Foi de forma completamente inesperada que Paulo Lourenço morreu na passada sexta-feira, aos 52 anos, na cidade da Praia, vítima de um enfarte cardíaco fulminante. Embaixador de Portugal em Cabo Verde, ocupava o cargo desde dezembro de 2022.
O diplomata sentiu-se mal ao chegar a casa, pouco antes das 20 horas locais (22 horas em Lisboa), após uma caminhada. Apesar das manobras de reanimação, chegou já sem vida ao Hospital Agostinho Neto, na capital cabo-verdiana, para onde foi transportado de ambulância. Nesse mesmo dia, durante a tarde, tinha participado em atividades públicas no centro histórico da Praia e na Escola Portuguesa de Cabo Verde. Diversos membros do Governo cabo-verdiano, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Figueiredo Soares, acompanharam durante a noite a equipa da embaixada portuguesa em Cabo Verde, no hospital.
«É com enorme pesar que a Embaixada de Portugal informa que o Embaixador de Portugal em Cabo Verde, Paulo Lourenço, faleceu ontem, sexta-feira, vítima de ataque cardíaco. A Embaixada de Portugal agradece todas as mensagens de condolências que recebeu e todas as expressões de pesar pelo falecimento do nosso Embaixador, um grande amigo de Cabo Verde», lamentou em nota a Embaixada em Cabo Verde
O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, recordou-o como «um homem culto, vigoroso e inovador» que «estava a pôr novos e importantes pilares nas excelentes relações entre Cabo Verde e Portugal», deixando «saudades e um vazio impreenchível», escreveu no Facebook. Já Paulo Rangel destacou o «diplomata exemplar». «Com profundo pesar, apresento, em nome do Governo português e em meu nome, sentidas condolências à família do embaixador Paulo Lourenço. Diplomata exemplar, ontem falecido em Cabo Verde, aí granjeou enorme reconhecimento, prestígio e simpatia, que pessoalmente pude testemunhar», lê-se na nota de pesar publicada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros português no Instagram.
O Presidente da República também divulgou uma nota lamentando «a triste notícia». «Ainda no início do mês tinha estado com ele na Praia e no Tarrafal, nas cerimónias comemorativas do 50.º aniversário da libertação deste terrível campo de presos políticos, e na Visita de Estado. Diplomata competente e dedicado, na força da idade, o seu desaparecimento deixa um vazio em todos os que com ele conviveram e trabalharam. À Família, amigos e colegas do nosso Corpo Diplomático, o Presidente da República apresenta sentidas condolências», lê-se na nota de Marcelo Rebelo de Sousa.
Paulo Jorge Lopes Lourenço nasceu a 10 de março de 1972, em Angola. Desde 1995 que era diplomata de carreira tendo desempenhado funções nas embaixadas de Portugal em Luanda, Londres, Sarajevo e Belgrado. Entre 2012 e 2018 foi cônsul-geral em São Paulo. Segundo o Mundo Lusíada, dias antes de encerrar as suas funções no Brasil, foi recebido na Câmara Municipal de São Paulo, e recebeu Título de Cidadão Paulistano.
Entre fevereiro de 2020 e até ser nomeado embaixador em Cabo Verde chefiou ainda a Direção-Geral de Política de Defesa Nacional. Nessa altura, negociou o novo programa-quadro de Defesa entre Portugal e Cabo Verde para o período 2022 a 2026.
Em 2022, escreveu: «É para mim uma honra e um privilégio poder servir Portugal em Cabo Verde, terra e gente que aprendi a conhecer, respeitar e a apreciar ao longo de muitos anos, em várias funções oficiais, e em visitas privadas. No momento em que inicio as funções de Embaixador, estou bem ciente que tenho muito onde me apoiar: a língua, a história, as extensas ligações familiares e pessoais, as comunidades portuguesas e luso-cabo-verdianas aqui, em Portugal e espalhadas pelo mundo. Dificilmente se encontra hoje um outro país com quem Portugal exiba o nível de convergência estratégica, proximidade e profundidade no relacionamento, a todos os níveis, do que aquele que desfruta com Cabo Verde […] Servir Portugal aqui é também trabalhar em prol da comunidade portuguesa, das numerosas empresas e empresários que aqui investem, exportam e criam emprego. É também contribuir para a recuperação económica e o desenvolvimento sustentável (…) Sei que poderei contar com todos. Saibam que podem contar comigo. Estamos juntos. Caminhamos juntos», lê-se no Portal Diplomático.