Sete anos após o seu lançamento, o C-HR (Coupe High Rider) sofreu uma profunda renovação que o deixa mais competitivo no segmento da moda. Inteiramente concebido e produzido na Europa, sobressai pela imagem arrojada e agressiva que marca claramente a diferença para os outros SUV, bastante mais conservadores do ponto de vista estético. A inspiração no concept car Prologue resultou em cheio, já que se trata de um belo exercício de estilo com detalhes muito interessantes.
O ambiente a bordo é agradável e transmite uma sensação de qualidade, embora também haja alguns plásticos duros. O interior está em linha com as questões ambientais, uma vez que mais de 100 peças são feitas com material reciclado e não existe qualquer material de origem animal. A linha do tablier prolonga-se até aos painéis das portas e cerca o condutor e o passageiro, dando a sensação de estarmos num cockpit. O espaço para os ocupantes é mediano. A altura é generosa, mas a largura deixa a desejar quando viajam três pessoas no banco traseiro e o lugar central quase não existe. Existem vários espaços para guardar objetos que dão sempre jeito. A capacidade da bagageira (388 litros) é aceitável para um modelo de vocação familiar.
Apesar do banco do condutor ter regulação elétrica e do volante ser ajustado em altura e profundidade, a posição de condução não é a melhor já que o volante fica numa posição baixa. Essa foi a sensação que tivemos, talvez um condutor de menor estatura não tenha esse problema. Os bancos são firmes, mas confortáveis e têm bom apoio lateral.
O interior foi concebido para facilitar a ação do condutor, daí que os principais comandos e a caixa de velocidades automática estejam bastante acessíveis, e o completo sistema multimédia é rápido, intuitivo e de fácil leitura. Ainda no interior, destaque para o sistema de iluminação com 64 cores, que se adapta ao ambiente do habitáculo (frio ou quente) e à hora do dia. Esta iluminação serve também de alerta (passa a vermelho) quando se abre uma porta e o sistema de ângulo morto deteta um ciclista ou outro veículo por perto.
O equipamento da versão Lounge é bastante completo e engloba jantes de liga leve de 19 polegadas, faróis LED, vidros traseiros escurecidos, bancos dianteiros e volante aquecidos, ecrã de informações de 12,3 polegadas na consola central, ar condicionado automático bizona, câmara auxiliar traseira, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, cruise control adaptativo, alerta de ângulo morto, sistema de navegação e carregamento sem fios para smartphone, porta da bagageira elétrica, bancos em pele e tecido e purificador de ar. Entre as novidades introduzidas no C-HR está o amplo tejadilho panorâmico, que dá grande luminosidade ao habitáculo. Este tejadilho tem um tratamento especial que ajuda a manter o calor de inverno e evita o sobreaquecimento no verão. Outra particularidade que fica bem é o monograma Toyota C-HR na porta da bagageira que se acende e dá as “boas-vindas” quando se aciona o comando de abertura/fecho de portas.
Uma referência especial para o sistema de segurança ativa e assistência ao condutor Toyota Safety Sense, que inclui o Proactive Driving Assist, provoca uma desaceleração suave ao aproximar-se de outro veículo mais lento e ao entrar numa curva, e a Assistência à Direção, que ajusta a força da direção para ajudar o condutor a descrever uma trajetória suave e estável.
A eletrificação das gamas faz parte da filosofia da Toyota há muito tempo. Sob o capot do renovado C-HR está a motorização 1.8 híbrida, que combina o motor térmico de 98 cv com o motor elétrico e confere uma potência combinada de 140 cv. O motor elétrico é alimentado por uma pequena bateria de 1 kWh e tem autonomia para fazer 66 quilómetros em modo exclusivamente elétrico. A potência é enviada às rodas dianteiras através da caixa de variação contínua como acontece em todos os modelos híbridos da Toyota. Estão disponíveis quatro modos de funcionamento do grupo motopropulsor: modo elétrico, elétrico/híbrido automático, modo híbrido e modo de carregamento automático. O condutor pode ainda escolher andar no modo Normal, Eco, se pretender baixar o consumo, Sport, para uma condução dinâmica, isso sente-se na aceleração, ou escolher os parâmetros de condução a seu gosto. A versão híbrida conta com o Regenerative Boost, que permite carregar a bateria quando se tira o pé do acelerador, o que é muito frequente na condução em cidade.
A sensação de potência (140 cv) não impressiona, mas as performances são corretas e o poder de aceleração não coloca em causa as ultrapassagens. Menos agradável é a sonoridade do conjunto motor/transmissão em acelerações mais fortes, depois de atingida uma velocidade de cruzeiro a insonorização não merece reparos. A velocidade máxima é de 175 km/h e acelera de 0 a 100 km/h em 9,9 s. Os consumos são comedidos, com uma média de 5,3 l/100 km em cidade e de 6,4 em estrada, valores obtidos no modo Normal e sem qualquer preocupação em poupar.
Passando para a estrada, o C-HR é um carro agradável de conduzir, seguro e confortável, isso torna-se mais evidente no mau piso. A firmeza da suspensão não causa desconforto e garante a estabilidade em curva feitas a uma velocidade mais elevada, nomeadamente em autoestrada. Quando fazemos uma condução dinâmica em estradas nacionais voltamos a apreciar a forma como a suspensão reduz as oscilações ao mínimo, quase não sentimos o rolamento da carroçaria, o que dá total confiança a quem está ao volante. A direção é precisa e dá um feeling correto da condução. Não sendo um SUV com veia desportiva, ainda assim permite bons momentos para quem está ao volante. Os mais distraídos/otimistas podem contar com um equipamento bastante prático que é o alerta sonoro sempre que se ultrapassa o limite de velocidade, é uma boa ajuda para evitar multas de excesso de velocidade. Outro alerta importante surge na forma de vibração no volante quando o condutor se desvia da sua faixa de rodagem.
A primeira geração do C-HR conquistou uma posição de destaque no segmento da moda – foi o segundo SUV eletrificado mais vendido em Portugal o ano passado – e o novo modelo tem muitos argumentos para cativar ainda mais clientes, desde que tenham 50.200 euros para gastar, que é o valor desta versão.