Querida avó,
Passei os últimos fins de semana no Rock In Rio. Estranhei não encontrar a tua neta, Isabel.
Há uns meses, estive na apresentação onde foi anunciada a mudança de local do Parque da Bela Vista, onde se realizaram todas as edições desde que o RiR veio para Portugal, para o Parque Tejo, o parque que recebeu o Papa Francisco e as Jornadas Mundiais da Juventude, em 2023.
As pessoas em geral não gostam de mudanças! Eu, apesar de preferir a antiga localização (pois ia a pé), posso dizer-te que esta nova morada tem melhores acessos, tem um cenário deslumbrante, com a Ponte Vaso da Gama como pano de fundo do Palco Mundo, e está mesmo junto ao rio, o que faz jus ao nome. Se existem coisas a melhorar? Claro que existem! Certamente, nas próximas edições tudo será aperfeiçoado.
Esta mudança tem a ver com um sonho do Presidente da CML, Carlos Moedas, que desafiou a organização a trocar de local, para dar uma nova vida ao Parque Tejo, depois deste local ter recebido as JMJ. Embora o seu maior sonho é que este parque seja um espaço de lazer para todos os que o queiram visitar.
Sabes que o Parque da Bela Vista não foi um sonho da Roberta Medina, mas sim do pai, Roberto Medina, que foi um visionário. Sonhou com a realização deste festival no Rio de Janeiro, onde se realizou pela primeira vez em 1985 (celebra 40 anos no próximo ano) e chegou a Lisboa há 20 anos, em 2004.
A Roberta, juntamente com a sua equipa, tem dado continuidade aos sonhos do pai e pondo em prática os seus próprios sonhos.
Sabes, porventura, quem foi Abraham Medina? Foi o avô da Roberta. Entre muitas atividades, deixou um grande legado como produtor cultural e pela luta em transformar o Rio de Janeiro num centro turístico internacional a partir de grandes eventos.
O grande sonhador.
O importante é tornar os sonhos em realidade. Os pesadelos esquecemos.
Bjs
Querido neto,
Muito me contas.
Não encontraste a minha neta Isabel, pois está empenhada nos exames. Caso contrário ela iria, certamente, ao Rock in Rio. Está sempre caída nos festivais. Festeira como a avô, portanto.
Neste estranho tempo em que vivemos, com a (quase) certeza de que, mais dia menos dia, os jornais e revistas vão acabar (em papel, claro), então não é que passei esta última noite toda a sonhar que estava a trabalhar num jornal, que tinha sido considerado o melhor jornal português e um dos melhores do mundo – por causa do meu trabalho, imagina!
O diretor do jornal dava a notícia ao meu lado e depois dizia-me que, a partir desse momento, eu fazia o que quisesse, escrevia o que me apetecesse, não tinha que dar satisfações a ninguém — desde que publicasse um texto por semana, pago a peso de oiro, evidentemente!
No meu sonho, o diretor do jornal era o meu querido amigo Francisco Pinto Balsemão. Eu aparentava a idade que tenho hoje, mas ele estava um rapaz novo, como no tempo em que, na vida real, nos tínhamos conhecido, no seu gabinete do Diário Popular.
Eu gostava de saber interpretar os sonhos (e não acredito naqueles que eu conheço e que dizem que o sabem fazer…) porque de certeza não é por acaso que, num tempo como o de agora, a minha cabeça tem, lá bem no fundo, ideias destas.
É por isso que decidi partilhar isto contigo: se dentro de algum tempo acontecer qualquer coisa que eu tinha, em sonhos, previsto — já estás avisado.
Nos jornais e nas redes sociais escrevem-se muitas coisas. Umas verdades outras nem por isso…
Mais uns dias e tudo regressa ao normal. Começam as férias e passamos o tempo todo na areia e no mar.
Acabado o verão, regressamos ao trabalho, cada um no seu emprego, e então sim, podemos finalmente descansar a sério.
O importante é nunca deixarmos de sonhar!
Bjs