Em defesa de Nuno Lopes contra os inquisidores

Uma ativista diz que o ator devia ser proibido de exercer a sua profissão.A cultura woke no seu melhor.

Nuno Lopes, um dos mais brilhantes atores portugueses, fez a sua carreira profissional muito baseada no cinema e em séries e raramente apareceu em telenovelas. Estudou em Nova Iorque em 2006, altura em que conheceu uma guionista que, 17 anos depois, descobriu que terá sido drogada e violada pelo ator. Para o efeito, apresentou queixa três dias antes de terminar o prazo que a Justiça americana deu para supostas vítimas de violência sexual o fazerem, isto em novembro de 2023! Altura em que, curiosamente, o ator brilhava em séries de Netflix e tinha vários contratos em carteira.

Segundo rezam as crónicas, os advogados da guionista, que agora se apresenta como não binária, terão proposto ao ator um acordo para a sua cliente não avançar com a queixa para tribunal. O ator sempre recusou qualquer acordo, alegando a sua inocência. De um momento para o outro, Nuno Lopes perdeu todos os contratos e aquilo que estava a ser uma carreira auspiciosa internacionalmente entrou por um buraco sem fundo.

Qual não foi a minha surpresa ao ler um texto de Paula Cosme Pinto, que se assume ativista pela igualdade de género, ao dizer-se indignada com a contratação do ator para fazer uma telenovela portuguesa. «O caso remonta a 2006, o ator garante ser inocente, a possibilidade de um acordo (procedimento bastante comum nos EUA) foi negada [pelo ator, acrescento eu] e o processo encontra-se em curso no Tribunal do Distrito Oriental de Nova Iorque. É a palavra de um contra o outro, como na larguíssima maioria dos casos de violência sexual. Quem diz a verdade? Não podemos saber, o julgamento ainda não foi concluído.

Contudo, trata-se de uma a acusação demasiado grave para tratarmos isto como se nada fosse e sujeitar, não estando a inocência deste homem provada, outras mulheres a serem potenciais vítimas do mesmo crime. Um crime que bem sabemos como ainda é normalizado e menosprezado na nossa sociedade, que está mais disposta a defender a honra e as vidas dos potenciais agressores, do que a acreditar e a dar a mãos às vítimas. Esta contratação, a ser verdade, é exemplo claro disso».

A ativista pela igualdade de género vai mais longe: «Alguém, desde a estação de televisão à produtora envolvida, perguntou às mulheres que vão trabalhar diretamente com um homem acusado de violação como é que se sentem com isso? E se sim, estas tiveram espaço real para poderem dizer que não se sentem confortáveis ou que têm medo? Se o fizessem, quem seria penalizado: ele ou elas? Alguém pensou que poderão estar a expor estas mulheres a uma situação de risco? Quem vale mais nesta equação?».

Aqui respondo eu, por acaso a ativista alguma vez pensou que o ator se cruzou ao longo de 17 anos com centenas de atrizes, guionistas, cabeleireiras e afins e que nenhuma se queixou do que quer que seja? Não acha a ativista que, de 2006 a 2023, o facto de não haver nenhuma queixa contra o brilhante ator justificava algum bom senso da sua parte, antes de querer ver o ator na ‘fogueira’?

É impressionante como se destrói a vida de uma pessoa com uma queixa de algo que aconteceu há 17 anos e não há provas nenhumas. Ou será que a guionista foi ao hospital e aí confirmaram que tinha sido violada? E a Polícia?_Nesse caso, não ia atrás do aprendiz de ator?