Liderou o maior grupo empresarial da Índia durante duas décadas, não se limitando a gerir esse gigantesco império assente na produção de aço e de automóveis e ramificado por uma centena de países. No seu consulado deu passos arriscados, como a aquisição de dois ícones britânicos – a Tetley, a famosa marca de chás, e a Jaguar Land Rover, a famosa fábrica de carros. A maioria das suas apostas revelou-se certeira.
Ratan Tata veio ao mundo no seio de uma família zoroastriana, nos dias finais do ano de 1937, quando a cidade que o viu nascer ainda se chamava Bombaim (hoje Mumbai) e a Índia era governada pelos britânicos. Essa realidade mudaria cerca de dez anos depois, em 1947, quando Tata tinha nove anos. Aos dez, viu os seus pais separarem-se, e foi viver com uma avó. Estudou em colégios privados de Mumbai e depois numa escola de Shimla – a ‘capital de verão’ do Índia britânica –, vindo depois a concluir o ensino secundário longe de casa, num colégio de Nova Iorque. Foi também na grande metrópole norte-americana que se licenciou, na Universidade de Cornell, em Arquitetura.
Mas, em vez de desenhar e construir edifícios, estavam-lhe reservados outros planos: gerir, consolidar e catapultar para outra escala o grupo de empresas familiares. De regresso à Índia, assumiu um cargo de gestão na empresa. Em 1991, com a saída de J. R. D. Tata, seu tio, da posição de diretor executivo, Ratan assumiu a liderança do grupo Tata. Reorganizando – instituiu uma idade de reforma, exigiu que as subsidiárias prestassem contas à casa-mãe, apostou nos jovens talentosos – e expandindo os negócios, conseguiu, ao longo dos seus 21 anos à frente do grupo, que os lucros se multiplicassem por 50.
Foi sob a sua alçada que nasceu o Indica, o primeiro automóvel concebido e fabricado na Índia – que teve um enorme êxito comercial. Já o Nano, promovido como o carro mais barato do mundo, não teve tanto sucesso.
Quando Ratan deixou as rédeas do grupo, aos 75 anos, este – que entretanto fizera aquisições de grande mediatismo, como da Tetley, da Land Rover Jaguar e a metalúrgica Corus – estava avaliado em perto de 100 mil milhões de euros.
Ratan Tata nunca chegou a casar-se – embora tenha assumido que por quatro vezes esteve perto de o fazer – e não deixa descendência. No dia 7 de outubro deu entrada no Breach Candy Hospital em estado crítico devido a dificuldades respiratórias, tendo a sua morte sido declarada dois dias depois.