Penso que a maioria dos portugueses está como eu: farta de ouvir falar do Orçamento e das “estórias” rocambolescas que acompanham a sua discussão.
Fez bem o governo ao decidir colocar um ponto final nesta telenovela de segunda ordem.
Depois da proposta orçamental ser apresentada na AR “os jogos estão feitos”.
Quem quiser abrir uma crise política que o faça e, a seguir, o povo é soberano para julgar.
O que tem de ser tem muita força.
Enquanto socialista e militante do partido (com quotas em dia) sempre defendi que a vontade do povo é soberana.
Assim o PS devia garantir as condições mínimas para o actual governo mostrar o que vale.
E era o PS, porque é o PS o partido mais identificado com o sistema político.
Infelizmente não conseguiu interpretar este dever para com o país.
Com a agravante de, ao envolver-se numa negociação orçamental incompreensível, se ter comprometido (de uma forma ou outra) com o destino imediato do actual governo.
Um enorme erro estratégico.
A “abstenção violenta”, usada pelo PS de Seguro em 2011, era a “solução” e devia orientar o comportamento do grupo parlamentar do partido socialista.
Não o entendeu assim a actual direcção partidária que, de uma forma absolutamente incompreensível , foi incapaz de perceber e aceitar que se vive um novo ciclo político.
Optou consequentemente, por queimar etapas.
Seria mais prudente e edificante, fazer uma oposição fundamentada em verdadeiras convicções e não em proclamações de discutíveis convicções.
Entretanto era só preciso aguardar pelas próximas eleições (autárquicas e presidenciais) para actuar em conformidade com os resultados obtidos.
Este seria o comportamento correcto, mas a actual direcção do PS resolveu canibalizar os comportamentos anti sistema do partido da extrema direita.
Sabe-se agora que o GPPS só deverá anunciar o seu sentido de voto depois de realizado o próximo congresso do PSD.
Alguém compreende isto?
Perante a divisão evidente do PS é prudente continuar este espectáculo?
Ou estará o PS à espera que haja um milagre e o actual PM seja derrubado pelos seus companheiros?
Santa ignorância ou, melhor, enorme irresponsabilidade!
Quando elegeram o actual líder, os militantes “comprometeram-se”, objetivamente, com este modelo de falta de absoluto discernimento.
Agora só os militantes poderão corrigir a situação.
Pedro Nuno Santos é um líder impreparado mas é sobretudo um líder errático, incapaz de perceber o que são convicções e, sobretudo, incapaz de perceber, qual é o verdadeiro interesse do país neste momento.
Chama-se a isso falta de sentido de estado.
É uma especie de kamikaze que caminha sem ponderação para o suicidio.
O problema é que, com ele, pode arrastar todo o partido .
Benoit Hamon (o PNS francês) e a trajectória recente do PS em França estão aí para nos alertar.
A eleição para a PR de um político da área socialista que seja respeitado e reconhecido como moderado e esclarecido e dotado de bom senso, (Seguro? Beleza?) , talvez permita reverter a situação.
As candidaturas presidenciais são opções individuais dos cidadãos, que não devem ficar sujeitas aos caprichos dos dirigentes partidários.
Será esse o único caminho para regenerar a política portuguesa?
É pena, mas é capaz de ser assim.