Vandalizada cruz de pedra centenária em Cascais

Uma cruz latina simples, de 1663, é considerada um elemento singular de interesse relevante em Cascais. No entanto, em abril, verificou-se ‘a queda parcial do cruzeiro’. A CMC garante que está a tratar do assunto.

Depois de, em julho, na freguesia de Creixomil, Guimarães, o Padrão de D. João I, um Monumento Nacional erguido para comemorar a vitória na Batalha de Aljubarrota, ter sido vandalizado, agora ficámos a saber que o mesmo terá ocorrido com o Cruzeiro da Maceira, em Cascais. A meio do mês passado, um morador reportou à Câmara Municipal de Cascais (CMC), através do Fix Cascais, a necessidade de restaurar a cruz granítica localizada junto à ciclovia da Guia, que havia sido derrubada. Em resposta, como o próprio divulgou na sua página no Facebook, a CMC informou que o problema já havia sido identificado anteriormente e que o serviço operacional estava a aguardar disponibilidade para realizar a reparação.

Contactada pelo Nascer do SOL, a CMC começou por deixar claro que não dispõe de informações histórias acerca deste cruzeiro específico. «Contudo, estas grandes cruzes de pedra que se encontram junto à costa assinalam, na sua maioria, um grande naufrágio/evento com perda de vidas humanas. Neste caso consideramos que, dada a sua proximidade ao mar, tenha sido colocado devido a um grande naufrágio», explica, adiantando que esta é «uma cruz latina simples, em azulino de Cascais que se encontra sobre uma base de pequena dimensão, com uma inscrição emoldurada ‘PADER NOCº / AVE.Mª Pe- / lLLAS.ALMAS / ANNO DE / 1663», sendo que o Cruzeiro da Maceira encontra-se inventariado no Sistema de Bens Culturais de Cascais como Elemento Singular de Interesse Relevante.

A Câmara declara que teve, efetivamente, conhecimento do sucedido por meio do contacto de um cidadão. Mas esta questão não remonta apenas a julho. «Após ter conhecimento da queda parcial do cruzeiro, no passado mês de abril, a CMC adotou medidas para minimizar os danos provocados. O cruzeiro ficou em muito mau estado, com fraturas várias e queda de diversos elementos constituintes, que foram prontamente recolhidos pelos serviços municipais e colocados em local reservado, a aguardar pela intervenção de conservação e restauro, que foi, entretanto, adquirida a empresa especialista na matéria», declara fonte camarária, revelando que a Divisão de Arquivos e Património Histórico está a coordenar os trabalhos de recuperação do monumento.

«Prevê-se que a intervenção de conservação e restauro, que foi entregue a uma empresa especializada, tenha início na última semana de setembro e esteja concluída na segunda quinzena de outubro», informa a autarquia, acrescentando que «a intervenção de conservação e restauro devolverá a integridade ao Cruzeiro da Maceira, seguindo as recomendações estipuladas pelas cartas e convenções nacionais e internacionais, com respeito pela autenticidade, historicidade, forma e materiais de origem do elemento em questão».

«O objetivo é tratar todo o conjunto sem descurar a parte estética. A metodologia a aplicar será o menos invasiva possível, de forma a devolver ao conjunto a sua estética original e passará por várias fases, nomeadamente a aplicação de produto biocida; a remoção de elementos metálicos que se encontram oxidados; a limpeza mecânica de colas e argamassas existentes; a colagem de fragmentos; a aplicação de novos espigões, de forma a aumentar a resistência de fixação; a limpeza geral da estrutura e preenchimentos com argamassas apropriadas e proteção final», avança a CMC, salientando a importância da FixCascais, uma aplicação que permite aos cidadãos participarem diversas ocorrências na via pública, em Cascais.

«A FixCascais foi lançada em 2013 e integra-se numa política de cidadania responsável, em que cada cidadão é convidado a ajudar a Câmara a melhorar o seu território, reportando diferentes tipos de situações em espaços públicos, como calçada danificada, sinalização de trânsito mal colocada ou avariada, necessidade de limpeza de rua, etc.», clarifica a CMC, esclarecendo que a participação de situações tanto pode ocorrer via Web ou em aplicação (IOS e Android).

«Tem-se assistido a uma adesão crescente do cidadão», garante a CMC, adiantando que, nos últimos anos, a FixCascais cresceu de 80.831 participações em 2019 para 110.009 em 2023. No primeiro semestre de 2024, por exemplo, foram feitas 54.439 participações.