BE sonha acabar com a Polícia

O BE e o Chega deram um espetáculo deprimente sobre os casos de violência que surgiram depois da morte de um homem, às mãos da Polícia. Fizeram, cada um à sua maneira, um julgamento popular, em vez de contribuírem para um debate sério sobre a violência em bairros problemáticos

O que o Bloco de Esquerda e o Chega fizeram esta semana na Assembleia da República tem um nome: justiça popular. Se a extrema-esquerda decidiu concluir que a morte de Odair Moniz foi um ato racista, e que os protestos selvagens que se seguiram só podem ser apagados com justiça – calculo que queiram a pena de morte para o polícia que disparou os tiros fatais –, já o Chega colocou-se no campo oposto, tendo concluído que o homem assassinado é um bandido e que, calculo, só se perderam os tiros que não lhe acertaram. Fechando os olhos e só ouvindo os dois extremos, até podia pensar que estava a ver um filme sobre a Idade Média. 

OBE em nenhum momento admitiu que é lamentável o cenário de guerra criado por grupos de 20 ou 30 delinquentes que colocaram alguns bairros em estado de guerra, nem tão pouco acredita que o agente policial pode ter agido em legítima defesa. Isso não entra na narrativa da extrema-esquerda, que vive do caos. Já o Chega não admite que o polícia pode ter cometido um erro grave ao disparar sem necessidade. Esperemos pelo que concluirá o processo judicial. No bairro da Jamaica, há uns anos, a Justiça concluiu por algo completamente diferente  do que defendiam os extremos da política portuguesa.

O Bloco de Esquerda, como é sabido, detesta tanto a autoridade policial quanto o Chega simpatiza com cidadãos que vivem em bairros problemáticos. Como é sabido, nem todos são santos, como também nem todos são pecadores. Tudo isto é lamentável e perde-se desta forma a oportunidade de se discutir o tema da segurança de uma forma séria e construtiva. Mas tentemos: qual a razão para os polícias, principalmente nos bairros problemáticos, não usarem as famosas bodycams, que permitiriam que tudo tivesse sido filmado, gravando imagens e sons? Haveria tanta discussão estéril? Claro que não. Seria importante que se percebesse a razão de os polícias ainda não terem esse auxiliar precioso.

Outra questão pertinente é saber também a razão porque as forças de segurança não têm as armas taser, que imobilizam, na maioria dos casos, os infratores, assaltantes, bandidos, o que se quiser?

Mais um tema: nos bairros onde os delinquentes queimaram tudo o que puderam, além de terem ferido, com uma faca, dois incautos passageiros da Carris, além dos dois agentes que também ficaram feridos, haverá câmaras de vigilância? Ser polícia não é, seguramente, das profissões mais tranquilas do mundo, sendo, por isso, fundamental que o Governo tudo faça para lhes dar os meios necessários para desempenharem bem a sua profissão. Um chefe da PSP que passou, ainda como guarda, pela Damaia, dizia-me que ao fim de três anos os agentes já quase estão prontos para se reformarem. 

O desgaste de policiar bairros problemáticos, onde, apesar de tudo, a maioria da população é ordeira, mas onde minorias vivem do crime, é dos desafios mais difíceis que podemos imaginar. Claro que para o Bloco de Esquerda, que vê um racista em tudo que não use o famoso lenço palestiniano, as confusões criadas nos bairros periféricos são ouro para o seu discurso de ódio. Que, ainda por cima,  tem o seu braço armado no SOSRacismo, uma organização que só existe para falar mal de polícias e de todos os que defendam direitos e regalias iguais para todos. E que vê em cada branco, excluindo os do BE, alguém que deve permanentemente pedir desculpa por existir, por causa da escravatura, como se essa só tivesse surgido por volta dos Descobrimentos. Acredito que nesse aspeto até devem ser católicos, fanáticos, como é óbvio, e sonham com os brancos a caminharem para as Filipinas, na Páscoa, para se autoflagelarem.  Uma nota final para o PCP que se portou como um senhor na sala, repudiando, através de AntónioFilipe, todos os atos de violência, apelando à calma, e pedindo um julgamento isento para o agente detido.