Em 2020, passámos por uma pandemia que matou imensas pessoas, colocou muitas em risco e alterou a nossa rotina diária. Nunca nos tinha passado pela cabeça passar por aqueles momentos difíceis, enclausurados em casa, na incerteza do que iria suceder.
Foram realmente tempos complicados, em que todos vivíamos uma circunstância semelhante, independentemente do extrato social, raça ou religião. A solidariedade cresceu e ficámos com a sensação que o mundo tinha, definitivamente, mudado, parecíamos todos amigos uns dos outros e unidos na luta contra o que nos atormentava, acreditámos que o lado menos mau da pandemia era o facto de ter contribuído para uma grande mudança de mentalidades e, sobretudo, da forma de estar e viver a vida.
Passados 4 anos, percebemos que afinal não ficámos todos amigos, nem o mundo mudou, exceto o mundo digital. As guerras continuam a martirizar a vida de imensa gente, o egoísmo continua a imperar, também percebemos que toda aquela onda de solidariedade se desfez e, acima de tudo, percebemos que o melhor de nós só surge nos momentos mais aflitivos e depressa se desvanece.
Mas há um facto novo, tanto mais incompreensível como preocupante, o grau de intolerância tem vindo a aumentar desmesuradamente. É verdade, nos últimos 4 anos as pessoas tornaram-se muito mais intolerantes, tornando a nossa vida em sociedade menos feliz e cada vez mais solitária.
As pessoas não param para pensar que a vida é uma passagem, muitas vezes demasiado rápida para nos aborrecermos por tudo e por nada, nem tão pouco pensam nos outros. Isso é notório no trânsito ou nos restaurantes em que a impaciência predomina sobre o bom senso, demasiadas vezes. O nosso ritmo de vida é, muitas vezes, alucinante e nem damos a devida atenção a quem está à nossa volta, se a isso somarmos o clima hostil que paira no ar, estão reunidos os ingredientes para desperdiçarmos o melhor que a vida tem para nos oferecer.
O caso de homicídios por razões insignificantes (nenhuma razão justifica um homicídio) também tem vindo a aumentar. Hoje em dia, mata-se por tudo e por nada, somos invadidos por notícias desse género diariamente, o que nos leva quase a desvalorizar tal é o hábito de as ouvir. Tantos outros exemplos podiam ser dados mas o importante é retermos a necessidade urgente de refletirmos sobre que tipo de vida queremos viver.
Toda esta intolerância de que padece a sociedade é sinal de que algo está muito mal e é um erro continuarmos a ignorar. Vivemos muito mais stressados o nosso dia a dia e menos felizes, em suma, vamos dando cabo de nós…