Execuções por pena de morte atingem valor mais elevado desde 2015

Irão responsável por 74% do total de execuções, mas Amnistia Internacional acredita que é a China, onde não são conhecidos os dados reais, que mais aplica a pena de morte.

O número de execuções nos países em que existe pena de morte atingiu no ano passado o valor mais elevado em quase uma década, alertou a Amnistia Internacional, esta quarta-feira.

Segundo dados daquela organização, houve 1.153 execuções em 16 países em 2023, mas o valor real deverá ser ainda maior, pois este balanço “não inclui os milhares [de execuções] que se acredita terem sido realizadas na China”.

Face a 2022, registou-se um aumento de mais de 30%, sendo 2023 o ano com o valor mais elevado desde 2015, quando o número conhecido de pessoas executadas chegou a 1.634.

A secretária-geral da Amnistia Internacional, Agnès Callamard, explicou que o “enorme aumento nas execuções registadas” em 2023 se fica a dever “principalmente ao Irão”.

“As autoridades iranianas demonstraram total desrespeito pela vida humana e intensificaram as execuções por crimes relacionados com drogas, realçando ainda mais o impacto discriminatório da pena de morte nas comunidades mais marginalizadas e empobrecidas do Irão”, acrescentou representante.

Por outro lado, o número de países que aplicaram a pena de morte foi o mais baixo alguma vez contabilizado pela Amnistia Internacional.

O relatório aponta a China, o Irão, a Arábia Saudita, a Somália e os Estados Unidos como os cinco países com maior número de execuções em 2023, sendo o Irão responsável por 74% de todas as execuções registadas.

No entanto, a Amnistia Internacional acredita que á a China quem “continuou a ser o principal carrasco do mundo”, onde a real aplicação da pena de morte  não é conhecida, pois os dados são classificados como segredo de Estado.

A organização considera que o fim da pena de morte está ainda muito longe e lembra que, no final do ano passado existiam mais de 27.600 condenados à morte.