Edgard Miranda. ‘A minha ida ao cinema é quase como entrar num templo, é sagrado’

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Já conta 36 anos de carreira, 16 deles na Globo e 17 na Record. Recentemente, voltou a Portugal para realizar e dirigir o projeto Cacau (TVI) que tem sido líder de audiências e do qual está muito orgulhoso. A sua infância foi passada no set de filmagens da Globo já que a sua mãe foi a produtora de vários êxitos brasileiros. Apaixonou-se por cinema e, em todos os seus trabalhos, tenta transportar essa atmosfera para a televisão. Edgard Miranda ama o que faz e isso nota-se.

A sua mãe, Maria Alice, foi uma das grandes produtoras da Globo. Aliás, foi a primeira mulher a trabalhar com produção. Em que medida isso influenciou o seu trabalho? Com 7 anos eu já estava indo para o set de filmagens e, na verdade, eu achava tudo insuportável. Porque a gente vê as cenas prontas em casa, mas ali, temos a noção de como tudo demora. Ao mesmo tempo, também era fascinante. Por ser a TVGlobo era como se eu estivesse na Hollywood brasileira. Tudo era grandioso. Lembro-me de ir ao set de filmagens do Roque Santeiro e ver todas aquelas cenas do lobisomem e do cemitério. Havia uma mística ali, uma grande magia. Convivi com isso desde pequeno, porque a minha mãe realmente fez todos os grandes sucessos que você possa imaginar… E eu ia acompanhando. Na época, nem toda a gente tinha acesso a isso, por isso, era uma sensação de estar quase na Disney.

Então já nessa altura sentia a importância da profissão da sua mãe… Sim! Sentia! Sabia bem a importância dela. Lembro-me que quando ela lá entrava diziam: «Chegou a toda poderosa!». (risos) Era um cargo de grande responsabilidade, até porque era a primeira mulher na área. Era quem decidia quem seriam os atores, onde se ia gravar… Naquela época era a fase de ouro da Globo. O que se sonhava, acontecia. Ninguém estava preocupado em economizar tostões.

A sua infância foi, por isso, rodeada de arte. Quais as memórias que mais ficam dessa infância? Sim! A minha infância foi muito boa. Teve esse lado da arte, com a televisão… Mas o meu pai trabalhava com Direito, com importação e exportação de petróleo…

Duas áreas muito distintas… Totalmente! (risos) Mas ele era muito culto e interessado. Era engraçado. Ao mesmo tempo que o meu pai se interessava por arte, a minha mãe tinha o outro lado mais pop. Lembro-me que ele detestava esse lado da televisão. Quando as pessoas começavam na televisão, no Brasil, não tinham uma formação. A minha mãe tinha vindo de propaganda. A pessoa chegava e aprendia ali, no set. Lembro-me de quando comecei a estagiar que era o único que tinha faculdade. Então era uma coisa meio complicada, porque misturava-se esse lado da arte mais intelectualizada – da parte do meu pai -, com o pop – da minha mãe. Ela também se formou em jornalismo. Eram dois mundos diferentes.

E como é que o Edgard era em criança? Eu era muito tímido. A coisa que me deu uma quebra nessa timidez foi a história da música…

Quis ser músico? Queria! Queria muito ser músico! Graças a Deus minha mãe me salvou! (risos) Ela dizia: «Meu filho, com esse talento você vai acabar numa churrascaria!». (risos) Isso foi fundamental para mudar o meu rumo… Só andava com as pessoas do meio musical, ia a todos os festivais… A minha mãe começou a ficar preocupada! Um belo dia disse: «Acabou essa história da música!». Levou-me a uma Ralph Lauren da vida e mudou-me o figurino. Já não podia andar só de preto! (risos) Eu fiquei meio: «Se calhar a história da música não vai mesmo rolar». Eu queria ir a bons restaurantes, estava a aprender as coisas boas da vida, sabe? Comecei a ver que isso custava caro! Ficar só com a mesada já não dava, eu tinha de começar a fazer alguma coisa. Um dia, a minha mãe me levou a um festival de cinema e estava passando o filme Gémeos – Mórbida Semelhança, do David Cronenberg, com Jeremy Irons como protagonista. Foi mesmo nesse momento que eu percebi que queria fazer isso!

Porquê esse click? Foi um soco no estômago. Falei: «Mãe, eu quero fazer isto!». Aquela história dos dois irmãos gémeos, ginecologistas que não se conseguem separar… Moram juntos, namoram as mesmas mulheres. Eles próprios desenhavam os instrumentos e começaram a pirar. O filme é uma loucura. O final é maravilhoso. Foi uma porrada tão grande para mim… E foi aí que tudo começou. Minha mãe falou: «Ok! Então você vai começar a estagiar na TVGlobo! Mas acabaram os festivais, as viagens!». Nessa altura não havia «o cuidado com a hora extra». As pessoas trabalhavam sábado, domingo e feriados. Era pago! Era uma grana muito boa. Comecei a estagiar na novela Pedra sobre Pedra, que foi um grande sucesso. Minha mãe também era produtora! O Luiz Fernando Carvalho foi o primeiro cara na televisão a fazer cinema e eu me apaixonei por isso.

Então onde entra a formação em Jornalismo e Marketing? Eu tive de fazer a faculdade. Os meus pais sempre quiseram isso. Na altura, só havia duas faculdades de cinema: uma com os melhores professores, mas sem equipamentos, outra com equipamentos mas sem os professores. Ao mesmo tempo, essa coisa do cinema restringe. Imagina que não dava certo… Então a história do jornalismo vem daí. Tinha de me formar. Eu gostava da área, tinha coisas boas para absorver.

O que é que mais o fascina no cinema? O cinema é transformador, formador de caráter! Tinha uma época em que eu assistia quatro filmes por dia! Já cheguei a ter em casa mais de cinco mil filmes! Agora diminuíram com as ex-mulheres. Elas jogavam fora, levavam…. Sempre tinha uma história triste! (risos) Mas é uma coisa que eu não consigo ficar sem! Sempre que eu posso eu compro. É a minha referência de pesquisa. Adoro chegar para um ator e dizer: «Vê esse filme aqui! Toma atenção a este personagem que pode ser uma referência para a novela!». Gosto de ter essa referência, meter a equipa toda a assistir o mesmo filme. O cinema é a última grande arte. A televisão também está nisso! Lá no Brasil há um respeito muito grande pela televisão. Aqui em Portugal já há gente que considera a televisão um semi-produto. Os pais da minha ex-mulher – que é portuguesa -, não gostavam que ela fosse atriz. Não era um motivo de orgulho… Cada vez que eu olho o meu Imdb eu fico muito contente. Vejo os meus trabalhos como filhos! Tenho muito orgulho. A minha ida ao cinema é quase como entrar num templo: é sagrado. Quando vejo pessoal falando, desrespeitando aquele momento, é muito complicado!

E o que é para si um bom filme? Quando eu vejo um filme e eu não estou vendo a parte técnica, é aí que o filme me pega. Se eu começo olhando e vejo a decupagem do filme: «Ah! Foi usado assim… Com este movimento de câmara… Estas sequências», perde o encanto. Tenho de conseguir entrar na história, estar mesmo ali dentro. Nesses momentos eu consigo me desprender do diretor e realizador.

Como é que é transpor os ensinamentos deste género para televisão? Agora na novela Cacau, por exemplo, optámos pela lente fixa, evitar trabalhar com aquelas lentes zoom que todo o mundo usa em televisão, a maneira de captar, de enquadrar, a fotografia… A grande maioria das novelas aqui é aquela coisa aberta, sem contraste, quase sempre os mesmos planos. Você consegue mudar essa cara se quiser, colocar o espetador ali dentro. É isso que o espetador quer hoje em dia. E também acho que temos de ter cada vez mais respeito pelos espetadores. Porquê? Porque já não são enganados. Com esta história toda do streaming, das pessoas terem acesso a tudo e mais alguma coisa, se você em televisão aberta não der qualidade, ele não vai assistir. Hoje você não consegue fazer uma sequência de ação mal feita. O público não aceita isso. A gente tem de fazer tudo muito bem! Na Cacau acho que foi isso que aconteceu. As pessoas ficaram pensando: «Caraca, que imagem é esta?». É diferente! O cinema, por ser uma coisa mais artesanal, sempre tem um cuidado maior. Na televisão havia esse descuido e eu acho que, pelo menos no Brasil, desde os anos 90 a coisa mudou muito. Para melhor! Até à maneira de atuar. Perdeu-se aquela coisa teatral. Pegou um tom mais naturalista. Tudo ganhou tom e uma seriedade muito maior!

Os portugueses sempre gostaram muito das telenovelas brasileiras… Acho que tem exatamente a ver com esse rigor e cuidado. O problema é esse… A gente não pode comprar aquela história de: «Pelo peixe que é, o molho está muito bom!». Não… Dá para fazer coisas muito boas. O que me deixava mais louco aqui era o grande desrespeito pela imagem. Para mim, um dos melhores fotógrafos do mundo é o Eduardo Serra, português! Pensava: «Será que ninguém chegou perto dele e quis aprender?». O cara dá oficinas, workshops… Os diretores podiam aprender com quem sabe. Fazer mal feito e bem feito dá trabalho da mesma maneira!

Depois de vários trabalhos no Brasil, em 2001, veio trabalhar na série dos ‘Maias’. Acabou depois por ser promovido. Como foi essa primeira experiência no país? Numa outra entrevista já disse que foi tudo muito exigente e pensado ao pormenor… Foi! Essa série, se você assistir hoje, ela não ficou datada. Parece uma produção da BBC. Uma coisa assim calma, tudo à luz da vela, super pausado. Hoje a gente para gravar uma externa, faz no mínimo 12 cenas. Você vai para um estúdio, são 35. Nos Maias a gente saia para fazer uma cena e não voltava com ela inteira! (risos) Era a luz, o tempo, o movimento de câmara… Era tudo de uma elegância.

E sobre os figurinos… Também revelou numa entrevista que iam às 3 da manhã para o Campo Pequeno vestir os figurantes ao pormenor! É verdade! A gente tinha de ter, para o local, 25 mil pessoas. Na altura, nós não tínhamos essa computação gráfica. Por isso, pegávamos 5 mil e íamos deslocando para juntar os 25 mil. Eu me lembro que às 3 da manhã ia junto com a Yurika Yamasaki, diretora de arte, para vestir os figurantes com requinte. A roupa de baixo, que não se via, era de época. Era feito com esse esmero!

Foi a primeira vez que veio a Portugal… Na altura ainda havia escudos. (risos) Fiquei apaixonado pelo país. Foi uma química muito grande. E o projeto foi uma co-produção da Globo com a RTP. Uma equipa sensacional, ainda hoje tenho fotos na minha casa com eles. Pensei que um dia gostaria de vir trabalhar para aqui. No Brasil não tinha Fnac. A gente acabava de gravar ia comprar CD’S, DVD. Virou uma grande família. O Luiz Fernando Carvalho sempre muito exigente, claro… Na altura estava obcecado com cinema asiático.

Diz que, no seu trabalho, é importante meter ‘toda a gente com sangue nos olhos’. O Edgard dá sempre o seu melhor. Quando o retorno/aceitação não é o esperado, como é que isso se gere? Acho que não existe frustração quando você está fazendo o seu trabalho bem feito e você ama o que faz. Principalmente em televisão, você não controla as audiências. Na minha carreira inteira eu fiz duas novelas que não foram tão bem recebidas. Uma delas foi uma tentativa de se colocar um protagonista que era um deficiente físico… O público não comprou. A gente achava que ia ser uma boa pegada, mas não aconteceu. Nem mesmo nessa hora veio frustração. Quando você faz o trabalho com amor e qualidade, não há espaço para isso. Eu, desde o primeiro ao último dia, vou estar vibrando, quero um bom astral no set. As pessoas ficam amigas, passamos muito tempo juntos. Isso também significa muita coisa, né? Não vamos ficar tristes. Temos a melhor profissão do mundo, não tem motivo. Estamos cada dia em um lugar. Conhecemos muita coisa, temos essa oportunidade! Não controlamos as audiências.

A instabilidade assusta, mas também dá gana… Exatamente! Dá muita gana este trabalho!

Seguiu-se a ‘Presença de Anita’ que foi, como já disse, a sua validação enquanto diretor. Essa minissérie é considerada, ainda hoje, uma das mais polémicas da Globo. Esta envolvia traição, morte, nudez e muito drama. Como foi trabalhar neste projeto? Havia, com certeza, muitos riscos ao pegar nesta história… Deixa eu explicar essa coisa da «validação». Nessa época, na TVGlobo, para você assumir o lugar de diretor tinha de trabalhar com três diretores diferentes de núcleo. Presença de Anita foi o meu terceiro trabalho com o terceiro diretor. Dali eu não poderia mais retroceder a assistência de direção. Nesse trabalho nós tínhamos uma responsabilidade muito grande, porque os Maias, apesar de toda aquela categoria que você viu, não teve muitas audiências. Foi muito baixo. Até houve um momento em que peguei o telefone e liguei para o Luiz, estava preocupado. Ao que ele me responde: «Van Gogh morreu na miséria!». (risos) É isto! A gente tinha a certeza daquilo que tinha feito. Agora, se a empresa coloca a série num determinado horário, ou se o povo brasileiro não tem capacidade de entender um Eça de Queiroz é outra história… Então a responsabilidade pela Presença de Anita era muito grande. Tinha que funcionar, se não acabavam as minisséries. O custo dos Maias foi altíssimo… Só o que veio de equipa para cá… Eu cheguei eles me deram uma chave de um Land Rover, um celular com créditos ilimitados para falar para o Brasil. Estamos falando de 2001! Ganhávamos 100 dólares de diária! Os operadores compravam Mercedes! A gente ficou aqui dois meses! Foi uma loucura!

Então havia uma pressão grande nesta minissérie… Sim! Mas relativamente à história ser arriscada… Antigamente a revista Playboy fazia muito sucesso, então a gente sabia que o brasileiro sempre teve uma sensualidade maior. Tínhamos certeza que, depois daquela coisa mais séria, se colocássemos o José Mayer – na época representava a figura do amante latino -, com a Helena Renaldi e uma outra atriz que tivemos dificuldade em achar, ia resultar.

Foi difícil encontrar a Anita perfeita… Sim! Muito! A Mel Lisboa tinha participado no casting, mas nós tínhamos os olhos postos em atrizes com caras mais conhecidas. Fomos deixando-a passar porque ela era «muito engraçada». Nós queríamos colocar o homem a assistir à minissérie. Mudar o público. Passados meses e meses a fazer castings, um dia, o Manoel Carlos disse-nos que já tinha encontrado a Anita. Tinha escolhido a Mel… Todo o mundo ficou surpreendido. Ele tinha sonhado com ela e escolheu-a. Ela não tinha experiência nenhuma! (risos) Ela só tinha feito uma propaganda de iogurte! Foi um trabalho muito grande. Primeiro tentámos nós, depois vieram outros diretores. Trouxemos também diretores de teatro! Não estava a 100 %. Até que um dia trouxemos uma coach que deu um click qualquer. A coisa foi! Foi um sucesso estrondoso. As pessoas começaram a deixar de ir aos restaurantes. Teve uma baixa nos jantares. As pessoas queriam ver a minissérie. Foi engraçado isso!

Sente que isso foi um salto na sua carreira? Sinto! E eles foram muito generosos. Nos créditos, quando acabam os nomes dos atores, apareciam os dos diretores e o meu aparecia em grande. Eu era o terceiro! A série era do Ricardo Waddington, mas eles destacaram-me! O meu pai que odiava televisão até me ligou a dar os parabéns!

Durante a sua carreira com já 36 anos, houve algum momento de mais insegurança? Procurava a validação dos outros? Não. Não precisava da validação, mas comecei muito novo. A minha preocupação era que todo o mundo ficava muito tempo no mesmo cargo, neste caso assistência de direção. Eu já me sentia pronto para dirigir. Quando eu estava a fazer os Maias, nesse dia do Campo Pequeno, um agente de produção de cinema italiano que trabalhava com Dario Argento me viu a dirigir aqueles figurantes todos e me convidou para trabalhar com eles. Sempre fui fã de filmes de terror. Eu já estava encantado com Portugal, imagina Itália. Falei com o Luiz e disse que ia para lá. Foi assim que fui promovido. Queriam que ficasse! (risos) Fiquei!

Em algum momento houve um deslumbre? Sempre! Nesta profissão você vive do ego e é aí que está o perigo. E você ser diretor novo faz-te achar que você é quase um semi-deus. Toda a gente para para te ouvir. Mas é tudo ilusório. As pessoas puxam no teu saco, mas nestes meus 36 anos de televisão, eu vou-te contar, se eu tiver cinco amigos em que posso confiar, é muito.

Qual a sua relação com os atores? E os seus processos criativos? Quando a gente chega, a gente pega os atores e passa um filme. Para ver o tempo de atuação. Eu pego um livro que eu adoro que se chama Como parar de atuar, e entrego à equipa. Ele diz que em todo o texto, o ator deve pegar no papel e colocar um pouco de si. Quando cheguei do Brasil dei ao elenco da Cacau. Assim, está tudo no mesmo tom. Quando não temos tempo, temos de arranjar estratégias. Eu gosto de pegar o ator no colo. Quando a gente escala o ator, já sabemos o que ele nos vai dar. Não gosto daqueles diretores que dizem aos atores como é que eles devem fazer. Assim, escolheram os atores errados! O diretor tem que moldar mas de uma maneira delicada. Até porque, por norma, os diretores são maus atores. Eu sou péssimo! (risos) Então é isso… Criar uma linguagem única para todos! Uma unidade. Se não, a novela vira um «nada». Ser diretor não pode ser ser guarda de trânsito!

Como foi trabalhar nesta telenovela? Alguma coisa me dizia que eu ia regressar a Portugal. Fui apresentado ao José Eduardo Moniz há 13 anos. Começaram os convites, mas nunca podia porque estava sempre noutros trabalhos que não permitiam. Quando veio este convite e estava disponível decidi vir! O projeto está muito bem escrito e eu tinha muita vontade de voltar a fazer novela contemporânea. Já estava há muito tempo a fazer novela bíblica e tinha medo de cair na fórmula. Eu já sabia como fazer sucesso, não queria me repetir. E já sabia que a Cacau iria fazer sucesso. Estou muito satisfeito com o resultado final. Tudo o que a gente mudou resultou… Ficou um produto de qualidade e está a ter muitas audiências.

Acredito que o universo televisivo brasileiro e o português sejam bastante diferentes. Quais as principais diferenças entre ambos? Principalmente as dimensões. Lá é tudo muito maior. Todo o orçamento… Qualquer capítulo tanto na Globo como na Record, você tem, no mínimo, cinco vezes o valor. É tudo muito grandioso. Quando você faz uma novela bíblica, que é toda de época, com viagens, gravada em Marrocos… Os figurantes, ou camelos… Imagina…

Quais os maiores desafios que enfrentou nesta criação? Quando você chega, a equipa inteira estava acostumada a um processo, um método de trabalho… Então acho que foi o processo do convencimento. Teve muita gente que comprou isso. Mas outros não ficaram bem convencidos, consideram que talvez não seja muito interessante tudo o que eu coloquei e mudei… Mas a vida é assim, não é? Cada um tem os seus gostos. Acho que 80% aceitou, mas os outros torceram o nariz.

Esta semana ficámos a saber que a novela passará em Espanha. Como recebeu esta novidade e o que é que isto significa para si? Como disse, eu sabia que a novela ia ser super bem recebida, tinha todos os ingredientes para isso. Apesar de ser feita em Portugal, ela tem um cheiro de novela brasileira e isso ajuda. Fiquei muito contente.

O que é que falta fazer? O que eu não fiz ainda… O meu filme! (risos) Apesar de ter tido propostas, eu não quero fazer um filme. Quero fazer o filme.