Doentes com mais de 65 anos representam 76% dos internamentos

Um terço dos internamentos em cuidados continuados são sociais. 

O número de casos sociais nos hospitais tem vindo a aumentar todos os anos. “A última vez que houve dinheiro para equipamentos sociais, em lares, foi em 2009 e as pessoas não têm condições para cuidar dos seus idosos”, afirma José Bourdain da Associação Nacional de Cuidados Continuados. E diz que uma das principais razões para o aumento dos internamentos sociais é o abandono por parte das famílias. “No dia 20 de março, havia 2.164 camas ocupadas por internamentos sociais, custando ao Estado mais de 68 milhões de euros – um aumento de 16 milhões de euros face ao mesmo período de 2023. Estes internamentos inapropriados, definidos como os dias que um paciente permanece no hospital após alta médica sem necessidade clínica, representam 11,1% dos internamentos nos hospitais públicos”.

Nos cuidados continuados há cerca de 37% de casos sociais. Lisboa e Vale do Tejo e o Norte contabilizam 80% dos internamentos inapropriados. São estes alguns do números da 8.ª edição do Barómetro de Internamentos Sociais realizado pela Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), com apoio da Associação dos Profissionais de Serviço Social (APSS) e da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI). Este tipo de internamentos tiveram um custo superior a 68 milhões de euros até 20 de março de 2024, um valor superior aos 52 milhões de euros em Março de 2023, revela estudo. Extrapolando para o ano inteiro, este valor pode ultrapassar os 260 milhões de euros.

Metade dos internamentos inapropriados estão no serviço de Medicina Interna. 76% dos episódios e 50% dos dias de internamento envolvem pacientes com mais de 65 anos. José Bourdain aponta como a forma mais eficaz de resolver este problema, criar vagas em apoio domiciliário. Pois só assim se conseguem libertar centenas de camas dos hospitais.