Nos Jogos Olímpicos tenho ficado impressionado com as manifestações de patriotismo dos franceses que, em determinados momentos, não se cansam de cantar o hino. Foi assim na final de judo, como foi noutras modalidades. Uma nação tão dividida politicamente, mas que nos Jogos se tem mostrado bem unida, quer estejam atletas caucasianos em causa, ou afrodescendentes. O que, obviamente, é de aplaudir. Mas a história da nacionalidade dos atletas em competição tem coisas um pouco bizarras, para não dizer outra coisa, não se percebendo como as pessoas ficam tão eufóricas com vitórias de pessoas que apenas vestem aquela camisola (nacionalidade) por interesse.
No caso da França até há um caso bem emblemático, mas ao contrário._Uma das meninas bonitas da ginástica francesa, nascida em França, estava pré-convocada para os Jogos, mas como não concordou com o local dos treinos, nem de ter de abdicar do seu treinador, decidiu, à última hora, inscrever-se pela Argélia, país de nascimento do pai. Isto faz algum sentido? Se estivéssemos a falar de clubes, com certeza que sim, mas estamos a falar de países… Isto é: muitos vestem a camisola do país que lhes dá mais jeito: ou por terem melhores condições, ou por conseguirem mínimos olímpicos que no seu país de origem não conseguiriam e por aí fora. Para as mentes mais contorcidas, diga-se que nada tenho contra atletas que se naturalizaram naturalmente e que vivem e trabalham no novo país, mas os atletas poderem escolher o país por que vão concorrer não deixa de ser bizarro. Até pelo hino…
Passemos então ao drama nacional, devido à falta ou escassez de medalhas. Faz algum sentido exigir-se muito mais? Acho que não. Portugal não tem uma cultura desportiva, excetuando o futebol, e nos liceus a nota de Desporto praticamente não conta para nada. Se pensarmos que há universidades americanas que aceitam atletas portugueses para estes desenvolverem as suas qualidades desportivas, estamos conversados.
Muitos dos estudantes universitários acreditam que as praxes são uma modalidade olímpica, onde eles ganham medalhas de ouros atrás de medalhas de ouro. Falando mais sério, percebe-se que os desportos náuticos, nomeadamente a canoagem, e o ciclismo de pista tem tido um grande investimento, assim como o judo. Mas, para mim, era só ir a Espanha perceber como eles se transformaram campeões em quase todas as modalidades e copiar o modelo, com as devidas nuances, ao nosso país. Não é preciso inventar muito.
Mas se queremos ficar felizes, pensemos na Índia, que tem uma população superior à nossa mais de 100 vezes. Quantas medalhas olímpicas ganharam até agora? Quatro, todas de bronze, nós já temos uma de prata e outra de bronze e ainda acredito na de ouro. l
P. S. 1 Foi péssimo o que foi feito à atleta que, supostamente, nasceu hermafrodita. Sempre fez vida de mulher, apesar do problema de nascença. Quererem confundir a rapariga com uma trans não foi honesto e é dessa forma que se dá gás a discussões parvas e inúteis.
P. S. 2 O que se está a passar no_Reino_Unido é altamente preocupante, e o Governo parece que está a tentar resolver o problema sem medos. Fazem muito bem, atos racistas são inaceitáveis e devem ser combatidos. De ambos os lados, pois o fanatismo religioso também não pode ser permitido em nenhuma terra europeia, em que mulheres sejam atacadas só porque andam de minissaia.