Instituição admite que divulgação de dados de criança e utilização da palavra linchamento foram “um erro”

Diretora executiva do CEPAC denunciou que criança nepalesa tinha sido vítima de “linchamento”, mas Ministério da Educação não tem indícios do caso.

O Centro Padre Alves Correia admitiu que foi um “erro” divulgar informações sobre a nacionalidade e a idade da criança alegadamente agredida numa escola. Entidade reconheceu ainda que a palavra “linchamento” não deveria ter sido utilizada pela diretora executiva.

“Reconhecemos que o termo linchamento, que foi utilizado, não é o adequado e surgiu enquanto manifestação espontânea face aos contornos da agressão, e assumimos que foi um erro prestar informação sobre a nacionalidade e a idade da criança”, lê-se num comunicado do Centro Padre Alves Correia (CEPAC).

A instituição reiterou, no entanto, a existência da agressão ao menor e garantiu que

“os factos e contornos” da situação denunciada pela direção foram transmitidos à Procuradoria da Família e Menores e ao Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) a quem cabe “o apuramento do ocorrido em sede própria”.

Sobre as declarações de Ana Mansoa à Rádio Renascença, onde foi denunciado o caso da criança nepalesa que a diretora executiva atribuiu a motivações “xenófobas e racistas”, o CEPAC esclarece que “surgiram no contexto de uma conversa telefónica, por iniciativa de jornalista da Rádio Renascença, enquadradas no pedido de exemplos que sustentassem a preocupação e perceção de organizações católicas sobre o aumento do discurso de ódio contra pessoas migrantes”.

“Desde a divulgação da notícia, o CEPAC teve e tem como prioridade salvaguardar o anonimato e bem-estar da criança”, salienta, frisando ser “difícil para as vítimas e testemunhas denunciarem estes casos, e que o foco deverá ser sempre a sua proteção”, lê-se no mesmo comunicado.

Sublinhe-se que os esclarecimentos da instituição surgem após o Ministério da Educação ter adiantado que não havia quaisquer indícios de um linchamento contra uma criança nepalesa, numa escola do concelho da Amadora.