O discurso de ódio da esquerda

A mesma esquerda que lança as farpas e logo de seguida, quando estas fazem ricochete, se vitimiza e acusa o seu espaço político à direita de ter ateado os fogos cujos rastilhos foram acesos por ela própria.

Uma simples e inofensiva frase, apesar de desnecessária, foi o suficiente para provocar um novo tumulto político, o qual foi devidamente explorado por uma esquerda cada vez mais extremista e por uma certa imprensa tendenciosa e ao serviço das supostas causas apregoadas por aqueles que se querem impor como os guardiães do regime.

Em sessão plenária, e com o propósito de criticar o prolongado espaço de tempo que se prevê para a construção do novo aeroporto de Lisboa, e comparando-o com a rapidez com que se pôs de pé o de Istambul, André Ventura referiu-se ao povo turco como não sendo conhecido como o mais trabalhador do mundo.

Registe-se que não lhe atribuiu mais nenhum epíteto negativo, deixando apenas no ar a ideia de que outros povos são reconhecidos como mais empreendedores do que os turcos.

Foi o suficiente para a extrema-esquerda parlamentar e a bloquista líder da bancada do PS, quais virgens ofendidas, virem a terreiro chorar baba e ranho e exigirem do presidente da AR que exercesse um poder censório sobre o deputado a quem acusaram de racista, xenófobo e de mais alguns dos atributos do costume.

Bem esteve Aguiar-Branco, que não se deixou comover com a choradeira colectiva de quem precisa de inventar comportamentos racistas por todo o lado como necessidade de sobrevivência política, recusando-se a cortar a palavra a um dos seus pares e lembrando que o livre exercício da liberdade de expressão é uma regra fundamental em democracia.

Caiu o Carmo e a Trindade e de imediato surgiram apelos à demissão do presidente do parlamento, saídos de deputados das bancadas nas quais a política deu lugar ao folclore, sob a acusação de permitir discursos racistas e xenófobos naquela casa, invocando-se a Constituição como arma de proibição de qualquer fala que não entre no crivo do politicamente correcto.

Ditas acções cívicas, supostamente despidas de conceitos ideológicos, entraram também na liça e fizeram as mesmas exigências, destacando-se, pasme-se, aquela agremiação que se intitula como SOS racismo e da qual é figura proeminente o capanga que diz que é preciso matar o homem branco.

Aguiar-Branco viu-se praticamente isolado, não tendo recebido, sequer, a solidariedade da sua própria bancada, assistindo-se mesmo ao vergonhoso comportamento daquele rapaz que puseram como líder parlamentar do PSD, ao demarcar-se da posição de princípio assumida pela segunda figura do Estado e pela qual, manda a ética, deveria nutrir maior respeito.

Não admira, porque Hugo Soares é o protótipo do político desta nova geração, a que poucos escapam: bem-falante e combativo, mas boçal, arrogante e vaidoso, e a quem não lhe é reconhecida uma única ideia válida, a não ser a fidelidade canina ao chefe pelo qual se afeiçoou.

Não nos esqueçamos, no entanto, que até o mais dócil dos canídeos por vezes, e no limite, é bem capaz de morder a mão de quem lhe dá de comer!

A esquerda, e em particular a mais arruaceira, bem como alguma dita direita envergonhada e incapaz de se libertar dos seus complexos de esquerda, ainda não se habituou à ideia de que na presidência do parlamento já não se encontra um assumido censor, faceta comum aos dois anteriores tribunos que presidiram aos trabalhos naquela casa, os quais usaram de todas as armas ao seu dispor para impedir que os deputados da ala mais à direita, sufragados pelo voto popular, se pudessem exprimir de acordo com o que pensam, que é identicamente o pensamento daqueles que neles votaram.

Dói, mas é verdade!

Desde então, temos assistido a um continuado debate entre os políticos radicais de esquerda e as televisões que os suportam, tendo como alvo não só os deputados do Chega, como o próprio Aguiar-Branco, aqueles por alegados insultos racistas, xenófobos, misóginos e homofóbicos, entre outros mimos, e este por os permitir.

Os opinadores do costume, cuja característica comum é partilharem a mesma linha política, têm-se multiplicado nos diversos serviços informativos, com todos a defenderem a mesmíssima ideia, a de que o exercício da palavra tem que ser controlado, pelo que tem de haver limites à liberdade de expressão.

Extraordinário! Estes ditos democratas de Abril, que ainda há poucos dias festejavam freneticamente nas ruas o meio século da abrilada, são os primeiros a posicionarem-se na primeira linha a pugnar por um regresso ao passado.

As parecenças com o Estado Novo são gritantes: também no tempo da outra senhora qualquer um tinha o direito de se exprimir livremente, desde que não se afastasse dos limites impostos pelo poder de então.

Agora, todos somos livres de manifestar o que nos vai na alma, desde que não pisemos a linha que separa o politicamente correcto do discurso discordante dos princípios que nos querem impor!

Para os censores de Abril, as palavras de ódio somente são proferidas à direita e, sobretudo, quando têm como destinatário uma qualquer minoria, seja na raça, na orientação sexual, na doutrinação marxista ou na fé islâmica.

Vindos da esquerda, os insultos, como que por magia, transformam-se em simples exercícios livres de opinião, mesmo quando dirigidos a uma extensíssima maioria da população!

No parlamento, ou fora dele, pode-se agredir verbalmente qualquer político da direita, apelidando-o de fascista, nazi, reaccionário, para além dos restantes habituais ismos, sem que nesses ataques ofensivos à honra dos visados se vislumbre qualquer tipo de ódio.

O ódio é, apenas e só, uma forma de expressão da direita e para o qual urge criar mecanismos que proíbam a sua propagação.

Esta é a maior mentira que nos vendem nestes tempos que correm.

É a esquerda, e não só a mais radical, mas também aquela que tomou de assalto um partido que durante décadas foi reconhecido pela sua moderação, o socialista, agora comportando-se de igual forma, por vezes até pior, do que os seus antigos parceiros da geringonça, que insiste em espalhar o ódio, tendo transformado o combate político não num confronto de ideias, ao qual nos tínhamos habituado, mas sim em afrontas pessoais e em catalogar os adversários com adjectivos que nunca neles encaixaram.

É a esquerda, com o seu discurso de ódio, persistente e cada vez mais intolerante, e em particular a partir do momento em que se começou a aperceber de que a sua influência se estava a esfumar, quem tem contribuído decisivamente para o lamaceiro em que se deixou cair a política portuguesa, espalhando o rancor e a animosidade um pouco por toda a sociedade.

A mesma esquerda que lança as farpas e logo de seguida, quando estas fazem ricochete, se vitimiza e acusa o seu espaço político à direita de ter ateado os fogos cujos rastilhos foram acesos por ela própria.

Observe-se, atentamente, as faces destas novas carpideiras do circo de S. Bento, que aspiram a controlar o nosso pensamento, sempre que se posicionam em frente às câmaras de televisão e vomitam as barbaridades que as consomem. No seu olhar não há simpatia nem benevolência, somente ódio e raiva!

O ódio em que o seu discurso enlameou a sociedade portuguesa!