Capital de Moçambique palco de manifestações

Por toda a cidade, ao longo do dia, houve ruas intransitáveis com pedras e pneus a arder, perante a constante passagem de polícias fortemente armados e carros blindados

A capital de Moçambique viveu esta segunda-feira horas de caos com a polícia a lançar gás lacrimogéneo e tiros para o ar. O objetivo era desmobilizar, em vários bairros, manifestações contra o duplo homicídio de apoiantes de Venâncio Mondlane.

Pelas 08h20 locais (menos uma hora em Lisboa) na avenida Joaquim Chissano, a polícia lançou as primeiras granadas de gás para dispersar dezenas de pessoas que se concentravam no local do homicídio de Elvino Dias e Paulo Guambe, apoiantes do candidato presidencial e membros do partido Podemos. O local era o ponto previsto para a saída de uma manifestação convocada para esta segunda-feira. 

Segundo relato da comunicação social, seguiram-se horas de caos, com blindados da Unidade de Intervenção Rápida a circularem nas ruas, lançando consecutivamente gás lacrimogéneo para qualquer aglomerado próximo do local.

A certo ponto os manifestantes cortaram a avenida, queimando pneus e atirando pedras à polícia e a qualquer viatura que cruzasse a via.

Depois, os aglomerados de manifestantes deslocaram-se para os bairros e subúrbios da zona central de Maputo entre várias nuvens de fumo negro, pneus queimados e pedras de todas as dimensões espalhados pelas ruas.  

“Estou aqui manifestando o meu repúdio contra o crime, contra a desigualdade desenfreada, contra o Governo corrupto, contra os assassinatos, contra a violação dos direitos humanos, contra a fome, contra a indigência”, explicou Zacarias Doce, um dos manifestantes que se refugiu nesses bairros, a cerca de 250 metros do local da concentração da manifestação .

Nas mãos empunhava a foto do advogado de Venâncio Mondlane, Elvino Dias, morto na sexta-feira a poucas centenas de metros de distância.

“Esta não é uma manifestação violenta como tal, é uma manifestação super pacífica. A polícia é que vem atacar as pessoas, a disparar gás lacrimogéneo entre as pessoas, mas as pessoas só estão a cantar, como pode sentir, a manifestar a sua indignação, nada mais”, garantiu, citado pela agência Lusa.

Noutro ponto da cidade, na zona do Xiquelene, junto à Praça dos Combatentes, à presença de dezenas de pessoas nas ruas seguiu-se uma nova intervenção da polícia. Por toda a cidade, ao longo do dia, houve ruas intransitáveis com pedras e pneus a arder, perante a constante passagem de polícias fortemente armados e carros blindados.