Orçamento de Estado para 2025

Francisco Assis referiu até que, em Portugal, o único partido que não é democrático é o Chega. Que os partidos da extrema-esquerda, PCP e BE, que não eram democráticos já tinham deixado de o ser.

Comecemos por França. A moção de censura, apresentada pela Nova Frente Popular, contra o governo do centro e da direita do Presidente Macron foi rejeitada com os votos contra dos dois partidos que apoiam o governo e a abstenção da extrema-direita do RN.

Não vi a comunicação social francesa atacar o Presidente Macron por ter beneficiado da votação da extrema-direita. Mas, em Portugal, a generalidade da comunicação social não aceita que o Orçamento do Estado para 2025 do governo AD possa ser viabilizado pelo Chega.

Francisco Assis referiu até que, em Portugal, o único partido que não é democrático é o Chega. Que os partidos da extrema-esquerda, PCP e BE, que não eram democráticos já tinham deixado de o ser.

Que o Chega é um partido populista, demagógico e radical não há qualquer dúvida. Agora, não me lembro do Chega defender o fascismo e querer acabar com o regime democrático.

Ainda me lembro de Francisco Assis ser contra a geringonça precisamente por esses partidos não serem democráticos e que o PS devia ser oposição por ter perdido as eleições legislativas. Ou seja, os acordos parlamentares que o PS fez com esses partidos, tornaram-nos democráticos!

Eu que estava na universidade, durante o PREC, lembro-me bem do que eles fizeram. Como não alteraram a sua matriz ideológica continuam a ser, aquilo que sempre foram, partidos não democráticos. O PCP continua a defender a ditadura do proletariado. Outra coisa diferente é aceitarem o regime democrático.

A Venezuela também vivia num regime democrático e Chaves/Maduro transformaram-no numa ditadura.

O PS conseguiu a proeza de ser aliado dos comunistas e bloquistas em Portugal e ser contra eles na União Europeia, mas para grande parte da comunicação social não havia problema. Era uma questão de convicções…

Os partidos da extrema-esquerda são contra a União Económica e Monetária, são contra o euro, são contra a NATO e votam, ao lado da extrema-direita, contra as grandes decisões da União Europeia apoiadas pelo centro-direita e pelo centro-esquerda.

Para alguns jornalistas e comentadores o Chega votar a favor de propostas apresentadas pelo PS na Assembleia da República, mesmo constituindo uma maioria negativa contra o governo, não há problema, mas votar a favor do Orçamento do Estado já há! Não faz sentido.

O não é não de Luís Montenegro era para um governo de coligação ou para um acordo parlamentar que não houve. Sempre disse que no Parlamento negociariam com todos os partidos.

Não pode haver dualidade de critérios. A generalidade da comunicação social portuguesa tem muita dificuldade em perceber isto!

André Ventura, na entrevista que deu à TVI, confirmou que o Chega não quis negociar o Orçamento do Estado para 2025, queria antes um acordo para a legislatura quando o primeiro-ministro Luís Montenegro já tinha dito que não estava em discussão.

André Ventura inventou a narrativa da proposta para um acordo de vir a participar no governo, nos próximos anos, com a viabilização do Orçamento do Estado para 2025, quando isso sempre foi recusado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro.

Vir agora Pedro Nuno Santos dizer que a direita em Portugal “não é de confiança”, colocando Luís Montenegro e André Ventura em pé de igualdade, só mostra que nunca deixou de ser radical. O Bloco de Esquerda não diria melhor!

Na disputa interna para a eleição do Secretário-Geral do PS sempre defendeu esta posição e que o PS devia ir para a oposição e não viabilizar o Orçamento do Estado do governo AD. Lembra-se do praticamente impossível. Foi José Luís Carneiro que defendeu entendimentos ao centro para viabilizar o Orçamento do Estado de quem ganhasse as eleições.

PNS nunca será primeiro-ministro. Vai perder várias eleições legislativas até o PS se convencer que tem de arranjar um líder moderado que volte a conquistar o centro. Vai acontecer o mesmo que a Jeremy Corbyn do Partido Trabalhista no Reino Unido.