esquecidos, a classe média está a extinguir-se, as forças de segurança são maltratadas, as forças armadas vão perdendo reputação e a crise na Escola Pública é hoje uma realidade preocupante que urge combater.
Uma das maiores conquistas de Abril, está em colapso e necessita de medidas urgentes que evitem um desfecho indesejável, falo-vos do Serviço Nacional de Saúde. Ainda não temos igualdade no acesso à saúde, quem tem dinheiro ou a sorte de ter um seguro de saúde é privilegiado, quem não tem resigna-se a esperar demasiado tempo por uma consulta, exame ou cirurgia.
A inércia na justiça é incompreensível, sendo um pilar fundamental da nossa democracia, não pode continuar a funcionar de forma tão lenta e ineficaz. É inaceitável que um comunicado lançando uma suspeita sobre o 1º Ministro, sem que o próprio seja ouvido ou conheça o processo, provoque a queda de um Governo e consequentemente o cenário de instabilidade política que vivemos atualmente.
A crise na habitação é uma triste realidade, se é verdade que um dos sonhos de Abril era que todos os Portugueses tivessem direito a habitação, passados 50 anos, a habitação é um dos principais pesadelos da nossa sociedade. Em 2024, muitos Portugueses estão ou vão ficar sem um teto para viver…
A pobreza tem-se combatido com subsídios, em vez de oportunidades que permitam às pessoas melhorar a sua vida por mérito próprio. A maioria das pessoas não necessita de viver de esmolas do Estado, necessita é de apoio temporário e ajuda na integração no mercado de trabalho.
Os jovens promissores emigram, porque o nosso País não lhes dá o justo valor e reconhecimento e assim vamos perdendo gente altamente qualificada e formada cá, que seria uma mais valia para o desenvolvimento do nosso País.
A inclusão das pessoas portadoras de deficiência também é demasiado deficitária para uma sociedade que atinge meio século de democracia. Reparem que no contexto político não se ouve qualquer referência a este problema que existe e não pode continuar a ser ignorado ou menorizado por pequenas iniciativas como comemorações de dias que assinalam algumas dessas deficiências. É necessário priorizar os problemas relacionados com as pessoas portadoras de deficiência, caso contrário, continuaremos a viver numa democracia deficitária.
Necessitamos de políticos honestos e competentes com vontade de servir Portugal, encarando o exercício das funções governativas como uma missão de serviço publico transitório e não como modo de vida. É urgente correr com os politico-dependentes e com as clientelas partidárias que gravitam à volta do Estado, têm sido uma praga difícil de eliminar.
Passaram 50 anos, tivemos vários governos de direita e de esquerda que desgovernaram e hipotecaram o desenvolvimento do nosso País, não podemos continuar nessa senda desastrosa, urge, de uma vez por todas, procurar-se alternativas que invertam este rumo.
O descontentamento dos Portugueses é visível e o voto de protesto tornou-se uma realidade com expressão significativa que deve impor uma reflexão profunda aos partidos políticos do arco da governação. Mais do que hostilizar quem representa muitos dos eleitores descontentes, é fundamental recuperar-se a confiança das pessoas e isso só é possível com atos que façam a diferença pela positiva.
É urgente uma mudança de paradigma na política portuguesa, os vícios estão de tal forma enraizados que só com medidas duras para quem prevarica e muita pedagogia com os mais jovens na Escola é que se pode inverter a realidade atual que já se tornou um problema cultural.
São realmente tempos difíceis e desafiantes os que vivemos!
Mas valerá sempre a pena lutar pela democracia, pela liberdade e por um Portugal mais próspero e justo para todos, cumprindo assim Abril.
Fernando Camelo de Almeida