Há um dado muito curioso na vida política em Portugal, e um pouco por toda a Europa, que é o facto de a extrema-esquerda quanto mais votos perde nas urnas, mais força ganha nas ruas. Como se o voto não fosse um ato democrático, o PCP e o BE associam-se a todas as manifestações, agora organizadas por coletivos, para fazer barulho. Se o PCP, diga-se em abono da verdade, não gosta de confusão, preferindo manifestações ruidosas, mas ordeiras, já o BE pela-se por um confronto, seja com as polícias ou com os trogloditas da extrema-direita.
Os comunistas têm o braço de rua chamado CGTP, que consegue arregimentar professores e médicos, por exemplo, enquanto o BE prefere andar no meio dos tais coletivos. A história dos sem-abrigo da igreja dos Anjos foi um bom exemplo disso. Não faço ideia de quem comprou as tendas dos migrantes que ali estavam, mas interessava à rapaziada extremista que não saíssem dali, até para mostrar como os ‘pobres’ são tratados pelos ricos. Acontece que os extremistas se esquecem que há muitos portugueses, e estou a falar de todos aqueles que têm a nacionalidade portuguesa – que não têm direito a casa por falta de dinheiro, e que ficam ofendidos com o facto de aqueles que vieram de fora, muitas vezes pelas mãos de mafiosos de tráfico humano, passem à sua frente no direito à habitação.
Carlos Moedas fez bem em tirar os sem-abrigo da Igreja dos Anjos, e, diz-se, havia portugueses no grupo, dando-lhes um teto, onde têm alguma dignidade. Se a medida é louvável, tem um perigo adjacente: as máfias de tráfico humano podem começar a vender a ideia que ninguém fica na rua, pois Portugal é um país acolhedor e não deixa ninguém a viver ao luar. Seria ótimo que fosse possível, mas não é._O mesmo se passou com as gémeas brasileiras que foram tratadas com o medicamento mais caro do mundo. Portugal tem dinheiro para receber todas as crianças que padecem do mesmo mal? Não, infelizmente. Por isso, é mais do que natural que se exija que a imigração seja controlada, até para sabermos quem podemos integrar na sociedade, sem causar problemas, até porque precisamos de muitos milhares de trabalhadores.
Ainda esta semana vi Tony_Blair falar sobre o problema, dizendo que só há uma forma de conter os avanços dos populismos na Europa: controlando a imigração. Qualquer pessoa minimamente informada, sem amarras políticas, sabe isso. A extrema-direita só cresce na Europa por causa da cegueira ideológica da extrema-esquerda, que só promove a miséria e odeia a riqueza.
Esta semana também vi coisas na imprensa que são bem reveladoras do sectarismo de alguns: fiquei a saber que a mulher e, pelos vistos, o marido, vítimas do triplo homicídio de Lisboa, eram brasileiros. Também li que houve um ataque a uma loja de indianos. Mas que raios. Só se diz a nacionalidade dos envolvidos quando são vítimas? Numa entrevista ao JN e à TSF, o novo comandante da PSP do Porto não teve dificuldades em falar de todos os tipos de criminalidade que ocorrem na cidade, não deixando de dizer que os migrantes, nalgumas situações, são vítimas, noutras são os agressores e que até estranhou o facto de, em muitos casos, recorrerem à violência sempre que as pessoas assaltadas resistem. Nada como ser transparente.
Foram muitos os que menorizaram o problema da imigração e por isso vemos como a extrema-direita tem subido em toda a Europa. Será que todas as pessoas que votam nessa rapaziada são fascistas? Ou será que estão fartos de contribuírem para o bem-estar dos outros, prejudicando o seu? E, repito: a Europa vai precisar de muitos milhões de migrantes, pois tornou-se num continente burguês que defende mais os direitos dos animaizinhos do que os das pessoas.
Telegramas
Tragam as colheres de pau
Esta semana li notícias que davam conta de que estudos científicos provam que as colheres de plástico usadas na cozinha contêm altos níveis de substâncias químicas tóxicas, podendo provocar o cancro. Espero que António Nunes, o antigo homem da ASAE, que perseguiu as colheres de madeira, tenha lido a notícia…
Lula ama Jesus
O Presidente brasileiro decidiu criar o ‘Dia Nacional da Pastora Evangélica e do Pastor Evangélico’. Razão (dizem as más línguas): como tem 69% de reprovação dos evangélicos, nada como dar um ‘brinde’.
Obras de arte no lixo
No Museu LAM, na Holanda, um técnico de elevadores que ia a passar pelo espaço da exposição, olhou para o chão e viu duas latas de cerveja. Como achou que algum dos visitantes se tinha esquecido, por descuido ou por má educação, das latas no chão, decidiu colocá-las no caixote do lixo. O problema é que as duas latas vazias eram obras de arte. E eu a pensar que já estive
perante tantas…