O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) devia ser uma excelente ferramenta de trabalho para as Forças de Segurança, mas por questões ideológicas de pouco serve. É natural que os governos procurem que ninguém seja estigmatizado pela sua etnia, crença ou nacionalidade, pois sabemos que notícias que revelam as origens daqueles que cometem crimes podem acabar por contribuir por generalizações perigosas. Mas o contrário também é verdade. Ao ocultar-se, às Forças de Segurança, esses dados, as mesmas ficam impedidas de fazer um trabalho de prevenção adequado, além, como me dizia um chefe da PSP, de se ajudar na reinserção social. Ouvi muitos elementos policiais e quase todos pensam o mesmo: as polícias têm de ter a informação necessária para fazerem o seu trabalho de forma eficiente.
Quando se diz que a criminalidade grave, violenta, altamente organizada e complexa teve um aumento de mais de 5%, muitos vão apontar, calculo, injustamente numa direção. E quando se constata que o crime de extorsão, a que muitos imigrantes estão sujeitos, nomeadamente de compatriotas seus, aumentou mais de 25%, a história começa a complicar-se. Mas, sejamos honestos, ninguém pode dizer, de uma forma séria, que o crime aumentou ou não com a vinda da última leva de imigrantes, até porque os autos de notícia não especificam a nacionalidade de quem comete os crimes. Quando muito, pode olhar-se para os dados da população prisional e aí constatamos que nos últimos anos a percentagem de estrangeiros subiu de 15 para 20%.
Como dizem alguns oficiais de Polícia ouvidos pelo Nascer do SOL, é natural que alguns Observatórios venham com a lenga lenga que baixou ou subiu. Não há nenhum estudo científico que o possa provar. O que se pode provar é que começam a existir problemas sérios provocados por diferenças culturais. Esconder isso parece-me muito perigoso, embora a extrema-esquerda se alimente da história do racismo como o Cristiano Ronaldo se alimenta de golos. O caso mais paradigmático foi o da criança nepalesa que tinha sido agredida por várias crianças portuguesas e que teria sofrido praticamente um linchamento. Depois, tudo se provou que era falso e só há notícia de uma criança, supostamente, síria que teve um grave problema com outro jovem migrante.
No caso das mulheres que são agredidas e ofendidas no Porto e em Lisboa por usarem minissaia ou um decote mais pronunciado, não se ouviu ninguém do SOS Racismo, ou organismos similares, a defender as agredidas. Já se percebeu que a extrema-esquerda, à semelhança, claro, da extrema-direita, não beberam chá de bom senso. Ambos os extremos vivem e alimentam-se de polémicas, acusando e defendendo consoante lhes interessa.
Portugal ainda é o sétimo país mais seguro do mundo, convém que não brinquemos com questões ideológicas para nos transformarmos num país inseguro. Há quem diga que temos fortes possibilidades de nos transformarmos num país de narcotráfico, à semelhança da Galiza. Cuidemos pois deste espaço encantador à beira mar, que tem e deve receber milhares e milhares de imigrantes, mas que sejam devidamente enquadrados para respeitar a nossa cultura.