Fiat 600e, uma questão de estilo  

O Fiat 600e diferencia-se pela sua imagem de charme, espaço e conforto, tudo em modo elétrico. É um carro que está de bem com a vida.

A Fiat está empenhada na mobilidade sustentável, sendo o novo 600e o exemplo mais recente. A marca italiana regressa ao segmento B (utilitários) com uma berlina de cinco portas que a Fiat achou por bem designar por SUV compacto. Independentemente do nome, é a imagem sedutora, a agradabilidade de condução e o conforto que mais importam. De recordar que a Fiat teve sempre uma presença muito forte neste segmento com modelos como o velhinho 600, 127, Uno e Punto. O novo 600e tem uma imagem elegante e sai reforçado pelas bonitas jantes de liga leve de 18 polegadas, saias laterais e cavas das rodas em preto mate e as aplicações 600 cromadas à frente e nas laterais. Destaque também para iluminação LED na dianteira e para os vistosos faróis traseiros.

O nome 600 remonta a 1955 quando foi lançado um veículo familiar espaçoso e versátil, um conceito que foi seguido à risca no novo modelo. O habitáculo tem uma imagem moderna e atraente, notando-se grandes semelhanças com o 500 ao nível do tablier e painel de instrumentos. Proliferam os plásticos duros no tablier e consola central, mas a montagem parece sólida. Os bancos em pele sintética Ivory com o monograma Fiat em turquesa criam um ambiente agradável. Com 4,17 metros de comprimento (é 54 cm maior do que o 500e) tem uma habitabilidade muito boa e permite transportar cinco adultos, os passageiros do banco traseiro têm um bom espaço para as pernas e em altura, só o lugar central é menos confortável.


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A capacidade da bagageira de 360 litros é das melhores da sua categoria, com a vantagem de ter abertura/fecho elétrica. Referência também para os inúmeros espaços de arrumação para objetos pessoais, nomeadamente o túnel central, que inclui uma cobertura personalizada, e os suportes para copos flexíveis.

O equipamento da versão La Prima inclui ar condicionado automático, sensores de luz e chuva, entrada sem chave com sensor de proximidade, travão de estacionamento elétrico, banco do condutor com regulação elétrica e massagem, bancos dianteiros com aquecimento, tomadas USB no banco traseiro, carregador sem fios para smartphone, display de 10,2 polegadas personalizável com navegação compatível com CarPlay e Android Auto.

Um must do 600e são os serviços Uconnect destinados a facilitar o dia a dia do condutor, caso dos comandos de voz para comunicar com a navegação. De salientar que o sistema TomTom tem atualização automática dos mapas, apresenta os postos de carregamento disponíveis no percurso e dá a informação em tempo real dos lugares de estacionamento gratuitos disponíveis nas vias públicas. Os clientes podem também personalizar o ambiente interior selecionando até oito cores diferentes para a luz ambiente e para o rádio num total de 64 combinações.

O equipamento de segurança compreende cruise control adaptativo, travagem de emergência com reconhecimento de ciclistas e peões, assistente de velocidade que avisa o condutor quando ultrapassa o limite, deteção do ângulo morto que alerta com luzes de aviso no espelho retrovisor e deteção de fadiga para monitorizar os níveis de concentração do condutor. Por fim, os sensores de 360° e a câmara de visão traseira de 180° ajudam a estacionar e em manobras complexas.

O novo modelo do segmento B por base a plataforma multi-energias e-CMP2 da Stellantis destinada a propulsores totalmente elétricos e híbridos. O Fiat 600e é uma opção muito interessante para a cidade e faz estrada com grande à vontade. Conta com um motor elétrico de 156 cv (115 kW) e um binário máximo de 260 Nm, alimentado por uma bateria de iões de lítio com uma capacidade de 54 kWh. A potência máxima anunciada só é alcançada no modo Sport, nas outras opções tem menos 20 cv, mesmo assim é suficiente para uma utilização quotidiana.

A marca anuncia um consumo médio de energia de 15,2 kWh/100 km e uma autonomia superior a 400 km (ciclo combinado WLTP) e 600 km em cidade, a prática não é bem assim. Numa condução despreocupada registámos um consumo de energia que oscilou entre os 14.9 kWh/100 km e os 17,5 kWh/100 km. Dependendo das condições de utilização e do trajeto, uma carga semana dá perfeitamente para as deslocações casa-trabalho-casa ou fazer um fim de semana fora de portas, desde que não sejam grandes distâncias.

O 600e está equipado com um sistema de carregamento rápido de 100 kW que permite carregar a bateria de 20% a 80% em 27 minutos. O modelo também está equipado com um carregador de bordo de 11 kW e um cabo específico para carregamento doméstico ou público, o que garante uma carga completa em menos de seis horas. As performances são bastante interessantes: 150 km/h de velocidade máxima e aceleração de 0-100 km/h em 9,0 segundos, e as recuperações não comprometem, sobretudo no modo Sport, e são uma ajuda nas ultrapassagens.

A posição de condução é perfeita e tanto os comandos táteis como os botões tradicionais estão à mão do condutor. Passando para a estrada, o Fiat 600e permite escolher entre três modos de condução: Eco, Normal e Sport. Se nos dois primeiros não sentimos grande diferença na condução, até porque a aceleração e potência ficam limitadas, já no modo Sport sentimos diferença a direção mais direta e aceleração mais viva, o que torna a condução bastante mais interessante.

Quando imprimimos um andamento rápido temos de contar com uma suspensão macia, que favorece o conforto, mas não evita o adornar da carroçaria em curvas mais acentuadas. Se no bom piso os passageiros são brindados com uma boa dose de conforto, já no mau piso sentimos algumas vibrações. A dinâmica não é o terreno de eleição do 600e, mas tem outros atributos, afinal, não se trata de um desportivo e quem quiser outras sensações tem o belíssimo Abarth 500e. A direção leve é ideal em cidade, mas numa condução viva nem sempre transmite as melhores sensações do que se passa na estrada. Os travões garantem distâncias de imobilização seguras, mas não travagens mais fortes o pedal mostra-se demasiado macio.

O 600e é um carro agradável de conduzir, com uma autonomia aceitável e uma imagem que não passa despercebida. A versão La Prima custa 41.295 euros pelo que dificilmente vai ter o mesmo sucesso comercial do 500e, mas que é um carro muito apelativo lá isso é.