Bandas sonoras

A playlist de Obama continua a ser um sucesso – com Carminho incluída. Já Trump vê o acesso ao Spotify cada vez mais restrito

Desde 2015 que Barack Obama é um dos protagonistas do verão, pela iniciativa que lançou naquele ano, ainda enquanto presidente dos EUA. A playlist anual em que dá a conhecer a banda sonora do seu dia a dia tornou-se entretanto uma tradição. Recentemente, a publicação de Obama voltou a dar que falar por várias razões – uma delas portuguesa. Carminho figura entre as 44 canções eleitas, com o tema “Quarto”, tornando-se a primeira artista portuguesa a integrar a lista que conta com quase uma década de história.

Entre os temas clássicos, o rock intemporal e os fenómenos que ditam a nova lei musical do TikTok, Obama integrou a versão da música portuguesa que fez parte do filme “Pobres Criaturas” de Yorgos Lanthimos.

Obama viu-se obrigado a garantir que a escolha das canções era exclusivamente sua, já que alguns nomes, como Bad Bunny & Feid, levantaram dúvidas. Mas não será assim tão difícil imaginar Obama a escutar “Perro Negro” depois de alguns vídeos partilhados a dançar hits mundiais como a música sul-coreana “Gangnam Style”. Também está longe de ser improvável o ex-presidente dos EUA escutar um dos mais recentes fenómenos musicais, de Artemas – “i like the way you kiss me”. Ou, noutro caso, “Texas Hold ‘Em”, de Beyoncé, numa viagem de carro com Michelle Obama, com a janela aberta – uma das sensações que chegou a confessar sentir falta enquanto primeira-dama. Entre os temas-tendência e os clássicos, figura Carminho. «Neste quarto tão pequeno/Que eu pensava ser só meu Infiltra-se um tal veneno/Que é a solidão e eu/Juntos não somos um todo/É sufocante o vazio/E eu já nem sei de que modo/Foi invadido p’lo frio».

A preferência musical de Obama não é, contudo, a única que dá que falar. Em sentido inverso surge a relação de Donald Trump com a música. Se os artistas não conseguem esconder o privilégio no destaque que Obama lhes dá, já Trump fica com o acesso cada vez mais restrito ao Spotify. Céline Dion foi o nome mais recente a criticar o republicano pelo uso não autorizado da canção “My Heart Will Go On’” (da banda sonora de “Titanic”) num comício da sua campanha. Dion juntou-se a um lote extenso de artistas que já tinham tomado a mesma posição, desde Adele a Bruce Sprinsteen ou Aerosmith. E se não bastasse, nos últimos dias, Trump recorreu à Inteligência Artificial para usar uma falsa imagem de Taylor Swift a apoiá-lo. Fenómenos musicais e políticos melómanos…