O presidente do governo de Espanha cancelou esta quarta-feira a agenda e vai decidir até à próxima semana se continua no cargo. Em causa está uma investigação judicial que envolve a mulher de Pedro Sanchéz.
“Preciso de parar e refletir. Preciso urgentemente de responder à pergunta de se vale a pena, apesar do lodaçal em que a direita e a extrema-direita pretendem transformar a política”, escreveu Sánchez na rede social X. “Se devo continuar à frente do Governo ou renunciar a esta enorme honra”, acrescentou.
Num texto de quatro páginas, o também líder do partido socialista espanhol (PSOE) acrescentou que decidiu cancelar toda a agenda pública dos próximos dias para “poder refletir e decidir que caminho seguir”. Na segunda-feira irá revelar a sua decisão numa declaração à comunicação social.
“Um tribunal de Madrid abriu diligências prévias contra a minha mulher, a pedido de uma organização de extrema-direita chamada Manos Limpias, para investigar os supostos crimes de tráfico de influências e corrupção nos negócios”, escreveu o líder do executivo espanhol na missiva com a sua visão sobre o processo judicial da mulher.
“Parece que o juiz chamará a testemunhar os responsáveis de dois meios digitais que têm publicado sobre o assunto. Na minha opinião, são dois meios de orientação de direita e de extrema-direita”, afirmou Sanchéz. “Como é lógico, a Begoña defenderá a sua honra e colaborará com a Justiça para esclarecer uns factos tão escandalosos, como inexistentes”, acrescenta.
O chefe do governo espanhol acusou partidos e alguns órgãos de comunicação social de inventar “falsidades” numa “estratégia de assédio que se tem perpetuado durante meses”, e os líderes do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, e do VOX, Santiago Abascal, de colaborar com uma “galáxia digital de extrema-direita”.
Pedro Sánchez insiste que a direita e a extrema-direita “não aceitaram os resultados” das eleições de 23 de julho, em que o PP venceu sem maioria e o PSOE formou uma coligação com partidos à sua esquerda e independentistas, e acusa a oposição de o atacar na sua “vida pessoal”, já que não o pode fazer politicamente.