No Reino Unido, uma clara maioria votou nos dois partidos de Direita que concorreram às eleições, o Reform UK e o Partido Conservador. Mas o sistema eleitoral deu uma vitória, por maioria absoluta, ao Partido Trabalhista.
Em França, o partido mais votado foi o RN, vencedor na primeira volta na quase totalidade dos círculos eleitorais, mas as manigâncias permitidas pelo sistema eleitoral francês acabaram por subverter a clara vontade dos eleitores. Mas mais e pior: tendo o RN direito, pelo regimento da Assembleia Nacional francesa a eleger pelo menos um vice-presidente da Assembleia, esse direito foi-lhe negado pelos restantes partidos.
Em Portugal uma avassaladora maioria de eleitores votou à Direita, mas as linhas vermelhas colocadas pelo PSD ao Chega acabaram por inutilizar, em termos práticos, essa grande maioria de votos.
No Parlamento Europeu o terceiro partido mais votado, o Patriots for Europe, viu-se afastado, ilegalmente, de uma presidência do PE e da presidência ou vice-presidência de várias comissões.
São, estes, quatro exemplos recentes que ilustram duas realidades.
Uma primeira realidade e que pode vir a tornar-se explosiva: em grande parte dos países da Europa, entre outros, existe, hoje, uma maioria sociológica de direita conservadora, solidamente ancorada na sua cultura e nos seus costumes, no direito a uma vida pacífica, no reconhecimento do mérito e na exigência da autoridade e do cumprimento da Lei. Uma maioria que considera que a imigração descontrolada, o laxismo das polícias e dos tribunais, o abuso de políticas fiscais confiscatórias e a degradação das políticas públicas tem de terminar. Esta maioria existe, e vota. E vota em maioria. Só que esta maioria de votos se não traduz em maioria de mandatos nos parlamentos, logo na possibilidade de se proceder à mudança em que eles, de facto, votaram. Os partidos há dezenas de anos usufrutuários de um sistema por eles montado e cujos cordéis magistralmente controlam acabam por falsear, mais ou menos legalmente, mas nunca legitimamente, essa vontade maioritária de mudança. Mas isto tem riscos. Muitos riscos. E um deles é que essas maiorias sociológicas percam a paciência e, não chegando lá por um meio, acabem por chegar por outro. Aí, facilmente cairão nas mãos de aventureiros que nessas maiorias descubram tropas de choque para poderem alcançar o poder por formas, essas sim, muito pouco democráticas. O que está a acontecer no Reino Unido deveria funcionar como um sério sinal de alerta. Respeitar a vontade popular é o fundamento da democracia liberal, mas, também, sinal de prudência.
E este respeito pela vontade popular leva-nos à segunda realidade e esta é a de que o que se passou no parlamento francês e no Parlamento Europeu consubstancia duas grosseiras violações do Direito em nome de uma suposta defesa da democracia e logo vindas de quem se arroga o direito moral de decidir, a seu bel-prazer, que partidos e governos cumprem, ou não, os padrões do Estado de Direito.
À falta de Moral, a casta usa e abusa da moralina, um sucedâneo químico, inócuo e barato da Moral, muito usado pela extrema-esquerda e pelo centrão do sistema quando pretendem, um e outro, exigir à Direita – à ‘extrema-direita’ – aquilo de que a si próprios se dispensam. A moralina é a banha-da-cobra do nosso tempo. Barata e dá milhões. De votos. Desviados.
Votos de boas férias e até setembro!