Agosto marca o início dos campeonatos nacionais em toda a Europa, mas é também o mês em que começa a definir-se o quadro das competições europeias de clubes, embora a parte séria só comece a 17 de setembro com a primeira jornada da Liga dos Campeões, Liga Europa e Liga Conferência, que tiveram grandes alterações esta temporada.
O futebol europeu é um mercado que seduz cada vez mais os investidores de outros pontos do planeta, a razão é simples: o volume de negócios das cinco principais ligas europeias (Inglaterra, Alemanha, Itália, Espanha e França) foi de 18,2 mil milhões de euros em 2022/23, com a Premier League a ter a parte de leão com 6,7 mil milhões de euros. Esse interesse milionário reflete-se numa realidade algo estranha: 43% dos clubes estão nas mãos de investidores que são proprietários de outras equipas, sendo o City Football Group o melhor exemplo, já que é detentor de 13 clubes em todo o mundo. Tudo isto faz com que o futebol do Velho Continente seja a referência mundial e a Liga dos Campeões a mãe de todas as competições.
Todos contra todos
Pela terceira vez na história, o formato desta competição foi alterado com o objetivo de evitar jogos desequilibrados devido à diferença entre as equipas. Até à época passada, a Liga dos Campeões era disputada por 32 equipas, divididas em oito grupos de quatro equipas cada. A partir deste ano, a liga milionária vai ter 36 equipas, colocadas em quatro potes de nove equipas cada de acordo com o ranking da UEFA dos últimos cinco anos. Foi tendo em conta esse ranking que o Sporting foi parar ao pote 3 e o Benfica fica no pote 2.
Outra importante novidade é que a fase de grupos foi substituída por uma liga disputada por todos os clubes em simultâneo. Cada equipa defronta oito adversários diferentes (quatro em casa e quatro fora), entre 17 de setembro e 29 de janeiro de 2025, o que significa que cada equipa terá mais dois jogos para fazer e que a decisão quanto ao apuramento fica para mais tarde. O modo como se desenrola a competição também é diferente. Cada equipa vai realizar duas partidas com adversários do seu grupo e joga outras duas partidas com equipas dos outros três grupos, esses adversários serão conhecidos no sorteio agendado para 29 de agosto. Na nova fase da liga são realizados 144 jogos, contra os 96 da fase de grupos, o que vai permitir às equipas defrontarem um leque adversários mais variado e aos adeptos verem um maior número de equipas. Na fase de liga duas equipas do mesmo país não se podem defrontar, exceto quando há cinco ou seis participantes do mesmo país. Os oito primeiros qualificam-se automaticamente para os oitavos de final como cabeças de série, cujo sorteio terá lugar a 31 de janeiro de 2025, enquanto as equipas classificadas entre o nono e o 16.º lugar disputam o playoff a eliminar, em fevereiro de 2025, com os vencedores a seguirem para os oitavos de final. Essas equipas vão ter o estatuto de cabeça de série, o que significa que vão defrontar um adversário que tenha ficado entre o 17.º e 24.º lugar. As equipas que terminarem abaixo do 25.º lugar, inclusive, saem das competições europeias, pois deixa de haver a possibilidade de transitar para a Liga Europa. A partir daí a competição será a eliminar como tem acontecido até agora. Os oitavos de final disputam-se em março, no mês seguinte jogam-se os quartos de final e meias-finais e, a 31 de maio, Munique recebe a final, onde o vencedor leva para o museu a ‘orelhuda’ mais desejada do mundo, com 73,5 cm de altura e 7,5 kg.
Mais rentável
O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, assegurou que este novo modelo é mais rentável para os clubes e dá oportunidade às equipas mais modestas de mostrarem que podem competir ao mais alto nível. Vão ser distribuídos 3,3 mil milhões de euros pelos clubes presentes nas competições europeias; a Liga dos Campeões vai receber 2,46 mil milhões, a Liga Europa conta com 565 milhões de euros e a Liga Conferência recebe 285 milhões de euros. Só por participar na fase de liga cada equipa recebe 18,62 milhões de euros (+ 3 milhões do que no modelo antigo). O prémio de vitória por jogo baixa para 2,1 milhões (- 600 mil euros) e o empate vale 700 mil euros (- 230 mil euros). Os clubes que terminarem a primeira fase entre os 1.º e 8.º lugares recebem dois milhões extra. A qualificação para os oitavos de final vale mais 11 milhões de euros, a passagem aos quartos de final representa mais 12,5 milhões em caixa, a presença nas meias-finais vale 15 milhões e os finalistas recebem 18,5 milhões, sendo que o campeão europeu soma mais 6,5 milhões de euros pela conquista da ‘orelhuda’ (+ 2 milhões do que anteriormente). Feitas as contas, o campeão europeu pode receber 96,2 milhões de euros só pelo desempenho desportivo, depois há que juntar o denominado value pillar, que combina os atuais market pool e o ranking com base nos últimos cinco anos.
As outras competições da UEFA têm o mesmo formato de liga, ou seja, oito jogos e oito adversários diferentes. As 36 equipas que vão participar na Liga Europa recebem um prémio de presença de 4,31 milhões de euros e o vencedor recebe seis milhões. Os 36 participantes na Liga Conferência recebem 3,17 milhões de euros por garantir a presença na fase de liga e o vencedor recebe três milhões de euros. Tendo em conta a nova distribuição de receitas é óbvio que as disparidades financeiras e, consequentemente, desportivas entre os clubes que jogam a Liga dos Campeões e os outros vai aumentar.