Maria e Francisco. Os nomes mais escolhidos e os mais originais

Os tradicionais Maria e Francisco foram os nomes mais escolhidos nos últimos cinco anos. Mas há pais que preferem arriscar. Sibila, Deusa, Kévim, Joseberto, Messias e Horus são alguns dos nomes que podem surpreender.

O nosso nome pode ser “apenas um nome”. Podemos não o apreciar, não nos identificarmos. Podemos não compreender a escolha, ou por outro lado, podemos rever-nos nele e acharmos que nos assenta que nem “uma luva”. Em qualquer dos casos, a escolha é, quase sempre, um momento especial para os pais. Há quem opte por nomes mais comuns, quem o escolha como homenagem a um ente querido, alguém de quem se goste, inspirando-se na personagem de um livro, de um filme, do mundo da música, ou numa figura histórica. Esta também é, muitas vezes, uma oportunidade para os pais expressarem a sua criatividade conjunta, já que muitos optam por nomes menos vulgares. A diversidade cultural também desempenha aqui um papel fulcral, com pais a optarem por nomes de origem estrangeira com o objetivo de refletirem as suas raízes. E alguns podem-nos parecer bastante estranhos! Recorde-se que o registo de nascimento deve ser pedido nos primeiros 20 dias de vida do recém-nascido e, desde 2020, os pais podem fazê-lo sem sair de casa, através do portal online da Justiça.

Top 10 Segundo os últimos dados do Instituto dos Registos e Notariado (IRN) – divulgados em dezembro do ano passado -, pelo quinto ano consecutivo, os nomes “Maria” e “Francisco” voltaram a ser os mais escolhidos pelas famílias em Portugal. Até finais de novembro de 2023, nasceram 1832 “Franciscos”, seguidos por 1171 “Afonsos” e 1129 “Duartes”. Outros nomes masculinos populares incluem “Lourenço” (1118), “Tomás” (1061) e “João”, que acabou por perder terreno, passando para 6º lugar na lista. Entre as novidades do ano passado, está o nome Vicente (949), que chegou à lista dos dez primeiros nomes de rapazes mais populares. Santiago – que foi um nome bastante escolhido em anos anteriores -, acabou por sair da lista dos 10 mais escolhidos. Ao mesmo tempo, o nome Gabriel começou a ganhar mais peso. Miguel e Martim mantiveram-se no fim da lista.

Já em nomes femininos, no mesmo espaço temporal, nasceram 4675 “Marias”, um dos nomes mais antigos da História da Humanidade. Seguiram-se as “Alices” (1111) e “Leonores” (1090) que se mantiveram como o segundo e o terceiro nomes mais escolhidos para raparigas. Na lista dos dez nomes femininos favoritos seguem-se “Matilde”, “Benedita”, “Carolina” e “Beatriz”, com as mesmas posições do ano anterior. Já “Francisca” (654) e “Camila” (616) ganharam peso. No ano passado, houve menos “Margaridas” (600), o último lugar do top 10.

Composição do nome Vale lembrar que há regras rígidas sobre a composição do nome. Segundo o Diário da República, o nome só pode ser constituído por seis vocábulos, correspondendo dois ao nome próprio e quatro aos apelidos. Em segundo lugar, os nomes devem ser portugueses ou adaptados, gráfica e foneticamente, à língua portuguesa, “não devendo suscitar dúvidas sobre o sexo do registado”. Esta regra conhece, no entanto, algumas exceções, a saber, se o registado for estrangeiro, tiver nascido no estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da portuguesa ou se algum dos progenitores for estrangeiro ou tiver outra nacionalidade além da portuguesa, caso em que podem ser escolhidos nomes estrangeiros na sua grafia original. Em terceiro lugar, não pode dar-se o mesmo nome próprio a dois irmãos, salvo se algum deles já tiver falecido. Por último, os apelidos são escolhidos entre os que pertençam a ambos ou só a um dos pais do registando ou a cujo uso qualquer deles tenha direito, podendo, na sua falta, escolher-se um dos nomes por que sejam conhecidos.

Nomes menos comuns Se no top da lista de nomes escolhidos para os bebés estão nomes mais tradicionais, há também quem goste de nomes mais “arrojados” dos quais, muitas vezes, nunca ouvimos falar. Alguns exemplos são: Liv, Pia, Penka, Melania, Scarlett, Kimberly, Yohanna, Noa, Lua, Rosamar, Mariamar, Águeda, Afonsa, Sibila, Deusa e Felicidade. Na tabela das aprovações de nomes masculinos sobressaem, entre outros, Hur, Summer, Iker, Bruce, Justice, Umar, Efraim, Zidane, Dylan, Kévim, Tristão, Joseberto, Nemésio, Amândio, Messias, Príncipe, Ken e Ronaldo, Prashanna, Cédric, ou Horus.

Proibidos por lei Em 2019, escrevia o Nascer do SOL que há nomes que estão proibidos estritamente por lei para dar a um bebé, variando de país para país. Citando o Independent, alguns países usam os nomes de modo a preservar a cultura e a língua. Além disso, a religião também pode estar relacionada com essas proibições.

Em Portugal, por exemplo, Viking, Jimmy, Rihanna, Nirvana e Sayonara não são permitidos – existem exceções, como quando os bebés têm dupla nacionalidade, por exemplo. Em 2014, o Gulf News, um jornal do Dubai, escrevia que na Arábia Saudita há cerca de 50 nomes proibidos. Alice e Maya são dois dos exemplos. Abdul Nasser também está proibido por fazer lembrar o Presidente do Egipto, Gamal Abdul Nasser. Na Alemanha, Adolf Hitler está totalmente proibido, bem como Osama Bin Laden, ou qualquer nome que cause ofensa ou possa eventualmente ser motivo de troça e bullying.

Ainda na Alemanha e na Dinamarca, nomes que não sejam explicitamente masculinos ou femininos não podem ser escolhidos. Na Dinamarca estão disponíveis apenas sete mil nomes, numa espécie de catálogo. Ou seja, as pessoas têm de ver e escolher aqueles que constam na lista. Caso se queira optar por um nome fora das listas, tem que ser aprovado por dois órgãos de revisão. Em França, Príncipe William é proibido, tal como Strawberry, Nutella e Mini Cooper. Já Elvis, Metallica e Superman não são escolhas possíveis na Suécia. Rambo, Batman, Escroto e Herminone foram banidos do México. Na Noruega, usar os sobrenomes Hansen, Johnasen e Olden como nome próprio não está na lista de possibilidades. Na Islândia os nomes têm de respeitar a língua na sua totalidade, pelo que, nomes que contenham letras que o alfabeto islandês não inclui (C, Q, W) são proibidos. Na Malásia, nomes que se relacionem com a natureza são por norma uma ofensa. Já na Suíça, Mercedes e Chanel não são hipóteses. Ao contrário destes países, os EUA são conhecidos por ter uma grande diversidade de nomes e poucas restrições.

Recorde-se que também é possível mudar de nome em Portugal, quer por gosto, vontade de acrescentar apelidos ou retirar outros ou ainda por questões de identidade de género. Todas as alterações têm de ser justificadas junto do Instituto de Registos e Notariado (IRN). Em caso de casamento, divórcio ou adoção, basta entregar o requerimento e aguardar a conclusão do processo. Ou seja, são automáticos. Todos os outros passam pela aceitação por parte do IRN. O custo é de 200 euros, mas se for uma alteração de nome no âmbito de um processo de alteração de género, o processo é gratuito.