A derrota da selecção de Portugal frente á Geórgia e a miraculosa passagem aos quartos-de-final devia ter levado o treinador principal, seus auxiliares, jogadores e dirigentes da Federação a uma análise dessas menos boas exibições.
Hoje reconheço que foi ignorância e burrice minha ter pensado assim. O seleccionador sempre terá achado que os jogos foram muito bem jogados e no futebol as decisões não devem ser tomadas democraticamente, dizem os entendidos no Negócio.
Assumido conservador e amante platónico do futebol, nasceu em mim a mágoa de não ver Portugal jogar à moda antiga, em WM com marcação cerrada como jogavam os 5 violinos do meu Sporting dos anos 40, mágoa nascida da minha convicção de que o WM é o mais intuitivo, bonito e eficiente sistema de jogar Futebol e aumentada pelo Portugal-França que ditou o afastamento da nossa equipa do Euro2024.
Tendo sido o WM, (3-2-2-3), há muito tempo abandonado e agora já praticamente desconhecido, quem o adoptasse teria vantagem a curto prazo sobre todos os adversários. Tem uma particularidade, sendo um jogo de pares devido à marcação cerrada, as equipas jogam sempre “encaixadas” numa mesma disposição, o que não acontece nas disposições actuais. No WM, as duas equipas têm 3 defesas (direito, central, esquerdo), 2 médios mais defensivos, dois médios mais atacantes e 3 avançados (ponta direita, avançado centro e ponta esquerda). Os médios, são o motor natural da equipa, (o quadrado mágico) e os avançados e os médios atacantes eram normalmente os jogadores mais conhecidos, por marcarem mais golos.
Para os espectadores era mais fácil avaliar o desempenho dos jogadores e das equipas, porque lhes bastava seguir a bola…
Foi a convicção de que o WM é o melhor sistema de jogo que alimentou a minha velha, inglória e desconhecida luta no Sporting, desde os anos 50 do século passado. Hoje, dou-me por vencido, mas não convencido. Nem tenho quem me possa compreender, porque comecei muito novo a ver futebol e já vou a caminho dos 96. Corro o risco de ser o último dos adeptos que viram os 10 a 0 da Inglaterra a Portugal, em 1947, e o Sporting treinado por José Sesabo, antes da equipa dos 5 violinos!
Voltando à nossa selecção e ao Euro2024. Portugal esteve em pé de igualdade com todas as outras equipas, porque todas, em todo o mundo, seguem o mesmo sistema de marcação, muito frouxa, à zona, com a disposição no terreno ordenada pelo treinador: 3-4-3, ou 4-3-3, ou 3-5-2, ou 4-3-2-1, ou etc…Treinador que lhes impõe jogadas para manterem a posse de bola, até que surja uma oportunidade para avançarem para a baliza adversária ou que sejam desarmados…
É este o maior problema do Futebol dos nossos dias. Perder tempo a manter a posse de bola, em vez de, sempre que têm a bola, os jogadores procurarem o melhor caminho para o golo. Como é “vício” comum a todos as equipas a disputar o Euro2024, quem se libertasse do espartilho das actuais tácticas teria acrescidas probabilidades de o ganhar. Ninguém o vai já tentar porque nenhum treinador, seleccionador ou agente estaria nisso interessado e os jogadores nem o WM conhecem.
Terão que ser os dirigentes da UEFA, FIFA e das Federações nacionais a criarem campanhas que possibilitem o renascimento de um Futebol de maior Qualidade.
Foi Cândido de Oliveira quem introduziu em Portugal o WM.
Está marcada para 3 de Agosto, em Aveiro, a disputa da taça com o seu nome.
Não seria uma justa homenagem a Mestre Cândido, a Federação pedir ao Sporting e ao Porto para jogarem em WM?
O Futebol bem jogado diria Muito Obrigado
Junto umas “dicas” sobre uma maneira ganhadora de jogar à bola. Que as “dicas” ajudem os meus leitores a compreenderem o desenrolar dos já poucos jogos que faltam no EURO2024
GANHA O JOGO A EQUIPA QUE MARCAR MAIS GOLOS
1 – Devem ser treinadas jogadas de ataque que levem a bola o mais rapidamente possível para perto da baliza adversária e ser evitados passes para o lado e para trás, só para reter a bola.
2 – A assistência ao jogador mais bem colocado para tentar o golo, deve ser feita da frente para trás porque facilita a recepção da bola e o remate vitorioso.
Só o centro atrasado e por isso com menor risco de motivar um fora de jogo, permite ao rematador ver ao mesmo tempo, a bola, a baliza e o adversário que o pode estorvar.
3 – Para a equipa marcar golos rapidamente, as jogadas de ataque devem começar no nosso meio-campo.
Evita aglomeração de muitos jogadoras em frente da baliza adversária.
4 – As jogadas de ataque com remate à baliza devem ser treinadas intensamente, por todas as jogadoras, com a bola parada, em corrida, de diversas distâncias, com os pés e a cabeça.
Veja-se, em cada jogo, o pequeno número de remates enquadrados com a baliza.
5 – Os cantos devem ser marcados de diversas maneiras, mas sempre com a intenção de colocar a bola fora do alcance da guarda-redes.
Se marcado quase paralelo à linha de fundo pode permitir defesa do guarda-redes.
6 – Em situação de defesa, deve ser feita marcação individual cerrada aos adversários que estiverem no nosso meio-campo.
É o maior e mais frequente erro que hoje é cometido.
Marcar, no nosso meio-campo, um adversário a 10 ou 15 metros de distância, só pode resultar em correria escusada e chegar atrasado para evitar o passe ou o remate.
Tramagal, 8 de Julho de 2024
coelhocarvalho1928@gmail.com