Pax Julia

Gosto imenso do Castelo, com a sua emblemática Torre de Menagem, onde se deram grandes batalhas para defender as fronteiras de Portugal.

Querida avó,

Gostei imenso da nossa ida a Beja. Foi muito bom participarmos nas Palavras Andarilhas e ver o carinho com que todos receberam a tua exposição, na Biblioteca Municipal de Beja, José Saramago.

Sempre achei curioso que Pax Julia, o nome da cidade de Beja, no tempo da dominação romana da Península Ibérica, ainda hoje seja reconhecido.

Gostei imenso de ter conhecido o Bagão Félix. Adorei participar na visita guiada ao Jardim Público de Beja, também conhecido como Jardim Gago Coutinho e Sacadura Cabral. A forma apaixonada com que Bagão Félix falou de cada árvore… deixou todos os participantes sensibilizados para a natureza que nos rodeia, e que é tão maltratada.

Como sabes, a minha mãe é uma apaixonada por plantas. Vou comprar o livro “Raízes de Vida” para oferecer-lhe no próximo Natal, (já falta tão pouco). 

Aproveitei o (pouco) tempo livre que tive para revisitar o centro de Beja. Gosto imenso do Castelo, com a sua emblemática Torre de Menagem, onde se deram grandes batalhas para defender as fronteiras de Portugal. O edifício onde está o Museu Regional de Beja – Museu Rainha D. Leonor é lindíssimo. Visitei também a Igreja da Misericórdia. O espaço foi projetado para ser um talho e o matadouro municipal, imagina.

A Igreja de Santa Maria da Feira, uma das igrejas mais antigas de Beja, é uma fusão de estilos entre muçulmano e o cristão. 

Beja é um livro de história que nos surpreende ao virar de cada esquina. Atravessei as Portas de Moura, e fui ao local onde era a Mouraria da cidade medieva. Visitei a Judiaria e o seu, habitual, entrelaçado de ruas. Conheces o Arco das Portas de Avis? As pedras deste, restaurado, arco foram descobertas a servir de banca de venda de peixe… Ao longo da história temos sabido implementar a politica dos 3R’s, que consiste nos atos de Reduzir, Reutilizar e Reciclar os resíduos produzidos.

Bjs

Querido neto,

Também gostei muito de ir a Beja. Sabes que para mim sair da Ericeira é um drama. Depois de estar nos locais gosto muito.      

Já nem sei há quantos anos não ia ao Alentejo. Obrigada por teres tornado tudo isto possível. 

Cada vez que vou a Beja recordo, com saudades, o meu amigo Zé Moedas, pai do Carlos Moedas. Foi um grande jornalista e um histórico comunista da terra. Faz-me muita falta.

Por falar pessoas que lutaram pela liberdade, é impossível passarmos em Baleizão sem recordarmos Catarina Eufémia. A trabalhadora agrícola portuguesa que, na sequência de uma greve de assalariadas rurais, foi assassinada com três tiros quase à queima-roupa, pelas costas, por um tenente da GNR.

Sabes, certamente, que Linda de Suza, (de quem falamos no nosso 1º livro) era natural de Beringel, uma freguesia junto de Beja.

Desconhecia a história de Mariana Alcoforado, a freira que se apaixonou por um Marquês, a quem escreveu 5 cartas de amor, e que estão traduzidas em várias línguas.

Gostei muito de ficar a saber mais sobre a vida e obra do escultor Jorge Vieira. A escultura Liberdade, que viste junto do Convento de São Francisco, tem um significado muito forte. As “garras” são raízes que dão vida a dois elos de uma corrente da luta pela democracia.

Podias convidar o Bagão Félix para fazer o prefácio do nosso próximo livro.

Já pensaste em levar a exposição do Ruy de Carvalho para o Teatro Pax Julia? Sabes que é o teatro com maior capacidade de acolhimento de público no Alentejo? Para mais, o Ruy é Embaixador do Alentejo…

Gosto muito da comida típica de Beja, como as Migas com Entrecosto, o Ensopado de Borrego, a Sopa de Beldroegas ou as Favas Guisadas.

Vim agarrada a um pão alentejano, uns enchidos e uns queijos que vou comer agora. És servido?

Vemo-nos mais logo na inauguração da minha exposição, em Loures.

Sexta-feira, 13, é um bom dia para abertura.

Bjs