Novo diretor de Vale de Judeus começa funções a 23 de setembro

Novo diretor de Vale de Judeus já foi guarda prisional neste estabelecimento. Aos 50 anos, e com uma sólida carreira na área do Direito e da Segurança, exercerá agora um cargo temido por muitos após a fuga de cinco reclusos no início do mês.

O Governo anunciou esta quinta-feira em comunicado que “escolheu para Diretor do Estabelecimento Prisional (EP) de Vale de Judeus Carlos Moreira, jurista experiente na gestão e liderança de estabelecimentos prisionais”

Carlos Moreira, que inicia funções a 23 de setembro, tinha sido Guarda Prisional neste estabelecimento prisional e também no de Torres Novas. Mas recuemos no tempo para compreender melhor o percurso do homem que assume o comando desta prisão num momento conturbado.

Natural de Miranda do Douro, Carlos Duarte Fernandes Moreira, nascido a 21 de março de 1974, construiu uma carreira sólida na área do Direito e da Segurança. Com um mestrado em Direito e Segurança obtido em abril de 2016 na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Moreira também é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Autónoma de Lisboa, onde concluiu o curso em 2007/2008, e possui uma pós-graduação em Direito e Segurança, realizada em 2011.

Ocupava o cargo de diretor do Estabelecimento Prisional da Carregueira, onde estava desde 2022. Antes disso, fora diretor do Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz desde 1 de setembro de 2016. Exerceu, igualmente, funções enquanto diretor do Estabelecimento Prisional de Olhão, onde trabalhou a partir de 1 de outubro de 2014. A sua carreira na Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) é marcada por diversas responsabilidades, incluindo o cargo de chefe da Divisão de Vigilância, Segurança e Análise de Informação entre 1 de outubro de 2013 e 30 de setembro de 2013.

Moreira começou a sua trajetória profissional na DGRSP em 2011, atuando como técnico superior no Serviço de Auditoria e Inspeção. Anteriormente, trabalhou como jurista nos estabelecimentos prisionais de Linhó e Caxias, e antes disso, esteve envolvido na formação e gestão no Centro de Estudos e Formação Penitenciária.

A sua formação militar também é notável. Entre 1995 e 2000, serviu como sargento paraquedista, destacando-se como formador em diversas áreas, incluindo preparação militar e operações na Bósnia Herzegovina. 

Além das suas funções operacionais, Carlos Moreira tem sido um formador ativo, participando em seminários e cursos relacionados ao Código de Execução de Penas, regulamentação prisional e segurança nas instituições penitenciárias, contribuindo assim para o desenvolvimento e profissionalização do setor.

Importa lembrar que cinco reclusos fugiram de Alcoentre a 7 de setembro e a fuga não foi detetada de imediato. A situação revela graves falhas no sistema de segurança da prisão, incluindo a inatividade de sensores de movimento e alarmes, uma rede não eletrificada e a demolição das torres de vigia em 2018. Embora o sistema de videovigilância esteja em funcionamento, a monitorização é insuficiente, com apenas um segurança a vigiar 200 câmeras durante um turno de dez horas. 

Os cinco reclusos, descritos como “extremamente perigosos”, fugiram da prisão através de uma escada. Entre eles estão dois portugueses e três estrangeiros, sendo que dois dos fugitivos cumpriam penas de 25 anos. Fernando Ribeiro Ferreira, de 61 anos, está condenado por crimes como tráfico de estupefacientes, associação criminosa e rapto. Fábio Fernandes Loureiro, de 33 anos, também cumpre 25 anos por tráfico, extorsão e outros delitos. 

Rodolfo José Lohrmann, de 59 anos, cumpria 18 anos e 10 meses, e é considerado um dos criminosos mais procurados da Argentina, tendo estado detido em várias prisões antes de ser capturado em Portugal. Já Mark Cameron Roscaleer, britânico de 39 anos, cumpria uma pena de nove anos por sequestro e roubo, enquanto Shergili Farjiani, da Geórgia, de 40 anos, estava a cumprir sete anos por furto e falsificação