Euro 2024. Portugal desceu à terra sem brilho

As 24 melhores seleções europeias vão lutar por um lugar na final de Berlim. Portugal é um dos favoritos, mas tem de jogar mais e melhor do que fez nas últimas partidas.

A Alemanha vai a ser o centro do futebol com o Campeonato da Europa 2024, cujo pontapé de saída é dado na sexta-feira. Vai ser uma longa maratona, de 51 partidas em 10 estádios, onde vão estar 2,7 milhões de espetadores, até encontrar o sucessor da Itália, campeã em 2021. A competição começa dia 14, com o jogo de abertura Alemanha-Escócia, no Allianz Arena, em Munique, e termina um mês depois, com a final no histórico Estádio Olímpico de Berlim, onde Portugal quer estar presente. O caminho para a glória desportiva tem sete difíceis obstáculos, embora os adversários da fase de grupos sejam, teoricamente, os menos complicados. Os portugueses não se podem queixar do sorteio, pois vão ter como adversários a República Checa (dia 18, às 20h00), a Turquia (dia 22, às 17h00) e a estreante Geórgia (dia 22, às 20h00). As duas primeiras seleções de cada grupo e as quatro melhores terceiras avançam para os oitavos de final.

Portugal fez uma qualificação perfeita, com dez vitórias e algumas goleadas perante equipas de nível inferior, onde a qualidade individual dos portugueses  era suficiente para ganhar. Quando defrontou seleções que vão estar no Campeonato da Europa, viu-se o pior da equipa das Quinas – perdeu com a Eslovénia (0-2) e a Croácia (1-2). Nos jogos com grau de dificuldade acrescida faltou dinâmica coletiva e sobraram os desequilíbrios e as falhas defensivas. Enfim, foi um futebol pobre e sem identidade. Hoje, defronta a República da Irlanda (19h45, RTP 1) no derradeiro jogo de preparação para o Euro 2024 e espera-se, finalmente, uma exibição digna dos jogadores que tem. A questão que se coloca é saber se Roberto Martínez vai a tempo de montar uma dinâmica coletiva ganhadora quando estamos a uma semana do primeiro jogo.

Derrotas motivadoras

O selecionador continua com um discurso positivo e a dizer que as derrotas têm um efeito positivo sobre a equipa… Pode ser que tenha razão. Enquanto isso, a República Checa, adversária de Portugal, goleou Malta (7-1), Espanha fez o mesmo à Irlanda do Norte (5-1) e os Países Baixos despacharam o Canadá (4-0).

O ambiente na seleção é bom, os jogadores estão alinhados com a mensagem do selecionador, mas a verdade é que Portugal falhou na preparação para o Europeu. A próxima paragem é na Alemanha, e o mínimo que se exige à equipa de Roberto Martínez é vencer o grupo F por duas razões: tem melhores jogadores e fica com a vida facilitada para a fase seguinte. Tendo em conta a grelha de jogos do Euro 2024, ficar no lado bom pode ser determinante para avançar até Berlim. Caso vença o seu grupo, defronta nos oitavos de final o terceiro classificado do grupo A/B/C (até pode voltar a encontrar a Croácia), mas, se ficar em segundo lugar, arrisca-se a defrontar a França na fase a eliminar e convém não abusar da sorte. 

Vinte anos passaram desde que um jovem de 19 anos, com gel no cabelo e o número 17 nas costas, disputou o seu primeiro Campeonato da Europa. Desde então, construiu uma carreira única, bateu quase todos os recordes e conquistou cinco Bolas de Ouro. Estamos naturalmente a falar de Cristiano Ronaldo, que vai disputar o sexto Europeu e é, indiscutivelmente, o ícone da competição. O capitão da seleção tem 25 jogos disputados, 2.155 minutos em campo e é recordista de golos em fases finais (14).

Destaque também para a arbitragem portuguesa, que volta a marcar presença numa grande competição. Artur Soares Dias está entre os 19 árbitros principais eleitos pela UEFA para a fase final desta competição.

Favoritos

Portugal não está sozinho na luta pela conquista da taça Henry Delaunay, considerado o “pai” do Campeonato da Europa de seleções, que teve a primeira edição em França, em 1960. A mesma França que é uma principais candidatas a conquistar este troféu, que lhe escapa há 24 anos e que, em 2016, já considerava ser seu, mas esqueceu-se de Éder… Os franceses querem vingar os dois últimos desaires e com o trio Mbappé, Griezmann e Dembelé tudo fica mais fácil.

A vice-campeã Inglaterra deu-se ao luxo de deixar em casa Maguire e Grealish, mesmo assim é uma das favoritas, pois tem outros jogadores que fizeram uma grande época nos respetivos clubes, caso de Kane, Bellingham e Foden. Sob a liderança de Southgate a seleção dos Três Leões tem mostrado um futebol de qualidade, vibrante e ofensivo, tem tudo para fazer esquecer a derrota na final de Wembley, em 2021. De salientar que a Inglaterra é a seleção com mais jogos (38) disputados em fases finais de campeonatos da Europa.

A Espanha está determinada a voltar ao topo com uma equipa em fase de reconstrução, que alia jogadores experientes como Carvajal e Morata a jovens com muito talento, caso de Yamal, Rodri e Olmo. Com miúdos deste gabarito, há grandes hipóteses de serem felizes.

O mesmo acontece com a Alemanha, que apresenta uma nova geração de jogadores com muita vontade de ganhar, até porque jogam em casa. Musiala e Wirtz são alguns dos craques que querem mostrar que a Mannschaft continua a ser uma potência no futebol europeu, agora sob a orientação do também jovem treinador Nagelsmann.

A Espanha e Alemanha procuram o tetracampeonato de seleções. A Itália, atual campeã europeia, passa por um processo de renovação e pode causar surpresa. Também as casas de apostas do Euro 2024 apontam Portugal como um dos principais candidatos. Apenas a Inglaterra, França e Alemanha reúnem maior favoritismo do que a equipa das Quinas.

Além do prestígio de participar no Europeu, há outros valores em jogo. A UEFA vai distribuir 331 milhões de euros pelas 24 seleções participantes de acordo com o desempenho de cada uma. Cada seleção tem um prémio de participação de 9,2 milhões de euros e a campeã europeia recebe 28,2 milhões de euros se fizer o pleno de vitórias. Cada triunfo rende um milhão de euros e o empate vale 500 mil euros. Vão ser entregues 40 medalhas de ouro à seleção vencedora e 40 de prata à vice-campeã.

Jogadores e árbitros vão ter a nova bola “inteligente” Fussballliebe, que significa amor ao futebol. Foi criada pela Adidas, incorpora a tecnologia Connected Ball que permite acompanhar o movimento da bola, e um m icrochip que ajuda o árbitro a decidir quando um jogador toca com a mão na bola e nas jogadas de fora de jogo.