Quando Ventura sair, o Chega acaba

Muitos decretaram o princípio do fim do Chega. Parece-me manifestamente exagerado…

Menos de dois milhões e meio de portugueses decidiram não ir votar de março para junho, sendo que desta vez até tinham a possibilidade de votar em qualquer sítio, devido ao voto em mobilidade. Como é possível que de 10 de março, data das eleições legislativas, para 9 de junho, a das europeias, tantos portugueses tenham optado por não aparecer em nenhuma mesa de voto? A explicação talvez seja simples: não acreditam que os 21 eleitos portugueses possam fazer alguma diferença em Bruxelas e Estrasburgo, quando não é bem assim, como se sabe. Muito do que é definido para a nossa vida, é decidido em Bruxelas…

Nestas eleições, o Chega levou uma verdadeira tareia, tendo perdido mais de 780 mil votos, em comparação com as legislativas. Mas, ao contrário do BE e do PCP, não creio que o partido de André Ventura vá descer dos dois dígitos nas próximas legislativas. O Chega é André Ventura, sem ele deve morrer como aconteceu com o PRD de Ramalho Eanes, mas para se chegar a esse ponto ainda falta alguma coisa. É evidente que estará a desiludir o seu eleitorado ao votar, sistematicamente, ao lado do PS, mas não acredito que Ventura não vá mudar a agulha. Ele fareja votos como um perdigueiro cheira lebres. É certo que usou uma arma tão frouxa como um canivete sem lâmina, mas não decretem a sua morte, até porque é exagerada.

 O Chega tem o seu público nos descontentes do país, daqueles que querem ouvir Ventura dizer o que antigamente se dizia na tasca ou no táxi. Além disso, Ventura usa a imigração como trunfo, pois aproveita as parvoíces da esquerda que só o alimentam. Qualquer pessoa de bom senso concorda que Portugal precisa de muitos imigrantes, mas também precisa de uma imigração controlada, que possa ser bem enquadrada, onde os seus deveres serão similares às suas obrigações. Respeito de ambas as partes, mas sabendo que a cultura vigente é para ser respeitada. As mulheres, por exemplo, têm os mesmos direitos que os homens e podem muito bem andar de minissaia. Quem não entende isso, precisa de ser enquadrado.

Há umas semanas fiz uma entrevista ao responsável do serviço dos jesuítas para os refugiados, André Costa Jorge, que defendia que Portugal precisa urgentemente de abrir consulados nos países de onde vêm milhares de imigrantes, por forma a legalizá-los à partida, contribuindo dessa forma para acabar com a máfia da imigração. São passos tão simples como esse que contribuirão para o fim do discurso radical. Portugal tem tudo para dar certo, é preciso é que sejam tomadas decisões claras e objetivas.

P. S. A saga dos polícias parece não ter fim. Os sindicatos, quase todos, já abdicaram dos 600 ou 1026 euros._Agora estão nos 400, em três anos. O problema é que o Governo não pode abrir tanto o cofre, pois sabe que logo virão outros profissionais, com os militares à cabeça, a exigirem o mesmo. Assim sendo, parece-me que vamos ver muitos polícias na rua, mas não fardados, e sim a protestar. A não ser que os mais novos digam que preferem ficar já com 200 euros e esperar por outras regalias que estão a ser negociadas. Certo é que o Governo bem pode agradecer ao período de férias que aí se aproxima, que contribuirá para um menor número de manifestações.

P. S. 2. Ah! Diz-se que na PSP já há um sindicato gémeo da Fenprof, o SINAPOL, que está e estará contra todas as propostas do_Governo, que não a equiparação ao subsídio de missão da PJ e das secretas.