Desde 1949 que os fãs do melhor basquetebol do mundo passam longos meses a acompanhar e a vibrar com as suas equipas. A série final é disputada à melhor de sete jogos, só que desta vez bastaram cinco para os Boston Celtics resolverem o campeonato. O dia 17 de junho fica na história dos Celtics. Há exatamente 16 anos foram campeões pela 17.ª vez, agora conquistaram o 18.º título e tornaram-se a equipa mais vitoriosa na NBA, superando os LA Lakers.
Com jogadores como Jayson Tatum, Jrue Holliday, Jaylen Brown, Al Horford, Derrick White, Sam Hauser e Kristaps Porzingis, a equipa do estado de Massachussets tinha sido a melhor na temporada regular e nos playoffs da conferência Este, com 80 vitórias e 21 derrotas. Um domínio pouco habitual numa competição onde há grande equilíbrio, isso deveu-se ao basquetebol coeso e eficaz que mostrou durante a temporada.
Nas finais, foram igualmente dominadores e esmagaram os Dallas Mavericks, que tinham ganho a conferência Oeste, com um score de 4-1. Venceram facilmente os três primeiros jogos (107-89, 105-98 e 122-89), distrairam-se na quarta partida e perderam (99-106), mas no quinto jogo regressaram às vitórias (106-88) e levaram para Boston o troféu Larry O’Brien. Outro vencedor da noite foi Jaylen Brown, eleito o Most Valuable Player (MVP) das finais. Conhecido pela sua mentalidade competitiva e por querer ser sempre o melhor, o ala dos Celtics já tinha sido o melhor jogador nas finais da conferência Este. Jaylen Brown foi determinante nas finais, ajudando a derrotar os Mavericks com uma média de 20,8 pontos, 5,4 ressaltos e 5 assistências por jogo. Foi o ponto alto na carreira do jogador de 27 anos, que nunca tinha ganho grandes prémios e teve uma vida de luta. Quando chegou à NBA, em 2016, recordou o que uma antiga professora lhe dissera: «Dentro de cinco anos estás numa prisão». Enganou-se, alguns anos mais tarde estava a conquistar um dos títulos mais desejados do desporto mundial e a ser eleito o MVP.
Joe Mazzulla, de 35 anos, fez história também ao transformar-se no mais jovem técnico a ser campeão na NBA. A grande virtude dos Celtics é o coletivo, a equipa segue vários princípios aplicador por Pep Guardiola, grande amigo de Mazzulla, no Barcelona. «Foi uma alegria ver estes jogadores a crescerem ao longo da época e um prazer trabalhar com eles. Foi um grupo que decidiu que queria vencer desde o primeiro dia, e o crédito é para eles», afirmou o treinador.
Português campeão
O poste Neemias Queta precisou de apenas três épocas para conquistar o título na NBA e receber o anel de campeão, um símbolo icónico de sucesso no melhor basquetebol do mundo. Os anéis são entregues a jogadores e equipa técnica, podem valer até 150 mil dólares, e têm um enorme significado, pois representam a dedicação e vitória. No momento de festejar, não faltaram os confetis verdes e brancos e os charutos, como manda a tradição.
O português estreou-se na NBA em 2021/22 e conquistou aquilo que outras grandes figuras desta modalidade não conseguiram durante uma vida inteira. «É indiscritível, trabalhámos o ano todo para chegar a este momento, agora é tempo de celebrar», disse Neemias, que promete mais na próxima época: «Vai ser um verão curto, tenho de trabalhar para voltar ainda mais forte». Foram dias de grande emoção para Neemias, que tomou conhecimento da morte do seu pai na véspera de se sagrar campeão, mesmo assim esteve no banco. Numa equipa recheada de estrelas, Neemias não foi muito utilizado na primeira época nos Celtics, mas ganhou a confiança do treinador e o respeito de colegas, dirigentes, adeptos e imprensa. Participou em 28 jogos da fase regular, com 24 vitórias, e em três partidas dos playoffs, totalizando 31 utilizações. Voltou a fazer história ao marcar dois pontos na única partida que disputou nas finais.
Aos 12 anos, Neemias começou a jogar basquetebol nos escalões jovens do Barreirense, passou pelo Benfica antes de se mudar para os Estados Unidos, onde fez um percurso universitário na Utah State University, em 2018. Três anos mais tarde, tornou-se profissional como jogador dos Sacramento Kings. Depois de Ticha Penicheiro ter conquistado o título na liga feminina (WNBA) em 2005 nas Sacramento Monarchs, Neemias Queta foi o primeiro a jogar e a ser campeão na NBA. «É muito importante para mim poder carregar o nome e a bandeira de Portugal. Estar neste palco e ser um dos pioneiros das modalidade no nosso país é uma experiência muito enriquecedora para mim», fez questão de salientar.