As eleições no Reino Unido foram uma lição de democracia, pois se o Partido Conservador, que esteve 14 anos no poder, com cinco governos, deixou o país bem pior do que o encontrou, era natural que fosse castigado por isso. Façamos uma comparação com Portugal: durante oito anos, o PS, com ou sem geringonça, não conseguiu cumprir as suas promessas, bem pelo contrário: na Saúde, prometeram que todos teriam direito a um médico de família. Saíram com um milhão e setecentos mil portugueses sem qualquer médico de família. Nos hospitais, a história foi idêntica, tendo dado cabo das parcerias público-privadas que funcionavam bem, como era o caso de Braga, entre outras. Continuando nos serviços públicos, transformaram uma simples ida a uma repartição de finanças num verdadeiro pesadelo. Como que por artes mágicas, recuámos dezenas de anos no atendimento público. Nos incêndios florestais, apesar dos progressos nos últimos dois, três anos, ficaram associados aos piores incêndios de sempre que mataram mais de cem pessoas. Nas forças de segurança, bem como nos militares, têm no currículo a deserção de candidatos, havendo a necessidade de baixar os critérios devido à falta de voluntários. Os salários das forças de segurança e dos militares nunca foram tão pouco atrativos – isto já para não falar no episódio inenarrável de Tancos. E ao aumentarem, justamente, a PJ no que diz respeito ao subsídio de missão, esqueceram-se das restantes forças, provocando um pequeno terramoto nas instituições.
Na Justiça, nada fez para acabar com o arrastamento de processos durante anos, permitindo que a lei dê aos advogados a possibilidade de prolongarem os processos até estes prescreverem. Como qualquer pessoa de bom senso sabe, não é a violação do segredo de Justiça o drama do setor. O drama é a ineficácia da Justiça, além de que devia ter contribuído para que o Ministério Público não se escondesse na sua torre de segurança, não dando explicações públicas dos casos mais emblemáticos e que levantam, de certa forma, alarme social. Não tomaram a decisão do novo aeroporto, não apostaram na melhoria e prolongamento dos caminhos de ferro, entre tantas outras matérias. Conseguem ‘esconder’ todos estes dados com uma facilidade impressionante, ao ponto de um dos piores ministros da Administração Interna,_Eduardo Cabrita, aparecer nas televisões com uma moral inacreditável. Tudo isto para dizer o quê? Se no Reino Unido vivessem os portugueses, certamente que os conservadores teriam perdido as últimas eleições por muito poucochinho… Os portugueses ainda não perceberam que o melhor remédio é a alternância, já que quem não cumpre deve ser substituído. Tão simples como isso. Se a AD não cumprir, que seja corrida. A democracia deve ser assim.
P. S. 1 Podem dizer o que quiserem, que é um Alien, que não vive neste mundo, mas eu adorei a entrevista de Lucília Gago. Estranhamente, foram muitos os que ficaram ofendidos por a PGR ter decidido dar uma entrevista antes de ir à comissão permanente da AR. Mas agora é proibido defender-se dos ataques de que foi vítima? É certo que não explicou alguns processos incompreensíveis, mas isso fica para o Parlamento, espero.