Começa a contagem decrescente para o verão e com ela a procura de soluções de emagrecimento.
A procura por um corpo de verão acaba por ser cíclica. E além de ser expectável acaba por ser algo que vem acontecendo ao longo dos anos e os profissionais, nomeadamente os nutricionistas que lidam com as questões de excesso de peso e com os princípios da alimentação saudável, acabam por ser confrontados, a partir da primavera, com estes pedidos de ajuda por parte dos utentes, mas fundamentalmente à procura de solução rápida.
Uma solução que nem sempre é a melhor…
Não é a melhor solução porque a procura não é feita por motivos de saúde, é feita fundamentalmente para obter uma resposta rápida a um objetivo que é determinado, não quero dizer precipitada, mas condicionada por uma estação do ano que vai proporcionar uma procura pela praia, pelo sol, acabando por ser dada prioridade à componente estética. E do ponto de vista de resultados existe uma probabilidade de insucesso muito maior, porque sabemos que quando nos deparamos com situações em que existe este ciclo de ganho de peso/ perda de peso, a nossa composição corporal altera-se e quando ganhamos peso, desde que não seja numa componente de estrutura de atividade física programada, o que ganhamos é fundamentalmente gordura e quando perdemos peso de uma forma mais intempestiva, com dietas demasiado restritivas e com alterações drásticas nos nossos hábitos alimentares vamos perder fundamentalmente água e massa muscular no nosso corpo, porque a gordura demora o seu tempo a ser destruída, a ser dissipada. A educação tem de passar a ser uma prioridade nos objetivos das famílias, da comunidade para perceberem que o estilo de vida saudável é algo que deve ser continuado ao longo do ano, tento abertura para que, no caso de chegarmos a março com mais dois, três quilos do que tínhamos no início do inverno possa ser feito um ajuste da dieta alimentar.
E quando há uma perda de peso repentina depois é comum voltar-se a recuperar esses quilos…
O metabolismo responde em função dos estímulos que são feitos e, neste caso em particular, sabemos que o grande problema das dietas de verão, chamemos-lhe assim, é a restrição muito grande de energia e de hidratos de carbono que são os grandes fornecedores de energia para o organismo. Se vamos sujeitar o nosso organismo a um défice energético num período rápido e intenso vamos estar a sujeitar o nosso organismo à fome e a reduzir o gasto energético do organismo. E quando fazemos estas dietas com grandes restrições calóricas vamos também condicionar o nosso organismo a gastar menos do que aquilo que gastaria numa situação normal de atividade e de alimentação normal. O que acontece? Vamos perder peso de uma forma muito drástica e vamos perder muito mais massa muscular do que propriamente massa gorda. Muitas vezes, as pessoas queixam-se ‘perdi peso, mas não noto que a roupa fique mais larga’, porquê? Porque a gordura não foi perdida na mesma proporção e depois quando voltam ao seu regime habitual, passando a operação verão, com a reintrodução dos hidratos de carbono, o organismo está ávido de reaver aquilo que perdeu e, tendo um metabolismo mais baixo, com menos quantidade, as pessoas vão engordar mais depressa. Aliás, se as pessoas ao longo dos anos mantiverem este tipo de regime alimentar vão acumulando peso a mais e ao final de cinco anos podem ter mais 20 quilos do que aquilo que tinham quando iniciaram este processo, porque ganhamos sempre mais do que perdemos.
E, às vezes, a fatura paga-se mais tarde, principalmente com a perda da massa muscular…
A perda de massa muscular traduz-se em desnutrição e se perdemos músculo também nos tornamos menos ativos, dá uma sensação de cansaço muito mais acentuada e as pessoas têm menos energia para conseguirem não só fazer atividade física, que é outro dos pilares fundamentais de um processo de emagrecimento e, por outro lado, a tal reposição de gordura que vai sendo feita ao longo do tempo, que não é trabalhada, que não é dissipada vai condicionar o surgimento de doenças crónicas e muito incapacitantes, como diabetes, hipertensão, o colesterol elevado e todos os fatores de risco associados a este tipo de patologias.
O ideal é que a alimentação saudável seja acompanhada por exercício físico?
As pessoas, às vezes, não têm tempo ou não têm disposição. E existe pouca motivação durante o ano ou porque está a chover ou porque está frio e as caminhadas deixam de ser feitas e os ginásios deixam de ser frequentados, mas a verdade é que tem de existir uma complementaridade entre aquilo que gastamos e aquilo que consumimos do ponto de vista alimentar.
Continua a existir o culto da elegância?
A procura da magreza extrema está ultrapassada. Pelo menos, é aquilo que nos parece neste momento, até há mais procura por um corpo mais escultural. A verdade é que somos um país que tem um inverno prolongado, em que temos muitos meses de um clima que não é propriamente propício a cuidados alimentares e de atividade física e só quando o sol começa a despontar é que as pessoas despertam para procurar novamente grandes resultados em muito pouco tempo.
E, por vezes, seguem os conselhos de emagrecimento dos amigos, dos influencers…
Sim, não tenho propriamente números, mas percebemos que continua a existir muito a ideia do ‘se o amigo fez então vou fazer igual, porque se com ele resultou então comigo também vai resultar’ e as pessoas acabam por se entreajudar com as mesmas receitas para todos. Por outro lado, há os influencers que têm a capacidade de levar massas atrás e contam com estratégias que nem sempre são as mais adequadas e isso representa um problema muito maior do que aquele que, à primeira vista, qualquer um de nós possa fazer em termos de avaliação. Porquê? Porque estamos a falar de saúde e as pessoas são diferentes. Muitas vezes, temos uma predisposição para o desenvolvimento de doenças graves, nomeadamente doenças oncológicas que podem, por vezes, ser despoletadas ou antecipadas por processos, por exemplo, de desnutrição. É a isto que estas soluções, na generalidade das vezes, levam porque precisamos de nutrientes essenciais para sobreviver e se fizermos uma restrição drástica deste tipo de nutrientes e não controlada por profissionais podemos estar a incorrer num processo de instalação de desnutrição que, sendo mais ou menos grave, associado a algum tipo de processo de doença que se está já a desenvolver pode colocar-nos em risco, nomeadamente de vida. Também é verdade que não são tantos quanto isso, mas ainda bem, porque traria um problema à sociedade muito grande, mas a verdade é que estas pessoas estão a desnutrir-se a elas próprias, estão a perder a reserva nutricional que é necessária para combater seja doença aguda, seja doença crónica ou prolongada que se possa estar a desenvolver. Na procura do tal objetivo de perda de peso rápida, muitas vezes, aquilo que estão a encontrar é a instalação de doenças que podem representar uma fatura importante para essas pessoas em idades jovens e condicionando naturalmente o seu prognóstico de vida a partir daí.
Esse tipo de promoções nas redes sociais são um desafio para a Ordem?
Não é fácil. Aliás, a Ordem é uma entidade reguladora. E é verdade que também temos profissionais nutricionistas com determinadas técnicas de emagrecimento, por vezes questionáveis, em que a Ordem pode aqui ter uma necessidade de controlar ou regular os seus próprios profissionais. Agimos habitualmente por denúncia, todos os membros têm um código deontológico que têm de seguir e se algum colega estiver a incorrer em algum tipo de circunstância de incumprimento, a Ordem tem a obrigação de agir em defesa da saúde da população. Depois temos também os não nutricionistas, digamos assim, sejam eles pessoas ou entidades. Há empresas que acabam por entrar pelas casas das pessoas com esse tipo de oferta de solução. Aliás, temos falado bastante na necessidade de haver literacia alimentar da população que é a grande arma que a população pode ter nas escolhas que vier a fazer. Nenhum de nós, seja uma ordem profissional, seja uma instituição de saúde, seja um Ministério da Saúde, pode dizer às pessoas o que devem ou não devem escolher, mas temos a obrigação formal de informar as pessoas daquilo que pode representar determinadas escolhas que venham a fazer.
Podem escolher determinado caminho, desde que saibam os riscos…
Dou o mesmo o exemplo que deu do amigo que diz ao outro ‘toma este produto ou faz este tipo de regime, porque comigo resultou’ não está a fazê-lo por querer colocar o amigo em risco. Está a fazê-lo de boa fé porque não tem essa noção clara de que o que resultou com ele pode vir a ser deletério para o amigo. É aqui que a responsabilidade profissional tem de entrar, temos obrigação de ter os recursos disponíveis necessários nos vários locais. Por exemplo, temos campanhas que passam nas televisões e nas redes sociais que alertam para os riscos do consumo do tabaco e do álcool, mas falta uma política alimentar que chegue a todos. Não resolveremos o problema, com certeza, mas conseguiremos iniciar um processo em que estaríamos a capacitar as pessoas para poderem fazer as tais escolhas mais informadas.
Deveria haver uma maior regulação?
A regulamentação existe sobre um produto ou um medicamento, onde deveria haver uma maior regulamentação é sobre a publicidade a determinados produtos e sobre a venda destes produtos de venda livre.
Até nos supermercados somos inundados por suplementos alimentares…
Os suplementos alimentares não são regulados pelo Infarmed por serem considerados alimentação. Ou seja, estão numa franja ainda mais frágil, porque fogem a tudo aquilo que é regulação de medicamentos e, além da venda ser livre, o próprio controlo dos produtos não tem de obedecer às regras do Infarmed e, muitas vezes, não temos sequer capacidade de garantir que aquilo que o rótulo diz é exatamente aquilo que conta no próprio produto. Além disso, na Internet encontram-se muitas vezes soluções de suplementos alimentares disponíveis a custos mais baixos com a tal publicidade associada às perdas de peso, aos objetivos rapidamente alcançados, em que as pessoas nem sabem onde é que aqueles produtos vêm. Isto ainda nos coloca numa situação mais sensível, mais delicada do ponto de vista da saúde das pessoas. Há situações clínicas que levam as pessoas até mesmo aos cuidados intensivos nos hospitais, a situações de intoxicação, em que não se consegue perceber qual foi a origem e muitas vezes aquilo que as pessoas relatam é que estavam a tomar um suplemento ou dois ou três que mandaram vir da internet. É importante que as pessoas percebam que esses produtos não são inócuos, podem representar o tal milagre, mas esse milagre pode acabar por ter um desfecho mais parecido com um pesadelo do que propriamente com o sonho bom que procuravam.
Como vê estas modas dos detox, dos jejuns intermitentes, das dietas das sopas, etc.?
Esse tipo de soluções, seja de jejuns prolongados, seja das dietas das sopas, dos detox, etc. não são nocivos – não faz mal nenhum fazer-se um período de jejum intermitente, desde que não se passe a fazer isso como uma técnica contínua – não há problema nenhum em fazer um sumo de gengibre e de beterraba e por aí fora. Aliás, são até alimentos muito saudáveis logo de manhã, desde que isso não condicione naturalmente o resto do dia da mesma forma e que haja grandes restrições, no que diz respeito a outros nutrientes. O problema deste tipo de dietas é que acaba por vincar uma monotonia, em termos do tipo de alimentação e passam a existir um padrão alimentar muito abaixo daquilo que são as suas necessidades. Vão emagrecer, em consequência desse défice energético tão baixo, mas o que vai acontecer é precisamente o que estávamos a falar no início: as pessoas não vão aguentar este tipo de dieta durante muito tempo, além das carências nutricionais e quando voltarem ao regime normal vão engordar muito mais facilmente porque o organismo vai recuperar a energia que não está a ser dada. Mais uma vez, este tipo de dietas são fruto da tal procura incessante por uma perda de peso muito rápida. Porque é que as pessoas, muitas vezes, resistem à tal educação alimentar feita pelos nutricionistas? Porque a solução que apresentamos com equilíbrio nutricional demora o seu tempo e há pessoas que nos dizem que querem aprender ou a reaprender a comer. E em seis meses podem perder dez, 15, 20 quilos, mas perderam-no com saúde, com equilíbrio, sabendo que aquilo que estão a consumir está a corresponder às necessidades do ponto de vista nutricional e de saúde que o seu organismo precisa. Muitas outras, quando percebem que vão demorar seis meses a conseguir esse objetivo resistem logo na primeira abordagem e dizem que ao lado conseguem, através de um suplemento, de um produto, de uma solução, perder estes dez, 15 quilos no espaço de um mês ou dois. Portanto, estas dietas, mal ou bem acabam por não ser uma solução tão nociva, como intoxicar o organismo com produtos que nem sequer se conhece bem o que é que se está a consumir, mas devem sempre ser integradas, não só por acompanhamento profissional, mas também com uma dieta que tem de ser mantida e equilibrada. E isso, infelizmente, muitas vezes não acontece.
E há quem recorra a medicamentos para diabéticos…
Este tema não é novo, é claro que agora ganhou um mediatismo importante, não só pelo medicamento em si, mas também pelos constrangimentos que acabou por representar pela utilização excessiva com outro tipo de indicação. Esta questão é muito mais grave do que aquilo que à partida até parece ser. Não só porque está a ser feito o uso indevido de medicamento que por acaso tem também como efeito a perda de peso, como também por estarem ao ser utilizados por indivíduos não diabéticos podem ter efeitos secundários, daí já ter havido situações problemáticas. Mas aqui, os profissionais são também culpados, porque cabe-lhes fazer esta barreira e dizer ‘não, o utente não é diabético e se quer emagrecer vai ter que o fazer com outro tipo de medidas’.
Como se costuma dizer somos o que comemos…
Somos sempre aquilo que comemos seja para um resultado, seja para outro. Essa mensagem é importantíssima porque diz exatamente aquilo que queremos muitas vezes transmitir à população: somos aquilo que comemos quando culminamos num resultado de grandes obesidades com patologias crónicas em idades jovens, com diabetes, com patologias cardíacas, respiratórias. E também somos aquilo que comemos quando procuramos saúde.
O SNS deveria fazer uma maior aposta nesta área?
Sim, não tenho dúvidas. Trabalhei no SNS nos últimos 25 anos e é uma realidade que conheço bem e com mais profissionais conseguiríamos fazer uma maior distribuição pela população em função das suas necessidades. A carência é grande, os colegas têm capacidade de tratar a obesidade, mas muitas vezes, com dificuldades, pois não conseguem ter agenda suficiente para fazer, por exemplo, o seguimento destas pessoas como devia ser feito. Também não têm espaço, nem tempo, nem recursos para poder prevenir a doença e promover a saúde, as tais ações de educação à população, de ir às escolas, de falar com as famílias, de estar com a comunidade e de fazer esta transmissão de informação no sentido não de ir já tratar a doença quando está instalada, mas de prevenir.
Mas os profissionais existem?
Existem e existem com vontade. Em média, saem 400 licenciados por ano, portanto, temos um excedente de profissionais disponíveis e temos necessidades na população que justificariam que fossem alocados, o que não temos é oportunidades de emprego. E coloca-se esse ónus aos nossos governantes, no sentido em que tem de existir esta sensibilidade, esta sensibilização para que o SNS possa ser sustentável, para sobreviver, para corresponder aos ganhos em saúde e à diminuição de custos em doença tem de investir em profissionais
O argumento que é usado pelo Governo é a falta de verba.
Há vários argumentos. Por um lado, apesar de se falar há muitos anos na aposta na promoção da saúde, em termos uma população saudável e não irmos tratá-la só depois de estar doente, na prática não se viu nos últimos dez anos um investimento neste ponto que é fulcral, que está identificado e de forma transversal. Isto não é um problema só dos nutricionistas. Os outros profissionais de saúde também se queixam da mesma coisa. Esta área da promoção da saúde continua a ser um parente pobre dos esforços governamentais, por um lado, porque os seus resultados são sempre a médio longo prazo e quando pensamos de ponto de vista de estratégia política não é um fator positivo, porque investir hoje em promoção de saúde significa ir medir resultados daqui a dez anos, e, por outro lado, porque se não estamos a apostar na promoção da saúde e na prevenção de doenças estamos a ter cada vez mais doentes para tratar e ao termos cada vez mais doentes para tratar continuamos a ter que apontar as armas no sentido de tratar a doença aguda e de tratar aquilo que foram patologias desenvolvidas ao longo do tempo e, o grosso dos profissionais acaba sempre por ser destacado, porque, naturalmente, não vamos deixar ninguém para trás, isto é, não vamos deixar de tratar as pessoas doentes para ir promover a saúde. Conclusão, os profissionais acabam por estar sempre a apostar no tratamento e o tratamento, além de sair muito mais caro ao Estado, envolve uma necessidade de recursos muito maior. E enquanto não tivermos, do ponto de vista orçamental, a coragem de destacar uma fatia e dizer temos de começar e temos de apostar por aqui, não destruindo o que está a ser feito a jusante, só nessa altura é que poderemos dizer que está a ser feita uma aposta efetiva na saúde da população. E o reflexo, em termos da distribuição de nutricionistas, diz-nos exatamente isso: temos cerca de 150 nutricionistas distribuídos pelos cuidados de saúde primários em todo o país. Estamos a falar de um número que só por si já diz muito: 150 nutricionistas para toda uma população das diversas faixas etárias, uma população envelhecida, com doenças crónicas importantes, muitas delas, se não a generalidade, associadas à alimentação são, sem sombra de dúvida, insuficientes para se conseguirem colmatar as necessidades da comida.
E, ao mesmo tempo, há problemas também de assimetrias. Defendeu que devia haver igualdade no acesso a todo o país…
Temos ainda centros de saúde sem qualquer tipo de apoios por parte de nutricionistas. E além disso, temos também, em termos de distribuição geográfica, populações muito distantes umas das outras. O Alentejo é um exemplo claro disso, em que temos um número muito reduzido de profissionais a trabalhar, seja nos hospitais, seja nos centros de saúde. E aquilo que acontece é que sendo poucos, não conseguem ter disponibilidade para se deslocar aos domicílios dos doentes quanto precisam. E, por outro lado, estes doentes com as dificuldades de acessibilidade, seja aos centros de saúde, seja aos hospitais, acabam também por não conseguir recorrer ao profissional. Temos situações, em que muitas vezes o próprio médico de família pode determinar que o utente precisa até desse acompanhamento nutricional, mas aquilo que acontece é que o doente depois não vai poder fazer o seguimento em consulta porque não tem a possibilidade de acesso ao centro de saúde como desejaria, em que, muitas vezes, tem de fazer 100 ou 200 quilómetros para se conseguir deslocar até ao centro de saúde da sua área. E, por outro lado, as equipas domiciliárias são finitas precisamente porque não têm também os recursos alocados. E estamos a falar numa fase de transição do Governo, mas em que as nossas unidades locais de saúde foram já criadas e estão já a trabalhar e este problema, não tendo sido acautelado e não foi, coloca a estas novas organizações de saúde problemas sérios, porque estamos a falar de uma unidade que tem que atender à comunidade que serve da mesma forma, com serviços equitativos a toda a população e na realidade, na prática, muitas delas não vão conseguir fazê-lo precisamente pela falta de recursos disponíveis.