Durante dois meses foi grande o frenesim junto dos adeptos com as anunciadas entradas e saídas de jogadores para a época 2024/25, mas, como sempre acontece, foram mais as “vozes do que as nozes”. O chamado mercado de verão abriu a 1 de julho, mas teve datas de fecho diferentes; nos principais campeonatos europeus encerrou na sexta-feira, em Portugal fechou apenas ontem.
Na pré-época, o Sporting tinha garantido o central Zeno Debast (ex-Anderlecht) por 15,5 milhões de euros e o guarda-redes Valdan Kovacevic (ex-Rakow) por 4,8 milhões. Nos últimos dias, voltou ao mercado para contratar o extremo esquerdo do Toluca Maxi Araújo por 13,6 milhões e, à hora de fecho desta edição, aguardava-se a confirmação da contratação do avançado Conrad Harder, por 19 milhões de euros – a contratação mais cara do futebol português esta época. Foi a forma de os campeões nacionais compensarem as saídas de Adán, Sebastián Coates, Paulinho, Issahaku Fatawu e Mateus Fernandes. Os leões faturaram 39,7 milhões de euros com a venda de jogadores, sendo que a este valor acrescem os empréstimos e a comissão do mecanismo de solidariedade FIFA pela transferência de Palhinha para o Bayern Munique, e gastaram 52,9 milhões em reforços. Feitas as contas, o Sporting foi, entre os três grandes, o único a apresentar um saldo negativo (de 13,2 milhões de euros) neste mercado, mas também foi o único que não perdeu jogadores nucleares, ao contrário do que aconteceu com Benfica e FC Porto.
O Benfica esteve muito dinâmico neste verão. Reforçou-se no começo da época com Leandro Barreiro, veio do Mainz a custo zero, Vangelis Pavlidis (ex-AZ Allmaar), por 18 milhões de euros, e Jan-Niklas Beste (Heidenheim), por nove milhões, e, sobre o fecho de mercado, nova ofensiva garantiu os empréstimos do médio Renato Sanches (PSG), do ponta de lança suíço Zeki Amdouni (Burnley) e do lateral direito Issa Kaboré (Manchester City). Os encarnados estiveram também muito ativos nas vendas. Nas últimas horas, venderam Marcos Leonardo ao Al Hilal por 40 milhões de euros – uma quantia que vem em boa hora para pagar a indemnização a Roger Schimdt. David Neres tinha pedido para sair e foi vendido ao Nápoles por 28 milhões de euros, Morato foi para o Nottingham Forest por 15 milhões e a saída de Paulo Bernardo para o Celtic deixou mais quatro milhões de euros nos cofres da Luz, só a saída de Rafa não teve compensação financeira. O Benfica fez vendas no valor de 146,9 milhões e gastou 41,5 milhões a reforçar o plantel, fechando o mercado de verão com um saldo positivo de 105,4 milhões de euros. Aquilo que os adeptos querem saber é se as contratações são verdadeiros reforços ou vieram para ficar no banco como aconteceu na triste época passada.
O FC Porto começou a temporada a perder jogadores como Pepe e Taremi, mas na última semana esteve muito dinâmico. Ganhou bom dinheiro com as vendas de Evanilson ao Bournemouth por 37 milhões de euros, de David Carmo ao Nottingham Forest por 11 milhões, recebeu sete milhões pelo empréstimo de Francisco Conceição à Juventus, mais dois milhões pela venda de Toni Martinez ao Alavés e um milhão pelo empréstimo de Fábio Cardoso ao Al Ain. Com dinheiro fresco em carteira, André Villas Boas foi para o mercado e recebeu por empréstimo do Arsenal Fábio Vieira, vai ser seguramente determinante na maneira da equipa jogar, comprou o ponta de lança do Atlético Madrid Samu Omorodion por 15 milhões de euros, o avançado do Hammarby Deniz Gül por 4,5 milhões e pagou 4,1 milhões pelo empréstimo do defesa central da Udinese Nehuén Pérez. Os azuis e brancos conseguem colmatar as saídas no início da época, mas não estão livres de perder uma peça fundamental como Galeno para o Al Ittihad a troco de 50 milhões de euros. Com a nova direção o dinheiro passou a ter outro valor e o FC Porto faturou neste verão 58 milhões de euros e gastou 23,6 milhões, ou seja, teve um saldo positivo de 34,4 milhões de euros.
Portugueses no top Importa salientar que no top 10 das transferências mais caras aparecem três portugueses. Por outro lado, não houve qualquer contratação acima de 100 milhões de euros, ao passo que no verão de 2023/24 foram feitos quatro negócios acima desse valor. Os clubes da Premier League continuam a dominar o mercado de transferências com 2,4 mil milhões de euros gastos em contratações e empréstimos nesta janela de transferência. Há um dado curioso, segundo o Transfermarkt, o campeão inglês Manchester City foi o clube que menos investiu, apenas 25 milhões de euros em seis jogadores, e que mais faturou, com 141 milhões de euros da venda de oito atletas. Em contrapartida, o Chelsea voltou a fazer o papel de novo milionário e gastou 238,5 milhões de euros em 30 jogadores e recebeu 175 milhões com a venda 23 de jogadores.
A principal transferência estava anunciada há mais de um ano. Kylian Mbappé trocou o PSG pelo Real Madrid a custo zero e vai ganhar um salário de 14 milhões de euros líquidos por ano, mais um bónus de assinatura de 100 milhões de euros. Podemos dizer que foi a transferência a custo zero mais cara da história do futebol. Essa foi a transferência mais mediática do verão, a mais cara foi do do avançado Julián Alvarez do Manchester City para o Atlético Madrid por 75 milhões de euros.
Os jovens futebolistas portugueses continuam no radar dos grandes clubes, o que explica as contrações de Pedro Neto e João Félix pelo Chelsea, de João Neves pelo PSG e de Palhinha pelo Bayern Munique por 51 milhões de euros. Destaque para a transferência do defesa João Cancelo (ex-Manchester City) para o Al Hilal por 25 milhões de euros, o Benfica recebe 700 mil euros referente ao mecanismo de solidariedade. O jogador vai reencontrar Jorge Jesus e tem um vencimento anual de 15 milhões de euros.
AS MAIORES TRANSFERÊNCIAS
Julián Álvarez (Atlético Madrid) 75
Dominic Solanke (Tottenham) 64,3
Leny Yoro (M. United) 62
Pedro Neto (Chelsea) 60
Moussa Diaby (Al-Ittihad) 60
João Neves (PSG) 59,9
Amadou Onana (Aston Villa) 59,4
Dani Olmo (Barcelona) 55
Michael Olise (Bayern Munique) 53
João Félix (Chelsea) 52
João Palhinha (Bayern Munique) 51
(em milhões de euros)