A convocatória para as grandes competições internacionais gera sempre alguma discussão entre os teóricos da matéria, e o Euro 2024 não foi exceção. No entanto, numa coisa todos estão de acordo: há muita qualidade na seleção portuguesa, o que faz dela uma das favoritas. Analisando ao detalhe a lista elaborada por Roberto Martínez, verificamos que dos 26 jogadores que estão na Alemanha a representar o nosso país 19 fazem parte do universo Gestifute, o mesmo é dizer que 73% dos futebolistas pertencem ao empresário FIFA Jorge Mendes. Nunca como agora a influência do ‘super agente’ na equipa das Quinas foi tão evidente.
Perante tamanha influência, é mais fácil dizer quais são os jogadores que não estão sob a gestão de Jorge Mendes. Bruno Fernandes, Gonçalo Inácio e Nuno Mendes são representados pela MRP Positionnumber, Diogo Dalot é agenciado pela Proeleven, João Palhinha trabalha com o irmão Gonçalo Palhinha e, muito recentemente, Rúben Dias trocou a Gestifute pela Nebula Sports. Cristiano Ronaldo é um caso à parte. A ligação de 20 anos terminou quando o internacional português trocou o Manchester United e Jorge Mendes pelo Al Nassr, na Arábia Saudita, e passou a trabalhar com o seu amigo e representante pessoal Ricardo Regufe. A rutura não foi total e foram mantidos contratos comerciais e de direitos de imagem com a Polaris Sports, empresa que faz parte do universo da Gestifute. Francisco Conceição regressou a época passada ao FC Porto, mas sem qualquer agente envolvido no processo. Mas há indicações de que, tal como o pai Sérgio, está a trabalhar com Jorge Mendes.
A importância da Gestifute na seleção nacional aumentou de forma significativa na última década. Dos 23 convocados por Paulo Bento para o Mundial 2014 oito (35%) trabalhavam com esta empresa de gestão de carreiras. No Euro 2016 – o do nosso contentamento – nove dos 23 jogadores escolhidos por Fernando Santos pertenciam ao ‘super agente’, e no Mundial de 2018 a presença de jogadores de Jorge Mendes aumentou para 10. No Euro 2020, disputado em 2021 devido à covid-19, e no Mundial de 2022 a Gestifute tinha 16 atletas em 26 convocados (62%).
Relativamente a clubes, o PSG é o mais representado na equipa das Quinas, com quatro jogadores: Danilo, Nuno Mendes, Vitinha e Gonçalo Ramos. O Manchester City, com Bernardo Silva, Rúben Dias e Matheus Nunes, e o FC Porto, através de Diogo Costa, Pepe e Francisco Conceição, são os segundos clubes mais representados na seleção. De referir que numa equipa avaliada em 1.055 milhões de euros – é a terceira mais valiosa do torneio – existem, neste momento, jogadores sem clube, casos de Pepe e Rui Patrício, ambos terminaram o contrato com os respetivos clubes (FC Porto e Roma) a 30 de junho.
O universo Gestifute
Num ambiente extremamente competitivo, a Gestifute destaca-se por ter no seu portfolio alguns dos melhores do mundo. A empresa de gestão de carreiras de profissionais desportivos foi criada em 1996 por Jorge Mendes e, desde então, não parou de crescer, com a ajuda da Polaris Sports. Concretizou algumas das maiores transferências da história do futebol, o que deu a Jorge Mendes estatuto internacional, muito dinheiro – a empresa tem um valor de mercado de 1,45 mil milhões de euros – e prémios, recebeu por 11 vezes o World Globe Soccer Award para melhor agente do mundo. Em Portugal, tem sido também o salvador de alguns grandes clubes. Dispensar o ‘super agente’ não é um bom negócio.
No Euro 2024, estão presentes 20 grandes agências de futebol e a Gestifute é a que tem mais peso, com 24 jogadores de primeiro plano e um valor de mercado total de 929.500 milhões de euros, o que dá um valor médio por jogador de 38.729 milhões de euros. A inglesa CAA Stellar tem uma carteira de clientes superior a dois mil milhões de euros, mas neste campeonato fica em segundo plano. Está representada por 21 jogadores com um valor de mercado de 622 milhões de euros e um valor médio de 29.619 milhões de euros por futebolista. A americana Wasserman tem menos jogadores (12), mas bastante valiosos, é a terceira com maior valor de mercado, com 292.900 milhões de euros e um valor médio de 24.408 milhões de euros por atleta.
O mundo do futebol é feito de grandes discrepâncias e também nesta atividade há os muito ricos e os outros. A AR Sport Management tem um valor de mercado de apenas 14.400 milhões de euros referentes a oito jogadores que valem, em média, 1.8 milhão de euros. De notar que estes valores foram apurados tendo por base o Transfermarkt.