A saúde está primeiro, bebamos a verdade

As histórias que os médicos contam têm de ser investigadas. A saúde não é propriamente a mesma coisa que um carro.

É impressionante o que se diz nos corredores dos hospitais e dos consultórios clínicos. Não sei se os problemas do ServiçoNacional de Saúde se começam a equiparar aos problemas entre os palestinianos e israelitas, mas acredito que sim. Isto é, não tem solução.

Há quem defenda que sem uma conjugação de esforços entre o público, privado e social não se vai conseguir resolver nada e que os médicos vão continuar a fugir para o privado. Talvez a solução passe por essa conjugação de esforços, mas parece-me que o SNS devia começar a pagar muito bem aos profissionais que se distinguem pela excelência.Se são bons cirurgiões, se são bons chefes, se defendem o humanismo nos hospitais, se conseguem excelentes resultados com os seus doentes e por aí fora. Os bons, sejam médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, administrativos, entre outros, se desempenham o seu trabalho com eficácia têm de ser recompensados por isso.

Para que isso aconteça é necessário que as avaliações entrem em força e não deixem margens para dúvidas. Seria bem interessante saber quanto doentes morrem em determinado serviço, quantos sobrevivem e ganham qualidade de vida quando nada o fazia prever, e por aí fora, para não ser exaustivo e fastidioso. Os bons não podem ganhar o mesmo que os maus.

Nos últimos tempos tenho ouvido histórias tenebrosas sobre os hospitais particulares. Confesso que sou um adepto do serviço público, mas as vezes que fui tratado no privado não fui contemplado com as malfeitorias que me dizem que acontecem. Ninguém me quis obrigar a fazer TAC, ecografias ou outros exames desnecessários. Fiz o que tinha de fazer e, felizmente, correu bem. E só escolhi o privado porque o público não me conseguia responder em tempo útil. Mas o que oiço tem muito pouco a ver com a minha história pessoal e como o meu caso não serve de exemplo, pergunto se a Ordem dos Médicos ou outras entidades não deviam apurar da veracidade ou não do que dizem dezenas de médicos: que os privados apenas pensam em números e só querem que os doentes gastem tudo o que têm na conta, leia-se cartão de saúde.

Também devo ter tido sorte quando há uns bons anos a minha mãe era para ser operada no privado a um cancro e eu perguntei quanto iria custar a operação, além da recuperação, e o que me disseram levou-nos logo para o público, não esperando nós que o plafond esgotasse a meio do tratamento. Por coincidência acabaria por ser operado pelo segundo cirurgião da equipa do privado.

P.S. Nestas deambulações sobre a saúde contaram-me episódios que irei investigar, pois até me custa a acreditar que alguns serviços deixaram de ser feitos nas urgências dos hospitais públicos, pois passaram a ser realizados por equipas de fora, noutras máquinas, bem mais caras e onde o médico pode estar a milhares de quilómetros a ler o resultado do mesmo. Quem estará por trás destes negócios injustificáveis? A quem interessa que o principal hospital do país já não tenha especialistas 24 horas por dia? talvez não seja difícil de perceber.

P.S.2 Ninguém deve ser prejudicado por ser filho de ou irmão ou pai de, mas o filho de AntónioCosta anunciar que quer ser vereador em Lisboa dá vontade de rir. Um homem que há quatro meses se fartou da política não conseguiu sobreviver no privado? Estranho…