Cascais comemorou 660 anos. Ao longo de uma semana, orgulhosos da história do nosso concelho e dos valores que fundam a nossa identidade, apresentámos um vasto programa de comemorações que envolveu todos os cascalenses. Terminou ontem, dia 13, no nosso feriado municipal.
A narrativa de Cascais é feita de fragmentos da história e das pessoas que fizeram parte dela. Cascais é o lar de tanta gente, de países diferentes, mas que ao longo de séculos construíram a nossa casa comum.
Parabéns aos que fazem diariamente o nosso concelho em respeito pelo nosso passado e pelo nosso futuro. É esse envolvimento, esse espírito de união e de solidariedade que desejamos que saia reforçado de uma comemoração que só pode ser feita por cascalenses, com cascalenses e para cascalenses.
Falo de cascalenses no sentido mais abrangente. Dos cascalenses das quatro freguesias do concelho. Dos que cá nasceram, mas que aqui não vivem, e dos que aqui vivem mesmo não tendo aqui nascido. Mas falo também de todos os que aqui trabalham, que aqui estudam, que investem ou até mesmo dos que nos visitam. Falo dessa grande comunidade tolerante e de braços abertos ao mundo, que ao longo de 660 anos se tem dedicado a construir um território tolerante e próspero.
As celebrações da semana do município começaram com o reconhecimento daqueles que fazem a diferença, que são exemplo e inspiração. As pessoas e as instituições, um universo de cidadania representado nas Associações que, com mais de 100 anos, desempenham um papel fundamental no fortalecimento da Democracia Colaborativa, especialmente no ano em que celebramos os 50 anos do 25 de Abril. Associações que distinguimos com as Medalhas de Mérito Municipal, no coração da Vila, onde tivemos o privilégio de receber o Papa Francisco no ano passado, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude. E por esta razão, 2023 ficará para sempre na história de Cascais e dos cascalenses – pela primeira vez, em Cascais, um Papa, Francisco.
E destes grandes momentos vive a história. Continuaremos a trabalhar para, junto com os munícipes de Cascais, contar novas histórias. 660 anos é uma data que devemos ter presente, um momento marcante da nossa identidade. Tem a força natural de nos impelir para a união. Assinala transformações.
Tudo muda demasiadas vezes e demasiado depressa. Tivemos um grande exemplo com a pandemia. Um desafio que ultrapassámos juntos porque ninguém resolve problemas sozinho. Tenho a consciência clara que o futuro só não nos trará mais surpresas indesejáveis se formos capazes de envolver os cidadãos nas decisões. A política, seja ela municipal, nacional ou europeia, é o domínio dos cidadãos. Por isso, apostamos e aprofundamos as ferramentas de Democracia Participativa e Colaborativa. Porque só quando nos apoiamos na força e na energia de cada um dos nossos cidadãos, seremos capazes de vencer a luta mais dramática da nossa geração: a guerra contra a exclusão social.
Vivemos tempos que exigem o melhor de cada um de nós. A ascensão dos poderes autocráticos, o regresso da guerra às nossas fronteiras, a inteligência artificial, a desigualdade económica, a instabilidade profissional e a falta de educação para a democracia representam poderosas ameaças ao regime da liberdade. A proteção dos princípios democráticos nunca foi tão crucial e todos nós temos uma escolha a fazer. A escolha é entre a ação ou a demissão; a mobilização ou a contestação; a união ou a fação. A escolha é entre o fracasso e o futuro. A escolha que os nossos pais e avós fizeram há 50 anos quando, no dia 25 de abril, lideraram a terceira vaga da democratização.
Tal como nós olhamos para trás com orgulho, as gerações que aí vêm vão julgar-nos em função do lado em que escolhermos ficar. A nossa história mostra-o, e a minha experiência diz-me, que as gentes de Cascais já fizeram a sua escolha e já escolheram o seu lugar há muito tempo: escolheram o futuro. É esse futuro que, com os cascalenses, celebrámos os 660 anos da nossa vila.
Parabéns Cascais!