Presidente do Ruanda defende historial de acolhimento

Paul Kagame discursou, de forma virtual, no Fórum de Segurança Global no Catar que se realizou esta semana.

O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, defendeu o historial do seu país na assistência aos refugiados. A defesa surge depois de ativistas de direitos humanos e outros criticarem  uma nova lei britânica que prevê o pagamento a Kigali para receber requerentes de asilo ilegais deportados do Reino Unido.

Num discurso virtual no Fórum de Segurança Global no Qatar, Kagame disse que a questão do acolhimento de migrantes não era nova no Ruanda e começou muito antes do acordo com o Reino Unido.

«Na verdade, ainda hoje estamos a processar migrantes que estão retidos na Líbia, que tentam atravessar para a Europa e ficaram retidos lá, ou outros que estão a morrer no Mediterrâneo», disse Kagame, acrescentando que o processo de fornecer  um «refúgio seguro» para as pessoas no Ruanda ou que estas sejam «processadas através do país para onde quer que quisessem», data de 2018.

«Na altura não tínhamos acordo com ninguém, não havia ninguém que pagasse a não ser nós mesmos. Mas as pessoas trabalhavam para instituições de migração, instituições internacionais ou ACNUR e assim por diante», afirmou o Presidente ruandês. «Desde 2018, centenas e milhares de pessoas foram transportadas por via aérea da Líbia para o Ruanda. Acho que foi isso que o Reino Unido notou. Que havia outra maneira de lidar com esse problema», acrescentou Kagame.

Legislação britânica

O Parlamento britânico aprovou a nova legislação para enviar alguns migrantes para o Ruanda em abril, abrindo as portas para voos mais regulares no verão.

O controverso plano do primeiro-ministro britânico Rishi Sunak visa dissuadir as arriscadas travessias do Canal da Mancha por parte de pessoas desesperadas para tentar chegar ao Reino Unido.

Ativistas de direitos humanos e grupos de migrantes prometeram continuar a lutar contra esta política, que consideram antiética e desumana.

No Fórum de Segurança Global no Qatar, que terminou na quarta-feira, os delegados discutiram questões relacionadas com a gestão da cadeia de abastecimento, segurança energética, semicondutores de alta qualidade e segurança alimentar.