Portugal vive uma circunstância política instável, fruto da queda do anterior governo de maioria absoluta provocada pelo comunicado da PGR e da anuência do Presidente da República que não aceitou os nomes propostos pelo PS nem procurou outra solução que evitasse irmos para eleições antecipadas.
Fomos para eleições antecipadas, sem que os partidos estivessem preparados para tal. IL, PSD, PS, BE e PCP tinham novos líderes que necessitavam de mais tempo para se afirmarem. O resultado está à vista, temos um governo que foi eleito por uma margem tangencial e pouca esperança num entendimento parlamentar que permita assegurar a estabilidade desejável.
Se o cenário político é pouco tranquilizador, torna-se mais preocupante quando o mais alto magistrado da nação tem uma conduta que não se coaduna com a responsabilidade das suas funções.
Todos tivemos conhecimento do caso das gémeas brasileiras e da forma atabalhoada como decorreu a tentativa de desculpabilização de Marcelo Rebelo de Sousa, mas as declarações por si proferidas que foram tornadas públicas na véspera do dia 25 de Abril ultrapassaram todos os limites…
O Presidente da República não devia ter abordado com despropositada leviandade um tema tão sério como a descolonização, que divide a sociedade, na véspera da comemoração de um dia em que deve prevalecer a união de todos. Além da data e forma inadequadas para trazer esse tema à liça, não realçou o que de bom foi feito e colocou-nos, enquanto País, numa posição humilhante e desconfortável, injustamente.
Mas não se ficou por aqui, a forma completamente inadequada e desrespeitosa como se referiu a António Costa e a Luís Montenegro denota que não está à altura das suas responsabilidades e reveste-se de alguma gravidade.
Marcelo Rebelo de Sousa tem um estilo próprio a que já nos habituou, coisa diferente é agir com uma irresponsabilidade tal que nos leva a questionar se estará bem. Não digo isto com qualquer intuito maldoso, digo por estar incrédulo com a sua postura e acreditar que em condições normais nunca teria proferido semelhantes “tolices”.
É verdade que não temos sido presenteados com aquelas imagens, inadequadas para um Presidente da República, de Marcelo a dar o seu mergulho perante as camaras televisivas. Não sei se por uma questão de privacidade, de ter percebido que não lhe ficava bem ou simplesmente por ter deixado de dar os seus mergulhos, e esta última possibilidade também pode justificar alguma coisa.
Dito isto, deparamo-nos agora com um problema acrescido, é que perante a provável instabilidade governativa corremos o risco de não ter um Presidente da República capaz de gerir uma crise política da melhor forma, o que pode ser muito penalizador para Portugal.
Impõe-se averiguar se o Presidente da República está capaz de se manter no cargo ou se necessita de ir descansar.
Não devemos ignorar o problema, é necessário encará-lo com o respeito que o cargo de Presidente da República nos merece e a responsabilidade que se impõe, Portugal pode não poder contar com o Presidente da República.