Vivemos uma Avenida da Liberdade cheia esta quinta-feira a comemorar os 50 anos do 25 de Abril de 1974.
Uma Avenida com este nome desde 1879!
Contudo, hoje, muitos julgam e consideram que a liberdade em Portugal, pior, que o país, começou em 1974 com o golpe de Estado militar assente numa reivindicação sindical salarial fruto do Decreto-Lei 353/73, que equiparava os oficiais milicianos aos oficiais de carreira, e no fim da guerra do ultramar, tal como foi confirmado na conversa entre Tenente-Coronel Vasco Lourenço e Coronel Otelo Saraiva de Carvalho na RTP no âmbito dos 25 anos do 25 de Abril de 1974.
Apesar do “Estado Novo”, talvez já velho nessa época como se constata pela queda fácil e praticamente sem resistência, a verdade pura e crua é que o fundamento e as razões para o derrube de um regime foram razões salariais.
Apesar de tudo e da razão implícita do que foi uma mudança abrupta mas fundamental do nosso País, a verdade é que é ridículo a forma como hoje se vive a sorte da vitória desse dia, querendo reduzir o nosso Portugal como sendo um país recente, como se nascido em 1974, e querendo esquecer-se o bom da nossa longa história.
Óbvio que temos sempre pontos positivos e negativos em todos os regimes vividos, mas não se pode descontextualizar a história nem a forma como se vivia e pensava em cada época.
Infelizmente, sinto, genuinamente, que tal como o “Estado Novo” em 1974 estava velho, também, hoje, a democracia/oligarquia partidária nacional também está.
Não se pode viver a política e os destinos de um país como se vive o futebol e, pior, esquecendo a história. Em especial, a história extraordinária dum país com a responsabilidade de Portugal.
Estive nas comemorações, assisti a tudo, ao que gostei de ouvir, ao muito que gostaria de não ter ouvido e ao tanto que esse dia de ontem me fez reviver aquela história da “brigada do reumático”.
Precisamos de muito mais que de uma democracia com 50 anos, aliás já bem mais adulta e madura que o anterior regime do Estado Novo.
Precisamos de pensar o país. De ser patriotas. De ser nacionalistas, no sentido de nação enquanto povo uno. Mas, acima de tudo, de ter uma estratégia para o país, muito acima dos interesses partidários e corporativos.
Precisamos, também, de trazer para a política os melhores, sem vícios e experiência política, pois essa cria-se com a experiência. Precisamos de gente com experiência de Vida e vontade de servir o País. Aliás, é interessante ouvir o Senhor General Ramalho Eanes na entrevista à formidável Fátima Campos Ferreira (do passado dia 18 de Abril de 2024) que foi um Presidente da República sem experiência política (aos 41 anos) e que, por isso, chamou sempre pessoas de cultura e do saber como Miguel Torga, Eduardo Lourenço e outros porque ensinavam a “certeza de que nunca sabemos o suficiente para poder responder à vida”.
Ser e estar na política deve ser um serviço e não uma profissão. Pois só assim teremos um país melhor. Para isso considero que os líderes políticos devem ser, neste mundo actual, os mais bem pagos para garantir que não haja corrupção ou que não se comportem como peões dos grandes interesses.
Como pai de 4 filhos, estudioso e pensador que sou, acredito que precisamos de pensar a décadas, com tempo e com coragem, tal como gerimos as nossas empresas, sempre feitas por pessoas (no meu caso, tendo tido a sorte de trabalhar com pessoas e equipas extraordinárias).
Poder definir um futuro para o nosso país é ter, verdadeiramente, liberdade.
Infelizmente, depois da nossa terrível descolonização, entregamo-nos exclusivamente aos interesses duma Europa, actualmente, também, envelhecida e sem estratégia para as exigências do Mundo em guerra que já estamos a viver e que talvez, ainda, sem muitos perceberem o que tudo isso implica para os próximos anos.
Se nada fizermos, se nada prepararmos e perspectivarmos, infelizmente, só nos espera mais pobreza (que é uma vergonha que ainda exista em Portugal!), mais regastes e mais desespero para todos.
Os políticos tem obrigação de saber isto e de ver mais longe para proteger o seu povo!
Liberdade é podermos ser fortes e donos do nosso destino, ao ponto de sermos respeitados pelo que somos e não pelo que os outros querem que sejamos!
Portugal precisa de mais e melhor Portugal!
26.04.24
Autor escreve conforme antigo acordo ortográfico