Cristiano Ronaldo pediu desculpa. Pepe abraçou Diogo Costa num gesto de gratidão profunda. Martínez consolou Ronaldo após ele próprio respirar de alívio. E, assim, Portugal rumou a Hamburgo, onde hoje volta a entrar em campo para os quartos de final do Campeonato da Europa, diante da França, e a reviver de certa forma o eterno sonho do Euro2016. E por continuar uma seleção igual a si própria, tão coerente como há 8 anos, ninguém acredita que o apuramento para as meias-finais seja missão impossível.
E se o melhor estiver guardado para os instantes finais do jogo, como na final de 2016 ou na passada segunda-feira, que assim seja. Afinal os capítulos da história só interessam para quem os lê, vê, ou vive. O desfecho é a única coisa que permanece para ser contado mais tarde. Torna-se quase irrelevante saber como aconteceu, ficando tudo comprimido numa lista de vencedores, em que a liderança continua a pertencer à Alemanha e à Espanha, com três vitórias para cada seleção, mas agora com o parênteses garantido de que uma delas fica, neste mesmo dia 5 de julho, pelo caminho.
De volta a Frankfurt e ao Portugal-Eslovénia, ficam ainda as lágrimas de Ronaldo. Também aqui a lembrar o desespero na final de 2016, sentado no relvado, lesionado. Acabou mais uma vez a sorrir, com a diferença de que na altura conheceu a sensação de erguer a Taça Henri Delaunay e agora ainda idealiza repetir esse momento graças às mãos de Diogo Costa. Portugal inteiro coube dentro de um par de luvas, precisamente 20 anos depois de Ricardo ter feito delas acessório dispensável no Portugal-Inglaterra do Euro2004.
Na seleção eslovena, Oblak tinha o estatuto de melhor guarda-redes do mundo, mas Portugal estava guardado por Diogo Costa. E mereceu o reconhecimento dos veteranos.
Cristiano Ronaldo desculpou-se da mesma forma como nas últimas décadas agradeceu ovações de pé, naturalmente e sem precisar de briefings.
Pepe abraçou Costa com a mesma intensidade com que provavelmente Dolores Aveiro queria ter abraçado o filho depois de este ter falhado o primeiro penálti. E, tal como Dolores, nas bancadas, em Frankfurt, estava ainda o primeiro-ministro Luís Montenegro, que curiosamente deve ter pensado da mesma forma que milhões de portugueses: VIVA O COSTA!