Definhamento Demográfico

Todos sabemos os custos que criar uma criança acarreta para os pais e a falta de incentivo por parte do Estado às famílias mais jovens.

Um dos grandes problemas do nosso País é o envelhecimento da população e, infelizmente, a conjuntura que vivemos impede a maioria dos casais jovens de constituir família. Por outro lado, felizmente, tem aumentado significativamente o número de pessoas que vivem para além dos 80 anos, sendo também uma das razões para o caos que se vive no SNS.

A nossa realidade é preocupante e, se nada for feito para contrariar esta tendência demográfica, é posta em causa a sustentabilidade da Segurança Social e, consequentemente, hipotecamos o nosso futuro, ou então ficamos completamente reféns do recurso à mão de obra de imigrantes.

Confrontados com a circunstância atrás referida, não estamos minimamente preparados para cuidar de quem cuidou de nós. O ritmo de vida de hoje não permite à maioria das famílias acolher devidamente os mais velhos e dar-lhes a devida atenção, por outro lado, o Estado não oferece as alternativas necessárias, sejam lares de idosos ou apoios financeiros para as famílias que queiram e possam cuidar dos mais velhos nos seus domicílios.

Este é um problema sério que continua a ser ignorado. Os lares existentes são manifestamente insuficientes e, hoje em dia, as famílias com rendimentos limitados veem-se confrontadas com grandes dificuldades para dar a dignidade merecida aos seus familiares mais velhos.

A agravar este panorama preocupante, temos um nível de pensões baixíssimo que, muitas vezes, nem permite aos pensionistas comprar a medicação de que necessitam. É injusta, é desumana e indigna a forma como tratamos os mais velhos e isso deve corar-nos a todos de vergonha, enquanto sociedade.

Que País é este em que uma grande parte dos idosos sobrevive com imensas dificuldades, em muitos casos sem ter quem os acolha com a dignidade que se impõe e que com frequência são vistos como um “peso” na sociedade, fazendo-os mesmo sentir que já cá estão a mais!

Por outro lado, os jovens saem de casa dos pais tardiamente e a grande maioria não tem sequer condições para ter uma casa, pois os valores salariais pagos em Portugal são incompatíveis com a aquisição de habitação pelos valores de mercado praticados e também com o arrendamento. Ora, um jovem casal ao deparar-se com as dificuldades em obter independência, como um tecto para viver, não pode equacionar ter filhos, por muito que o deseje. Todos sabemos os custos que criar uma criança acarreta para os pais e a falta de incentivo por parte do Estado às famílias mais jovens.

Um dos maiores problemas do País, é o desequilíbrio demográfico que tem de ser combatido com medidas eficazes. A classe política tem passado ao lado deste problema, talvez porque não gere grandes votos e só pensem o País a muito curto prazo, mas não há mais tempo a perder! Não podemos continuar a menosprezar os mais velhos e a ignorar os mais novos, tornando-nos numa sociedade envelhecida, desprovida de valores e sem qualquer esperança no futuro.

Urge inverter a curva demográfica, dando condições de vida dignas aos mais velhos e incentivando os casais novos que queiram constituir família, só assim, evitamos este definhamento demográfico que nos deve preocupar a todos.