França submissa

Bijert era um calvinista, inimigo declarado da Igreja Católica, e que procurou, com aquela sua pintura, ridicularizar a cena imortalizada por Da Vinci, pelo que é absolutamente irrelevante qual dos quadros os mascarados palhaços contratados para abrilhantar.

Nas minhas veias corre sangue francês e essa realidade faz com que me sinta ainda mais entristecido e revoltado por ver uma Nação, um dos principais berços da civilização cristã, se não mesmo o maior, deixar-se conquistar e submeter-se aos assumidos inimigos da Fé que herdámos dos nossos antepassados.

Os lamentáveis episódios a que assistimos na recente cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, em que os protagonistas do espectáculo se entreterem a zombar de uma religião partilhada pela esmagadora maioria dos europeus, incluindo os franceses, e espalhada um pouco por todo o mundo, mais não veio do que provar a decadência moral e cívica a que está votada esta velha Europa.

A “Ultima Ceia” não é apenas um quadro imortalizado por Leonardo da Vinci, retrata, sim, uma cena real em que Cristo consagra a Eucaristia como uma pedra basilar do cristianismo e, consequentemente, foi desde sempre o momento de maior importância durante a celebração de todas as cerimónias religiosas.

Claro que uns quantos iluminados se lembraram logo de disseminar a falsa ideia de que a lamentável paródia não se inspirava na obra mais conhecida daquele pintor italiano e datada de finais do século XV, mas sim num quadro pintado mais de um século depois pelo neerlandês Jan Harmensz van Bijert e a que atribuiu o nome de “Festim dos Deuses”.

Acontece, no entanto, que Bijert era um calvinista, inimigo declarado da Igreja Católica, e que procurou, com aquela sua pintura, ridicularizar a cena imortalizada por Da Vinci, pelo que é absolutamente irrelevante qual dos quadros os mascarados palhaços contratados para abrilhantar o início dos Jogos Olímpicos quiseram escarnecer, porque a ofensa não foi a uma pintura, mas sim à ultima refeição partilhada por Cristo com os seus apóstolos, história reproduzida por ambas as telas.

Além de mais, e já depois de vir a público a mentira que nos tentaram impingir, o próprio responsável pela cerimónia em causa, um destacado militante da esquerda libertária e a quem o cristianismo provoca, ao que parece, urticária, veio confessar que se tratava, de facto, da “Ultima Ceia” de Da Vinci, justificando aquele acto com desculpas esfarrapadas e sem sentido.

Os detractores do cristianismo fizeram então, e sem demora, mais uma investida tendo em vista branquear o criminoso comportamento dos discípulos do mal, alegando que o quadro de Leonardo da Vinci não é sagrado e que os Jogos Olímpicos surgiram como uma festa pagã.

Mais uma vez, ensaiaram uma jogada de pura graçola, porque, obviamente que aquele quadro  não é sagrado, nem tal pretensão foi alguma vez levantada seja por quem for, o que é sagrado é o episódio bíblico que ele retrata, o momento em que Jesus se reune pela última vez com os seus apóstolos e em que consagra a Eucaristia como o acto mais solene da liturgia.

E foi precisamente a última ceia de Cristo com aqueles que lhe eram mais próximos que foi alvo de chacota.

Não foi do quadro que zombaram durante a dita cerimónia, mas sim do ritual mais sagrado da celebração eclesiástica.

Quanto à alegação de que os Jogos Olímpicos surgiram como uma festa pagã, nem vale a pena contra-argumentar, porque o que interessa são os Jogos da era moderna e não os que se realizaram há mais de 2 mil anos.

E os actuais, porque é destes que se trata, visam apenas e só promover o desporto entre as Nações, sendo ilícito qualquer tipo de aproveitamento de cariz político, religioso, cultural ou social.

São jogos de paz, em que se procura a concórdia entre todos os participantes e não a promoção de quaisquer causas que possam originar a discórdia e a divisão entre os a que eles se entregam.

Na verdade, teremos de aceitar, infelizmente, que não há grandes diferenças, do ponto de vista de procura de imposição de uma ideia, entre os Jogos de 1936, que visaram a promoção da ideologia nacional-socialista, e estes, cujo objectivo central tem sido o de publicitar a ideologia do género e o radicalismo de esquerda.

Mas não foi só o cristianismo que esteve em cheque durante o espectáculo difundido para todo o mundo, também a cabeça decepada de Maria Antonieta, e exibida com euforia por um bando de anormais, se tratou de um momento deplorável, de péssimo gosto artístico e atentatório contra os valores morais e de decência que devem nortear quem se entrega a este tipo de representação.

O episódio descrito refere-se a um dos períodos mais negros da História francesa e no qual centenas de milhares de inocentes foram conduzidos ao cadafalso, sem julgamento e sem culpa formada.

Celebrar-se este odioso passado, que não por acaso ficou conhecido, para a posteridade, como o Reino do Terror, é dar-se ênfase a uma das épocas mais dramáticas e monstruosas da civilização europeia, espaço de tempo durante o qual foram ostensivamente violados, de forma extremamente violenta, os mais elementares direitos à liberdade e à paz, por sinal os principais valores que estiveram na génese da recriação do espírito olímpico.

Além de mais, estavam presentes na cerimónia de abertura deste Jogos, e a convite do chefe de estado francês, várias casas reais com afinidades próximas com a família da Rainha decapitada durante a revolução francesa, em particular o Rei de Espanha, que dela descende em linha recta.

Macron, se o destino o tivesse dotado de sentido de Estado, deveria ter corado de vergonha ao acercar-se dos seus convidados e implorar perdão pelo desrespeito a que os votou.

E do presidente francês, mais de uma semana depois da humilhação a que foram sujeitos os cristãos de todo o mundo, ainda nem uma única palavra de arrependimento e de desculpas públicas.

O seu silêncio é revelador da sua cumplicidade com os movimentos que pretendem apagar a civilização cristã ocidental, na qual crescemos, e impor-nos um modelo de sociedade em que a Família perde todas as suas valências e é substituída pelo individualismo puro e duro.

Mais grave ainda, a médio prazo, e caso os franceses, entretanto, não se revoltem contra este estado de coisas, o cristianismo passará a ser apenas uma imagem do passado e o islamismo tenderá a ser a voz dominante.

É a completa submissão de França a quem a quer destruir!

Pedro Ochôa