À medida que entramos no novo mandato europeu e nos aproximamos das próximas escolhas para os diversos cargos, é importante ponderar sobre o futuro que desejamos para Portugal dentro da União Europeia. É inegável que a adesão à União Europeia proporcionou ao nosso país inúmeras vantagens e estabilidades. Desde a sua integração, Portugal tem beneficiado de um investimento significativo em infraestruturas, setores estratégicos e desenvolvimento regional. A estabilidade económica e social promovida pela UE não só fortaleceu a nossa economia como também incentivou o crescimento de áreas menos desenvolvidas, revitalizando comunidades e ampliando oportunidades para todos os portugueses.
No entanto, o caminho rumo à integração europeia não foi isento de desafios nem de políticas que tiveram consequências negativas. A imposição de quotas na agricultura e na indústria, se inicialmente procuravam equilibrar a oferta e a procura, teve repercussões significativas em setores fundamentais da economia portuguesa. A rigidez das políticas uniformes nem sempre se mostrou adequada para realidades económicas diversificadas, evidenciando a necessidade de políticas mais flexíveis e adaptáveis às especificidades regionais.
Ao mesmo tempo que a União Europeia representa um exemplo notável de cooperação transnacional, especialmente evidente durante a crise da covid-19, a resposta coordenada na aquisição e distribuição de vacinas destacou a força da União Europeia em tempos de crise e o que ganhamos por uma ação de cooperação concertada. A capacidade de negociar como bloco proporcionou a Portugal acesso rápido e equitativo às vacinas que sozinho não teria. Este é um claro exemplo de como a solidariedade europeia traz benefícios aos Estados-membros.
Contudo, é importante reconhecer que nem todas as questões podem ou devem ser resolvidas através de uma abordagem centralizada. A gestão da crise migratória é um exemplo disso, onde a necessidade de um controlo fronteiriço mais próximo e eficaz torna-se evidente. Os países europeus têm de ter a coragem e a capacidade de vigiar as suas fronteiras, enquanto asseguram políticas específicas de asilo humanitário de acordo com a sua realidade e capacidade.
Neste sentido, é essencial encontrar um equilíbrio entre a cooperação europeia e a autonomia nacional. A União Europeia deve continuar a ser uma plataforma de solidariedade e crescimento conjunto, valorizando as diferentes nações e as suas capacidades específicas. É através desta cooperação e respeito mútuo que poderemos enfrentar os desafios do futuro de forma eficaz e sustentável.
Por isso, à medida que olhamos para o futuro, devemos não apenas valorizar os benefícios da União Europeia, mas também trabalhar para melhorar as suas instituições, tornando-as mais adaptáveis, responsáveis e transparentes às necessidades dos seus estados-membros. Construindo assim um futuro próspero e seguro para cada uma das suas nações e dos seus povos.