RDCongo. Quase um milhão  em fuga da violência

Conflito prolongado, direitos humanos violados e direito humanitário internacional negado afetam deslocados internos e refugiados.

Só no primeiro semestre de 2024, mais de 940 mil pessoas foram forçadas a fugir da violência na República Democrática do Congo (RD Congo). A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) alerta que «muitos dos que foram forçados a fugir foram deslocados várias vezes. O número de pessoas deslocadas internamente na RD Congo ascende atualmente a mais de 6,4 milhões de pessoas».

Segundo a agência da ONU, o conflito prolongado, as violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional estão a provocar um grande sofrimento aos congoleses deslocados internamente e aos refugiados desta nação. A RD Congo faz fronteira com Angola.

Três pessoas deslocadas foram mortas e outras 21 ficaram feridas num fogo cruzado quando o campo de deslocados de Lushagala, nos arredores de Goma, foi dilacerado pela violência. Só este ano, no Kivu do Norte, registaram-se cerca de 20 incidentes de segurança deste tipo.

A violência baseada no género é generalizada e a violência sexual está a ser sistematicamente utilizada pelas partes em conflito a uma escala sem precedentes.

Violação

De acordo com os dados recolhidos por organizações internacionais na RD Congo, só no Kivu do Norte a violência baseada no género foi relatada em números mais elevados no primeiro semestre deste ano – 27.328 – do que no mesmo período do ano passado (20.771). 63% desses casos são de violação.

As equipas do ACNUR observam cada vez mais mulheres e raparigas deslocadas a recorrer a mecanismos de sobrevivência como a prostituição e incursões perigosas em zonas de conflito em busca de alimentos e lenha.

A sobrelotação e o agravamento das condições sanitárias nos campos de deslocados suscitaram, nas últimas semanas, uma profunda preocupação entre os intervenientes humanitários quanto ao facto de as populações deslocadas poderem estar mais expostas a doenças.

O ACNUR está também a pedir apoio e financiamento adicionais à comunidade internacional.