Vinho. Produção abranda mas exportações continuam a acelerar

O aumento em volume das exportações não foi acompanhado por um crescimento no que diz respeito ao valor

A produção de vinho na campanha 2023/24 atingiu os 7,5 milhões de hectolitros, registando um aumento de 10% face à campanha anterior, indicam os dados provisórios da ViniPortugal. “Das 14 regiões, é de destacar o aumento, em volume, registado em praticamente todas as regiões do país, à exceção de Vinho Verde e Beira Interior. As demais regiões registaram aumentos de produção, à exceção da Madeira, que teve sensivelmente a mesma produção”, salienta a associação.

No entanto, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), Portugal não escapou à tendência mundial no que diz respeito à queda da área de produção. O organismo aponta para cerca de 182 mil hectares de vinha plantados, o que representa uma quebra de 5,8% face aos 193 mil hectares plantados no ano anterior. 

A OIV disse ainda que a produção mundial de vinho foi, no ano passado, a mais baixa desde 1961, tendo sido produzidos cerca de 237 milhões de hectolitros, menos 10% do que no ano anterior. A culpa é, em grande parte, dos eventos climáticos extremos e de doenças na vinha. 

Aposta externa

As exportações totais de vinho português subiram 1,25% em valor e 8,58% em volume nos primeiros seis meses do ano face a igual período do ano passado, o que representou um total de 452,4 milhões de euros e 171,5 milhões de litros, com um preço médio de 2,64 euros por litro, revelam os dados da ViniPortugal.

Mas a entidade deixa um alerta: “Apesar do aumento expressivo em volume, o mesmo não foi acompanhado por um crescimento proporcional no que toca ao valor. Este desequilíbrio resulta de uma diminuição do valor do preço médio em 6,52%, o que reflete a pressão dos stocks que se faz sentir no setor vitivinícola global”.

No que diz respeito aos mercados de exportação, aqueles que mais se destacam em valor foram a França (53,4 milhões de euros), seguindo-se os Estados Unidos da América (50,1 milhões de euros) e o Brasil (38,9 milhões de euros). Já no que concerne ao volume exportado, França mantém a posição de liderança (17,5 milhões de litros), em segundo lugar aparece Espanha (16,4 milhões de litros) e em terceiro Angola (15,3 milhões de litros).

“No 1.º semestre deste ano verificamos um crescimento exponencial no que toca ao volume das nossas exportações. Este crescimento é particularmente relevante numa altura em que o setor vitivinícola se depara com um excesso de stock nas adegas”, diz Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, acrescentando que “o aumento de 8,58% em volume demonstra a forte procura pelos nossos vinhos nos mercados internacionais, contribuindo para a sustentabilidade do setor”. 

Ainda assim, o responsável admite que Portugal continua a ter um desafio em relação ao preço médio, que reduziu em vez de aumentar, contrariando a sua expectativa. “No entanto, os números continuam a sublinhar a competitividade, a resiliência e a qualidade do vinho português no panorama global. Continuamos empenhados em promover os nossos vinhos e em encontrar soluções que maximizem o seu valor nos mercados internacionais”, sublinha.