Rita Sá Machado. A jovem à frente da DGS que está no olho do furacão

Assumiu as rédeas da Direção-Geral de Saúde com 36 anos. Agora, com 37, vê-se a braços com a polémica em torno da campanha de menstruação. Com um vasto currículo na área de saúde é frequente ver o seu rosto em vídeos de informação no YouTube ou simplesmente a participar em corridas para promover um estilo…

Assumiu as rédeas da Direção-Geral de Saúde com 36 anos. Agora, com 37, vê-se a braços com a polémica em torno da campanha de menstruação. Com um vasto currículo na área de saúde é frequente ver o seu rosto em vídeos de informação no YouTube ou simplesmente a participar em corridas para promover um estilo de vida saudável.

Rita Sá Machado assumiu as rédeas de Diretora-Geral da Saúde em novembro, substituindo a carismática Graça Freitas. Trata-se da terceira mulher a assumir este cargo e abandonou a equipa de missão permanente de Portugal junto dos Organismos e Organizações Internacionais das Nações Unidas, em Genebra, para abraçar as novas funções. No entanto, menos de nove meses depois viu-se envolvida em polémica. Tudo por causa do questionário em torno da menstruação. Uma questão que parece ter caído que nem uma bomba, mas que vai ao encontro do que já tinha defendido. Em março deste ano chegou a admitir que era «impossível continuar o trabalho sem haver uma modernização das instituições de saúde».

A escolha foi feita pelo anterior ministro da Saúde, Manuel Pizarro, numa altura, em que a instituição estava a ser esvaziada de competências. E o seu currículo, agora com 37 anos, falava por si. Formou-se em Medicina de Viagem e Populações Móveis pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, tendo também um mestrado integrado em Medicina pela Nova Medical School e é mestre em Saúde Pública pela London School of Hygiene and Tropical Medicine. Possui ainda uma pós-graduação em Gestão na Saúde pela Católica Porto Business School e uma pós-graduação em Educação Médica pela Harvard Medical School.

Especialista em saúde pública, trabalhou como médica no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, exerceu funções na área da Saúde Pública da Direção-Geral da Saúde e ainda nas administrações regionais de Saúde do Norte e de Lisboa e Vale do Tejo. Em 2018 já tinha liderado o surto de sarampo, no Centro Hospitalar do Porto.

O mandato é longo – cinco anos – e a escolha do nome como foi feito à margem da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública, responsabiliza diretamente o ministro que a nomeou.

Mas dentro dos responsáveis do setor, as opiniões dividem-se entre os elogios em torno do perfil jovem e moderno e à falta de experiência neste tipo de cargos. É certo que, na altura, muitos apostavam fichas em relação à forma da sua atuação em torno da saúde pública, uma vez que, apontavam que seria uma abordagem diferente, mas também diversificada. Exemplo disso, são os vídeos em que a diretora da DGS aparece a falar sobre os mais variados temas, nomeadamente o VIH ou fotografias, onde se vê a participar em corridas, como a de São Silvestre, a promover um estilo de vida saudável.

A primeira polémica

A liderança de Rita Sá Machado esteve agora envolvida na sua primeira polémica. Em causa está a campanha lançada pela DGS ao usar o termo ‘Pessoas que menstruam’ que foi apoiado pelo Governo por considerar que se trata de uma «linguagem neutra do ponto de vista do género», mas que esteve longe de ser pacífico.

Um dos partidos que declarou ‘guerra’ foi o CDS que apresentou um requerimento na Assembleia da República por considerar que se trata de «uma proclamação polémica, a que o CDS não se associa e diz respeito a matéria não incluída no acordo de coligação celebrado com o PSD», ao ponto de questionar o Governo se «campanhas desta natureza devem usar fórmulas que não estimulem polémicas desnecessárias, evitando dividir a sociedade à volta de agendas sociais fraturantes»?.

Antes a JPP tinha feito um cartaz a dizer simplesmente «Diz-se mulher», referindo que «ser mulher não é simples, mas é escusado complicar o que é óbvio. Na Juventude Popular não temos dúvidas».

Também dentro do próprio PSD a questão levantou críticas. «Sucede que a mudança de linguagem deriva da ideologia defendida por alguns e não da ciência. Parece-me que uma entidade como a DGS, pelos seus propósitos e razão de existência, deveria ser a primeira entidade a usar a ciência como base para a sua atuação», questionou o deputado Bruno Vitorino.

Uma questão que causa estranheza junto da psicóloga Gabriela Moita, lembrando que o termo ‘pessoas que menstruam’ é usado em toda a documentação internacional e explica a razão: «Há muitas pessoas que menstruam e não se consideram mulheres» e acena com o facto de ser o termo que integra todas as pessoas.