Esqueça tudo o que viu e leu sobre o Renault Scenic! Eleito Carro do Ano Internacional 2024, o novo modelo vem reforçar a presença da marca francesa no segmento C apostando numa imagem moderna, muita tecnologia e um grupo propulsor sustentável. De notar que a primeira geração recebeu idêntica distinção por parte de um júri especializado em 1997.
Começou por ser um monovolume compacto, mas agora Renault apresenta-o como um SUV (Sport Utility Vehicle), segmento que está em alta na Europa. Independentemente da designação, continua a ter no design e funcionalidade os principais argumentos e a família agradece. A imagem bastante forte não difere muito do concept car Scénic Vision Concept desvendado há dois anos. Há elementos marcantes caso do musculado capot, da grelha com o emblema ao centro e uma parte inclinada onde aparecem os losangos e dos puxadores de porta embutidos. A assinatura luminosa é composta por luzes de dia de forma geométrica na dianteira, ao passo que na traseira sobressaem os farolins que se prolongam pelos painéis laterais. O aspeto exterior melhora bastante com as jantes de 20 polegadas.
O primeiro Scenic foi concebido de dentro para fora para satisfazer as necessidades familiares em termos de espaço. A nova geração respeita essas premissas, só que com mais sofisticação e tecnologia. Debaixo de tão imponente carroçaria encontramos um habitáculo com uma apresentação cuidada e materiais de qualidade, embora também haja alguns plásticos duros. As dimensões (é 6 cm maior do que a geração anterior), a distância entre eixos e a colocação das rodas nos extremos da plataforma favorecem a habitabilidade, que é das melhores do segmento. Os passageiros do banco traseiro têm espaço suficiente para as pernas e em altura, a largura ao nível dos ombros dá alguma liberdade de movimentos e o lugar central embora mais estreito não penaliza muito o conforto. Ainda no interior, destaque para a consola central com bastante arrumação e para o engenhoso apoio de braços traseiro, com dois porta-copos e suporte para smartphones ou tabletes e duas portas USB. De forma simples, estão reunidas as condições para quem viaja atrás estar entretido.
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Outro ponto forte deste modelo é o espaço para bagagem de 545 litros na configuração normal, que chega aos 1.670 litros com o banco traseiro rebatido, o que dá perfeitamente para transportar a bagagem de uma família pequena. Mas nem tudo é perfeito, a altura ao solo dificulta a colocação de objetos mais pesados e, ao rebater os bancos traseiros, o espaço de carga não fica plano. Bem melhor é a porta traseira elétrica e o prático compartimento que fica sob o piso da bagageira que permite guardar os cabos de carregamento.
O equipamento Esprit Alpine é bastante completo e compreende bancos desportivos, volante Alpine, retrovisores exteriores elétricos rebatíveis e com desembaciamento, sensores de chuva e luz, ar condicionado automático bi-zona, aquecimento dos bancos dianteiros e volante e carregador de smartphone por indução, entre muitos outros elementos. Ainda no interior, destaque para o sistema multimédia OpenR Link com aplicações Google de entretenimento e informação, compatível com Android Auto e/ou Apple CarPlay.
O Secnic está igualmente equipado com dispositivos que tornam a condução mais fácil e segura, caso do cruise control adaptativo, reconhecimento dos sinais de trânsito com alerta de excesso de velocidade, sistema de controlo de travagem, sistema de travagem de emergência ativa com deteção de peões e ciclistas, alerta de obstáculo traseiro com travagem de emergência, alerta de distância de segurança e aviso e prevenção de saída da faixa de rodagem. Os habituais airbags, sensor da pressão dos pneus e alerta de fadiga do condutor fazem também parte do equipamento.
Esta versão tinha opcionais bastante interessantes, caso do teto panorâmico Solarbay (1.500 euros). O vidro transparente torna-se opaco por segmentos impedindo que os raios solares e o calor entrem no habitáculo graças à tecnologia de cristais líquidos e campos magnéticos. Destaque também para o Pack Augmented Vision & Advanced Driving Assist (1.500 euros), que inclui vários sistemas que tornam a condução mais fácil e segura, carregador de bordo CA de 22kW (1.500 euros) e Pack Harman Kardon (850 euros).
A Renault alarga a gama de veículos 100% elétricos à gama Scenic. Este modelo tem por base a plataforma AmpR Medium (a mesma do Megane E-Tech) e um motor elétrico de 220 cv (160 kW) e 300 Nm de binário, que é alimentado por uma potente bateria de 87 kWh. Os dados da marca anunciam uma velocidade máxima de 170 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 7,9 segundos. O consumo de energia elétrica é de 17,4 kWh/100 Km em ciclo combinado e de 13,4 kWh/100 Km em ciclo urbano. Em teoria, a autonomia podia chegar aos 625 quilómetros, segundo o ciclo de homologação WLTP, mas a realidade não é bem assim. Apesar disso, importa reconhecer que a autonomia é superior à dos principais concorrentes com uma potência semelhante. Fazendo uma condução sem grandes pressas registámos um consumo de 18,8 kWh/100 km, ou seja, podemos percorrer boas distâncias com tranquilidade, tendo sempre presente que em viagens mais longas é necessário recarregar. Quando selecionamos o modo Sport para andar um pouco mais depressa o consumo de energia dispara para 29 kWh/100 km.
Na altura de recarregar a bateria, o utilizador pode utilizar os sistemas de carregamento existentes nos postos de recarga rápida nas autoestradas e vias rápidas e no domicílio. De salientar que o carregamento a uma potência máxima de 150 kW DC demora 38 minutos para ir dos 15 aos 80% de carga.
A posição de condução é um pouco mais elevada do que, por exemplo, no Megane. A direção é ligeira em cidade e oferece a consistência desejada em estrada, já a colocação do comando da caixa atrás do volante requer habituação.
O condutor pode usar o Multi-sense para selecionar o modo de condução desejado entre Confort, Sport, Eco e Personal. Ao mudar de opção vai sentir diferença na resposta do acelerador e a direção fica mais firme, isso é particularmente evidente na configuração Sport. De salientar que as patilhas no volante permitem escolher o nível de regeneração da bateria quando se levanta o pé do acelerador, existem quatro níveis que têm por objetivo reduzir o consumo de energia.
As estradas rápidas são o terreno de eleição do Scenic. Consegue-se andar com grande à vontade e conforto, já que o amortecimento suave filtra muito bem o piso irregular. Em percursos sinuosos e curvas mais acentuadas feitas a um ritmo mais elevado sente-se um pouco os movimentos de carroçaria. As enormes jantes de 20 polegadas e o controlo de estabilidade ajudam a manter o Scenic sempre no bom caminho.
Em linha com as boas práticas, o Scenic é um automóvel sustentável. Não utiliza terras raras no motor elétrico e não tem nenhum elemento em pele de origem animal, isso é bem evidente no interior onde foi abandonado o uso do couro.
O Scenic E-Tech está disponível a partir de 40.690 euros (170 cv) e 46.500 euros (220 cv). A versão Esprit Alpine dispõe de um vasto equipamento e de inúmeros opcionais o que justifica o preço de 58.726 euros, um valor que está alinhado com os principais concorrentes.
