Suicídios. Estudos para todos os gostos

Haverá maior risco de suicídio entre jovens da comunidade LGBT? Há estudos que dizem claramente que sim. Num inquérito nos EUA no ano passado, metade dos jovens transgéneros e não binários assumiram ter considerado seriamente o suicídio.

A identidade de género e a mudança de sexo são assuntos delicados, podendo aportar vários problemas físicos, psicológicos e sociais, acabando mesmo, por vezes, em situações trágicas.

Mais uma vez, o suporte académico e científico – e não a ideologia – é a ferramenta mais importante para analisar e estudar estes fenómenos.

The Trevor Project. A The Trevor Project – organização norte-americana sem fins lucrativos – trabalha no sentido da prevenção de suicídios entre jovens da comunidade LGBT, e no seu website afirma que “o suicídio é a segunda principal causa de morte entre os jovens dos 10 aos 14 anos e a terceira principal causa de morte entre os jovens dos 15 aos 24 anos (Centers for Disease Control and Prevention, 2022). Os jovens LGBTQ+ correm um risco significativamente maior». E constata que estes jovens têm quatro vezes mais possibilidades que os seus pares, estimando que mais de 1,8 milhões de jovens LGBT “consideram seriamente o suicídio todos os anos nos EUA – e pelo menos um tenta suicidar-se a cada 45 segundos”.

Num inquérito nacional em 2023, esta instituição descobriu que “41% de jovens LGBTQI+ consideraram seriamente cometer suicídio no ano passado, incluindo cerca de metade dos jovens transgéneros e não binários”.

A organização aponta ainda os principais fatores de risco para o suicídio entre jovens LGBT: o stresse de minoria, a rejeição e falta de apoio social e espaços de afirmação, danos físicos e bullying e fatores discriminatórios.

O estudo da Heritage Foundation. Em junho de 2022, a Heritage Foundation – think tank de índole conservadora que carrega o lema da liberdade, oportunidade e prosperidade – publicou um estudo, conduzido por Jay P. Greene, onde aborda os temas dos bloqueadores de puberdade, as hormonas sexuais cruzadas e o suícidio jovem.

A pesquisa começa com a seguinte frase: “Os adolescentes que estão confusos quanto ao seu género sofrem de uma taxa de suicídio anormalmente elevada”; dedicando-se depois a tentar perceber qual a relação entre as autorizações parentais e a taxa de suicídio.

Greene, após presumir que, “se facilitar o acesso de menores a bloqueadores de puberdade e hormonas sexuais cruzadas serve de proteção contra o suicídio, seria de esperar que a frequência do suicídio de jovens seja menor nos Estados que têm uma legislação que permite que os menores obtenham estes medicamentos sem o consentimento dos pais após 2010”, chegou à conclusão de que o que sucede é precisamente o oposto: “As taxas de suicídio entre as pessoas com idades compreendidas entre os 12 e os 23 anos começam a aumentar nos estados que têm legislações que permitem que os menores acedam a cuidados de saúde sem o consentimento dos pais em relação aos estados que não têm tal legislação por volta de 2016, depois de as intervenções médicas com hormonas sexuais cruzadas se terem tornado mais comuns. Em 2020, há cerca de 3,5 suicídios a mais por 100.000 pessoas com idades entre os 12 e os 23 anos nos estados com acesso mais fácil do que nos Estados sem disposição de acesso”.

No estudo é possível ler que existem 33 dos 50 estados dos Estados Unidos que apresentam uma base legal capaz de permitir tratamentos a menores sem o consentimento parental.

“Para acreditar que o acesso mais fácil aos bloqueadores de puberdade e às hormonas sexuais cruzadas não são a causa do elevado risco de suicídio nesses estados, teríamos de imaginar outras intervenções médicas que só se tornaram amplamente disponíveis depois de 2010 e que só afetariam os jovens”, atira Greene, que conclui com uma recomendação aos estados: “Por último, dado o perigo dos tratamentos de hormonas sexuais cruzadas demonstrado neste Backgrounder, os estados devem tornar mais rigorosos os critérios para receber estas intervenções, incluindo o aumento da idade mínima de elegibilidade”.

O caso de estudo dinamarquês. Num estudo recente para a American Medical Association, seis autoras dinamarquesas investigaram a relação entre a identidade transgénero e as tentativas de suicídio e mortalidade na Dinamarca.

Logo na primeira página, as autoras contrariam, de certa forma, a premissa da qual parte o estudo da Heritage Foundation: “Estudos anteriores sugeriram que os indivíduos transgénero podem ser um grupo de alto risco no que diz respeito a tentativas de suicídio e mortalidade, mas faltam investigações em grande escala e de base populacional”.

Mas acabam por chegar à conclusão de que, “neste estudo de carácter retrospetivo de base populacional dinamarquesa, os resultados sugerem que os indivíduos transgénero apresentaram taxas significativamente mais elevadas de tentativas de suicídio, mortalidade por suicídio, mortalidade não relacionada com suicídio e mortalidade por todas as causas, em comparação com a população não transgénero”.